quinta-feira, 26 de março de 2009

Informação é diferente de notícia

Os conceitos de informação e notícia são distintos entre si.

Veja só:

INFORMAÇÃO: vem do latim, informationis (o ato de delinear, limitar, conceber ideias). Ou seja, ao se conceber um fato, a sua propagação boca a boca nada mais é que um ato de informar, é a essência da informação.

NOTÍCIA: é um formato de divulgação de um acontecimento por meios jornalísticos. É a matéria-prima do Jornalismo, normalmente reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante que merece publicação numa mídia.

Explicando a diferença. Informação é como se fossem os ingredientes de uma determinada receita a ser produzida, mas ainda separados e em estado bruto, cru. E a notícia seria esta receita já pronta para ser servida.Porém, esta receita caindo em mãos erradas dificilmente dará num bom prato.

Os cozinheiros desta metáfora são os jornalistas. Os responsáveis em juntar as informações e transformá-las em notícia.

E como fazer para saber se uma determinada informação é passível de virar notícia? Os mais variados conceitos do jornalismo nos dizem que é preciso que uma informação seja de interesse público para que se transforme em notícia. A informação deve estar inclusa em um dos quatro pilares básicos de sustentação do jornalismo sério: tem que ser NOVA, tem que ser PRÓXIMA da realidade do interlocutor a que se quer atingir, tem que ter RELEVÂNCIA e tem que respeitar um certo TAMANHO de impactância, ou seja tanto o que for muito grande quanto o que for muito pequeno atrai a atenção do público.

Mas porquê eu digo isso? Porque parece que muitos dos nossos coleguinhas não sabem (ou fingem não saber disso). Ao dar relevância à vida particular de celebridades (em especial aos jogadores de futebol) como se fossem de interesse público.

Que importância pode ter para a sociedade se o Adriano (atacante da Inter de Milão) organizou uma festinha na última segunda-feira com presença de modelos e até um travesti? Qual a relevância de Ronaldo (o fenômeno) ter sido flagrado com uma lata de energético em uma boate paulista no seu período de folga?

Se houver um fato diferente daquele que eles exercem em campo, do tipo que envolva algum tipo de crime, por exemplo, aí sim deve-se dar total amplitude. É o tal interesse público, como já disse. Como, aliás, já aconteceu inúmeras vezes.

A imprensa precisa analisar melhor as informações que recebe. Precisa apurar melhor. Precisa peneirar o que é e o que não é relevante ao público. É muito chato ter que ler, ouvir, assistir à vida dos outros todo dia. Cansa, entedia. Porque, como foi explicado, informação e notícia não são a mesma coisa.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Esse é o Vascão que a galera gosta

Pedindo licença à grande madrinha do samba, Beth Carvalho, que gravou em 1990 uma singela homenagem ao seu Botafogo, é a torcida do Vasco quem está sentindo vontade de cantar "Esse é o Vasco que eu gosto/Esse é o Vasco que eu conheço"!

É impressionante o poder de regeneração dos gigantes do futebol brasileiro quando estes sofrem o drama do rebaixamento. Foi assim com o Botafogo, Palmeiras, Atlético-MG, Grêmio, Fluminense e o Corinthians, mais recentemente. E está sendo asim também com o Vasco.

A vitória sobre o maior rival, o Flamengo, comprova esta fase de ouro do Vascão. Vitória que não vinha há dois anos, ou 6 jogos. Após perder no primeiro jogo do ano para o Americano, por 2 a 0, choveram críticas e desconfiança sobre o trabalho da comissão técnica comandada pelo competente Dorival Júnior. Porém, o Vasco não perde uma partida desde aquela do dia 24 de janeiro. Dois meses sem derrota. A maior derrota da temporada até o momento, aconteceu fora de campo, com a perda de 6 pts. e a desclassificação precoce da Taça GB.

Mais do que a invencibilidade mantida, é louvável a atitude deste grupo de jogadores do Vasco. Dá gosto de ver a entrega e o comprometimento que os atletas vem demonstrando dentro de campo jogo após jogo. Comprometimento este que não se viu ainda neste ano do lado rubro-negro, como já foi dito aqui mesmo neste blog. Este grupo vem demonstrando porque um grupo coeso e unido é capaz (às vezes) de superar grupos mais técnicos e estrelares. Afinal, o futebol é um esporte coletivo.

E mais. Desde a saída do ex-deputado da presidência do clube, o Vasco vem recuperando uma imagem que sempre lhe foi característica até antes do início da fatídica Era Eurico. O de clube simpático e deveras querido pelas demais torcidas. Imagem que vem desde o início do clube, lá na década de 20, quando o Vasco foi o primeiro clube do Rio de Janeiro a admitir jogadores negros em seu plantel. Decisão que foi repudiada pelos dirigente do Campeonato Carioca na época e fez com que o Vasco fosse "obrigado" a possuir um estádio próprio e construir São Januário. Ironicamente até hoje é o único clube com estádio próprio, dentre os grandes, na cidade do Rio de Janeiro.

Voltando a falar dentro das quatro linhas. Se o grande teste do Vasco neste ano, antes da Série B, são os clássicos, afinal é uma oportunidade de enfrentar equipes que disputam a Série A, mais um ponto para a trupe de Dorival. Foram 3 jogos, com 2 vitórias e 1 empate. Nenhuma derrota. Para efeito de comparação: em 2008 foram 11 clássicos com apenas 1 vitória.

Podem me cobrar depois. O Vasco subirá com o pé nas costas e retornará ao local onde nunca deveria ter saído um dia: a elite do futebol brasileiro.


quarta-feira, 18 de março de 2009

Debi e Lóide...

A dupla que comanda a Fórmula 1 mais parecem Jim Carrey e Jeff Daniels no engraçadíssimo "Debi e Lóide", filme que contava a história de dois tapados que ficam milionários e não sabem o que fazer com o dinheiro. Personagens que devem ter sido inspirados nos não menos ricos Max Mosley - presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) - e Bernnie Ecclestone - detentor dos direitos comercias da Fórmula 1.


A decisão de mudar radicalmente o regulamento da categoria, às vésperas do início da temporada 2009, é de fazer inveja nos personagens de Carrey e Daniels. A partir deste ano o número de vitórias será o critério que decidirá o título. Ou seja, se um piloto vencer, nas 17 etapas desta temporada, 5 corridas e por ventura não conseguir pontuar nas demais, terá feuto apenas 50 pontos. Mas pode ser campeão, mesmo que outro piloto faça mais que 50 pontos, mas vença apenas 4 vezes. Trocando em miúdos: 1 vitória vale mais que 17 pódios (em 2º ou 3º lugar).

Vale lembrar que a medida só se aplica à disputa do título, permanecendo o sistema de pontuação antigo (10, 8, 6, 5, 4, 3, 2, 1) para a ordenação das demais posições.

A mudança, se adotada desde o início da F1, em 1950, mudaria nada menos que 12 campeonatos, sendo que Ayrton Senna, ao invés de tri seria tetra campeão mundial. Nelson piquet só seria campeão uma única vez. Emerson Fittipaldi manteria seus 2 títulos mundias. E Felipe Massa seria o campeão ano passado, quando perdeu o título para Lewis Hamilton por apenas um ponto, mas obteve mais vitórias ao longo da temporada.

A decisão desagradou quase que unanimente a todos que participam da Fórmula 1. De pilotos a engenheiros. De diretores de equipe a fiscais de prova. E desagradou por um motivo muito simples. A mudança no regulamento ataca um dos princípios básicos da desportividade: a regularidade. Na Fórmula 1 de 2009 os lampejos pesarão mais que a regularidade e a continuidade de bons resultados.

Sensação na temporada de testes, o experiente piloto brasileiro Rubens Barrichello, foi o único que deu uma opinião oficial. "Não gostei da regra. Logicamente a gente não gosta de ver um campeonato em que a pessoa chega em segundo 17 vezes e ganha um título. Mas quem faz mais pontos deveria ser o campeão. Se uma equipe ganhar seis provas no começo do ano, acaba o campeonato"



Ultimamente a dupla Mosley Ecclestone (ou seria Debi e Lóide?) tem mudado insistentemente o regulamentoda F1, tanto na parte técnica como na parte esportiva, com a famigerada justificativa de que aumentam a competitividade. Mas agora passaram de todos os limites. Correm o risco de estragar de vez seus brinquedinho favorito.

É conferir e torcer para que Debi e Lóide fiquem quietos ao longo da temporada.

sábado, 14 de março de 2009

Time sem alma...

O Flamengo que se viu no jogo deste sábado no Maracanã, empate em 1 a 1 com o Tigres do Brasil (lanterna do estadual) não tinha nada de Flamengo. Não tinha cara de Flamengo. Não tinha alma de Flamengo. Parecia um bando em campo, jogando contra a vontade num sábado nublado na cidade maravilhosa.

A apatia do rubro-negro pode até ser explicada pela inaceitável falta de decência da diretoria rubro-negra, que está em atraso de 2 meses com o salário de jogadores, comissão técnica e funcionários. Explicação que não me pega. Primeiro, não de hoje que este é um problema crônico dos clubes brasileiros (atraso de salário), principalmente as equipes do Rio. E nem sempre falta de vontade pode ser explicada por falta de dinheiro na conta, assim pura e simplismente.

Outro detalhe: o time de basquete do mesmo Flamengo, que venceu a Liga das Américas, o equivalente à uma Libertadores naquele esporte, está com 4 meses de salários atrasados. E quem pôde assistir à partida viu uma equipe aguerrida, lutadora, vencedora. Esta sim com cara e jeito de Flamengo.

A explicação para a falta de empenho, na minha visão, transcende à questão dos salários atrasados. Insisto, não é de hoje que isto acontece no Flamengo (não deveria acontecer, reconheço, mas acontece)

A falta de respeito à instituição e aos indivíduos que ajudaram em sua construção, por parte deste grupo de jogadores, salta aos olhos e causa até uma certa revolta. Vide o caso Bruno x Andrade. Um aspirante à alguma coisa peitando e enfretando um já consagrado ídolo dos rubro negros.

Falta de hierarquia. Outro fator que nos faz compreender esta situação. Não há qualquer consciência dos atletas do Flamengo de que existem pessoas que devem ser respeitadas e obedecidas. Isto é hierarquia. Em qualquer empresa é assim. Os chefes delegam funções a seus funcionários. E estes devem realizá-las. E não é nenhuma humilhação fazê-lo. Recentemente o lateral Juan se negou a realizar uma tarefa delegada pelo preparador físico Riva Carli. Não satisfeito ainda ofendeu o profissional da comissão técnica, que é seu superior na hierarquia, ou deveria ser.

Os jogadores tem todos os motivos para estarem insatisfeitos e desmotivados. Ninguém trabalha de graça. É justo reivindicar seus direitos e lutar para receber os seus honorários. Mas aqueles que não se sentirem com motivação suficiente para correr e se doar o máximo dentro de campo, devem pedir para sair (depois, claro, de acertar as contas).

O que não pode acontecer é esta apatia e este desinteresse pelo jogo, pelo esporte. É falta de respeito com a instituição Flamengo, é falta de respeito com os 35 milhões de torcedores que eles estão ali representando.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Quem é Bruno ??

A situação no Flamengo é muito grave. Tanto financeira como politicamente. Jogadores não recebem salários há dois meses. Funcionários e atletas de outras modalidades já não veem a cor do dinheiro há quatro meses. Para piorar o presidente Márcio Braga está licenciado do cargo, devido a problemas de saúde. E já declarou que não quer voltar ao cargo. Seu mandato se encerra no fim de 2009. Ou seja, o clima de sucessão já começou pelos lados da Gávea.

Todo este contexto aliado à uma eliminação inaceitável para o insignificante Resende na semifinal da Taça GB, quando a equipe parecia ter entregado o jogo, faz com que o clima na Gávea esteja cada vez mais pesado.

Durante o treino de ontem o goleiro Bruno, certamente de saco cheio de toda esta situação, acabou perdendo a linha e ofendendo o auxiliar técnico Andrade, um dos maiores ídolos da história do Flamengo. Bruno disse que Andrade, como treinador, não havia ganho nada. Isso após do auxiliar expulsá-lo do treinamento. Andrade teria dito, antes, que Bruno ainda não era ninguém.

Andrade disse à imprensa que Bruno não havia dito nenhuma mentira, afinal ele nunca venceu nada mesmo como treinador.

Ok. Andrade tem razão mesmo é quando disse que Bruno ainda não era ninguém. E não é. O que Bruno fez no futebol? Quantos jogos tem pela seleção? Já jogou na Europa? Quantos campeonatos brasileiros ganhou? Libertadores, Mundial? Já jogou Copa do Mundo?



Andrade, para quem não sabe, fez parte do maior time da história do Flamengo. Ao lado de Zico e Adílio compôs um dos maiores meios de campo da história do futebol mundial. Ganhou 5 títulos brasileiros (4 deles pelo Flamengo). Fez parte do elenco que venceu a Libertadores e o Mundial, em 1981. Além disso venceu outros 7 campeonatos estaduais.

Bruno, que tem tudo para se tornar um dos maiores goleiros da história do Flamengo, ainda só venceu dois campeonatos cariocas. E precisa aprender a ter mais respeito por quem ajudou a escrever a história de um dos clubes mais tradicionais do futebol mundial. É respeitando o passado que se constrói um bom futuro. Como disse Andrade, Bruno ainda não é ninguém.

Aliás, quem é Bruno ??

terça-feira, 10 de março de 2009

Fenômeno....

Definição para a palavra fenômeno encontrada no dicionário.

* tudo o que se observa na natureza; o que acontece e que se pode observar; fato ou acontecimento raro e espantoso.



O craque Ronaldo começou a ser chamado de fenômeno no auge de sua carreira, quando se transferiu, em 1997, do Barcelona (ESP) para o Internazionale (ITA) numa das transferências mais caras do futebol mundial na época. Era chamado assim pois, além de fazer gols e mais gols pela nova equipe, vencer duas vezes consecutivas o título de melhor do mundo da FIFA, ele ainda era um fenômeno de marketing. Contratos milionários pipocavam naquela altura. Enfim, Ronaldo justificava o título de Fenômeno.

Doze anos se passaram. Três lesões de joelho graves. Três Copas do Mundo no currículo, com um título e o recorde absoluto de gols em Copas, muitas confusões, desconfiança, polêmicas.

Como um torcedor do Flamengo, fiquei muito decepcionado com Ronaldo num primeiro momento, quando soube que o craque escolheu o Corinthians para sua volta ao futebol, em detrimento do Flamengo, que é seu clube de coração. Mas após pensar e analisar, cheguei à conclusão de que a culpa não fora de Ronaldo, mas este assunto não vem ao caso agora, talvez num outro post.

Ronaldo se lesionou pela terceira vez com gravidade na carreira, no dia 13 de fevereiro de 2008. A imensa maioria das pessoas dava o veredicto: "agora acabou". Eu não. Sempre acreditei. Sempre torci. Sempre soube que ele ia voltar com toda a força, como aconteceu da outra vez.

Ainda é cedo para dizer, mas o gol incrível marcado na última rodada contra o Palmeiras não me deixa nenhuma dúvida. Ronaldo voltará a nos encher de alegria de novo. Aquele gol não foi um gol do Corinthians. Aquele gol foi do Brasil, foi do futebol brasileiro, foi para quem gosta deste fascinantes esporte bretão.

Confesso que senti um nó na garganta com aquele gol. Fiquei emocionado sim, porque é muito gratificante presenciar mais um renascimento de Ronaldo. Nuca comemorei tanto um gol que não fosse do meu time. Como comemorei todos os 15 gols do fenômeno nas três Copas que ele jogou.

Há os que dizem que ainda há muito o que melhorar, tanto física quanto tecnicamente. Concordo. Não é porque fez um gol aos 47 minutos do segundo tempo contra o maior rival do Corinthians que Ronaldo já provou que voltou. Até porque ele não tem que provar mais nada para ninguém.

Os céticos dizem que ele jamais voltará a ser o fenômeno. Discordo. Porque ele nunca deixou de ser. Mesmo parado. Mesmo envolvido em confusões, polêmicas. Até porque os atos de Ronaldo, dentro e fora de campo, sempre mereceram o mesmo e amplo destaque na mídia internacional. Que jogador conseguiu isso na história do futebol.

É ou não é raro e espantoso ??