segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O Rádio jamais morrerá !

Desde que a TV chegou ao Brasil, lá na década de 50, surgiu a tese de que o Rádio acabaria. Não resistiria à força da TV, com sua vantagem de possuir a imagem do fato, contra apenas o áudio no Rádio. Aliás, dizia-se também que o Rádio sepultaria os jornais e revistas., quando de seu surgimento em 1922. Pois a TV está aí, cada vez mais forte, mesmo com o surgimento da internet. O Rádio mantém seu fiel público, assim como a mídia impressa.

O radialista André Ribeiro, que assim como este blogueiro possui uma incorrigível paixão pelo veículo, e esteve na última semana na faculdade FACHA falando aos alunos da pós graduação em "Jornalismo esportivo", vê com preocupação este embate entre TV e Rádio. "O sonho da TV é acabar com o Rádio. Eles acham que a gente suja a imagem deles", detonou Ribeiro.

Ribeiro, que já trabalhou nas Rádios Tupi e Manchete como setorista de Flamengo e Fluminense, agora comanda um ambicioso projeto da Rádio Tamoios, de Fortaleza (CE), que visa a angariar mercado no Rio de Janeiro. Com anos de experiência nesta mídia, o jornalista deliciou os alunos do também radialista Fábio Tubino com histórias de bastidor do famoso veículo. Como no dia em que o Fluminense derrotou o Flamengo na final do estadual de 95. "Eu estava sem condições psicológicas de continuar o meu trabalho. Um companheiro de outra rádio, tricolor, veio me zoar. Eu o mandei para aquele lugar, e fui embora para casa, ainda com o microfone e os fones no ouvido. Cheguei em casa com os fones ainda no ouvido", lembra Ribeiro, flamenguista incorrigível.

O jornalista também explanou sobre a difícil relação entre os repórteres e as assessorias de imprensa dos clubes e dos jogadores de futebol. "Esses caras não são assessores, são 'atrapalhadores da imprensa'. Eles só querem dificultar o nosso trabalho. Eu sou do tempo em que os repórteres iam para dentro dos vestiários, tinham uma relação pessoal com jogadores e dirigentes. Isso acabou", reclamou.

Voltando a falar sobre o veículo Rádio, Ribeiro demonstra pessismismo com relação ao futuro do radialismo. "A cada dia que passa, a TV tenta prejudicar mais o nosso trabalho. Eles se acham donos do evento, só porque pagam. Eles vão acabar com o rádio, este dia está cada vez mais próximo", lamentou.

O grande André Ribeiro que desculpe este humilde blogueiro, sem nenhuma experiência no veículo, mas vai me permitir uma discordância: o Rádio jamais acabará!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Intolerância

Esta semana o mundo comemora, aliviado, a queda do "Muro de Berlim", que durante quase 30 anos dividiu a capital alemã em duas: comunistas e capitalistas. Apesar de ser uma barreira física que envergonha o povo da Alemanha até hoje, o muro simbolizava a divisão do mundo durante a Guerra Fria. Sua queda, em 09/11/1989, representou a reunificação da Alemanha e o fim da Guerra Fria.

Pois bem, em plena semana que o mundo comemora os 20 anos do fim da divisão, o Brasil, na pessoa jurídica da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), na cidade de São Bernardo do Campo, comete um ato de intolerância inaceitável: uma aluna é expulsa da faculdade, por estar trajando um vestido "muito curto", o que contraria os "princípios éticos e morais" do estatuto da instituição. Conversa! Por acaso fumar maconha também contraria tais princípios? E colar durante as provas? Sim, porque tudo isso acontece nos espaços internos de qualquer faculdade brasileira, e é uma coisa notória, todo mundo sabe. Falo com a autoridade de quem foi estudante universitário por 4 anos.

Eu concordo com a tese de que cada pessoa deve ter discernimento e bom senso, ao sair de casa, para um ambiente de estudos. Acredito que o traje da aluna realmente não é o mais adequado para uma universidade. Mas este julgamento deve ser dela, e somente dela. É o livre-arbítrio, que aliás está garantido na Constituição Federal de 1988. Se a roupa é ou não adequada, é o indivíduo quem deve saber. A decisão da UNIBAN é arbitrária e inaceitável. Em pleno ano de 2009, 20 anos após a queda do Muro de Berlim.

Lamentável !!

Propaganda Ideológica no ENADE

Falando em arbitrariedade, lá vamos nós falar do governo Lula de novo. A última dos petistas foi praticar propaganda ideológica do governo, em pleno ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), prova que avalia cursos superiores e alunos por todo o país. Algumas perguntas induziam os alunos a concluir que a mídia só faz criticar o presidente Lula, como por exemplo, o episódio em que o presidente afirmava que a crise mundial era apenas uma "marolinha" (o que não era verdade) e a mídia, cumprindo o seu devido papel, criticou o chefe do executivo nacional. A questão dá razão à Lula ao dizer, no enunciado, que hoje a imprensa mundial lhe dá razão. Ou seja, ai do aluno que não concordasse com a tese de Lula, errava a questão.

Sem contar as questões que citam a campanha do governo a favor do uso consciente de sacolas plásticas e o enaltecimento de obras do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento. É mais uma tentativa desse governo de cercear as liberdades individuais. E desta vez é ainda pior: ao usar estudantes universitários, alguns ainda vulneráveis a este tipo de abordagem tendenciosa.

Deve ser por isso que Lula tem 80% de aprovação. Usando deste tipo de expediente, à lá Hugo Chavez !!

Qual será o próximo passo presidente?

domingo, 8 de novembro de 2009

O bom filho à casa torna

No dia 08/05/2009 fora escrito aqui neste espaço sobre o início da luta do Vasco para voltar à Série A, local, aliás, de onde jamais deveria ter saído. O texto explanava sobre a superioridade do clube da colina sobre os demais concorrentes, tanto no plano histórico, como no campo, com uma equipe muito superior às demais.




Mesmo assim, vale ressaltar a campanha do Vasco. A equipe não subiu ontem, quando derrotou o Juventude por 2 a 1 no Maracanã, em tarde de recorde de público. Até porque foi um dos piores jogos do clube nesta Série B. Mas o Vasco veio subindo a cada rodada, com vitórias convincentes, atuações marcantes. Com um grupo comprometido, a começar com o excelente treinador Dorival Júnior, o Vasco recupera o seu prestígio dentro da história do futebol brasileiro.




Não é preciso repetir os motivos que levaram o Vasco à Série B. Eles já foram amplamente divulgados e debatidos. Eu mesmo já escrevi o quão desastrosa fora a era Eurico Miranda no clube. Não apenas pela queda, que foi o desfecho fatal. Mas pelo fato de ter transformado o Vasco em um dos clubes mais antipatizados do Brasil. Logo o Vasco, clube pioneiro contra o preconceito, ao aceitar em seu elenco jogadores negros e pobres, em uma época que o esporte era exclusivamente praticado pela elite. O orgulho da colônia portuguesa, que teve seu ápice com a construção de São Januário, fora minada por Eurico ano a ano.
O Vascão está de volta!

Mas agora o pesadelo acabou. Roberto Dinamite devolveu ao Vasco sua aura simpática e querida. Maior ídolo da história do clube, Dinamite vem fazendo uma administração irretocável. Poucos citam isso, mas a contratação do dirigente Rodrigo Caetano, para comandar o futebol, foi decisiva para o acesso. Caetano, para quem não sabe, foi quem devolveu o Grêmio também à 1ª Divisão e o fez chegar até a final da Libertadores, dois anos depois.

O torcedor do Vasco deve comemorar, e muito, o título da Série B, que certamente irá para a sala de troféus de São Januário. Mas não pode esquecer, além dos motivos que levaram o clube à Série B, que o elenco está ainda aquém da grandeza do Vasco. Sim, porque na minha concepção, um clube deste tamanho, não pode brigar para não cair apenas, tampouco ficar perambulando numa parte mediana da tabela. O Vasco tem de disputar o título. Como gigante que é. E com este time, na minha visão, não dá. Há que reforçar a equipe para a Série A em 2010.
Rivalidades à parte, é bom ter o Vasco de volta à Série A. Lugar de clube grande é na elite. Com todo respeito à torcida de equipes de porte menor, é mil vezes mais interessante contar com um Vasco na 1ª Divisão, do que termos um Barueri ou um Santo André.

O Gigante da Colina, o Machão da Gama, voltou. Para a sua casa. Foi apenas passar uma temporada num spa, para se reciclar. E agora volta para casa. Seja bem-vindo Vascão !!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Clássico é clássico

Que o campeonato brasileiro de futebol, este ano, está espetacular, ninguém duvida. Que a disputa nas partes de cima e de baixo da tabela também está sensacional, também é um fato. Mas o que mais chama a atenção na edição de 2009, é o fato de gigantes do futebol brasileiro estarem pleiteando a taça de campeão. São Paulo, Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo, Internacional e Cruzeiro somam 20 títulos brasileiros. Dos 38 disputados até aqui.

O confronto deste domingo, entre Atlético-MG x Flamengo, evidencia esta tese. Ocupando a 3ª posição na tabela, o Galo recebe o Mengão, que tem 2 pontos a menos e fecha o G4 da competição. E mais. O duelo resgata uma antiga rivalidade, que vinha adormecida após anos em que os clubes passaram a dar mais tristezas que alegrias a suas torcidas.

Para os mais novos e alguns jogadores do Fla, que disseram não conhecer a história desse clássico: Flamengo e Atlético já jogaram 90 vezes, com 35 vitórias do rubro-negro, 27 empates e 28 vitórias dos mineiros. Foram 258 gols marcados até hoje. Atlético e Flamengo têm as melhores médias de público do campeonato deste ano. Quase 40 mil pessoas por jogo. E na história dos brasileiros, juntos lideraram as médias de público por 19 edições. Com certeza ao fim desse ano, esse número chegará a 20.

Mas este confronto não fica resumido à rigidez dos números. Quem não se lembra da memorável decisão do Brasileirão de 1980? Flamengo e Atlético chegaram ao Maracanã para a grande final com dois timaços. Zico, Adílio e Andrade de um lado. Reinaldo, Éder e Toninho Cerezo do outro. Era a base da seleção brasileira. O Atlético jogava por um empate, pois vencera no Mineirão a primeira partida, por 1 a 0. O Flamengo esteve na frente por duas ocasiões (mas o Galo empatara bravamente, com Reinaldo jogando no sacrifício). Porém ao fim da partida, Nunes marca um gol antológico e garante para o Fla seu primeiro troféu de campeão brasileiro. Diante de 155 mil pessoas no Maraca.

Zico: um dos grandes nomes da história do clássico.


E o que dizer da humilhante goleada imposta pelo Galo (6 a 1) em 2004, na cidade de Ipatinga? As duas equipes vinham mal na tabela de classificação, brigando contra o rebaixamento. O clima era tenso. E o Galo foi impiedoso: fez 2 a 0 no primeiro tempo e mais 4 no segundo. O Fla descontou com Jean. Alex Mineiro foi o nome do jogo, marcando 2 gols. Júnior Baiano fora expulso com 2 minutos de jogo. Após o jogo, na chegada ao Rio, atletas do Flamengo se envolveram em uma briga com os torcedores do clube.

A torcida do Galo lota o Mineirão. "Clássico das Multidões"

Momentos que marcam a trajetória deste grande clássico. Momentos que voltam à tona após anos, agora com novos atores. Adriano e Petkovic de um lado, Diego Tardelli e Ricardinho de outro. Nomes que dignificam a história do confronto. Será um jogo sensacional. Histórico, como já foram muitos outros.

Pelo fato de ser disputado no Mineirão e do Galo ter sido mais regular ao longo de todo o campeonato, acredito que o Galo parte com um leve favoritismo para o jogo do próximo domingo. Mas não me arrisco a fazer qualquer previsão. Mas uma coisa me arrisco a dizer: quem vencer, continua na briga pelo título, quem perder luta pelo G4.

Só não dá pra perder este jogaço.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O verdadeiro Garotinho

É um verdadeiro primor, para os que gostam do rádio esportivo, a biografia de José Carlos Araújo, o verdadeiro Garotinho, escrita brilhantemente por Rodrigo Taves. "Paixão pelo Rádio - Do milésimo de Pelé ao milésimo de Romário, a trajetória de José Carlos Araújo, o eterno Garotinho", esmuiça toda a maravilhosa carreira do homem que, para mim, é o maior locutor esportivo de todos os tempos.

O melhor do livro de Taves é o fato de não ser um mero release contando apenas as fases bonitas (que não foram poucas) da trajetória de José Carlos. Não, o livro relata também as polêmicas da carreira do locutor. Sua polêmica saída da Rádio Globo para a Rádio Nacional. Sua briga pelo registro da marca "Garotinho", com Anthony Matheus (o político Garotinho) e com o locutor paulista Osmar Santos, o escândalo que o fez ser demitido de "O Dia", acusado de participação em um escândalo na SUDERJ, a estatal que administra o Maracanã. Sua briga com o cartola Eurico Miranda, que o proibiu de entrar em São Januário, dentre outras.

O livro informa, mas também diverte. Taves nos brinda com curiosas histórias de apertos vividos por Garotinho, como o dia em que o locutor teve uma terrível crise de soluços no meio de uma transmissão, e foi socorrido por um médico que estava de plantão e ligou para dar uma receita infalível para quem passar por situação parecida: chupar gelo. Tiro e queda!

Dono de uma voz privilegiada, Garotinho beira a marca de 70 anos, mas com a mesma vitalidade do garoto que começara a carreira no longínquo ano de 1964, como repórter de campo, sob a chefia do mestre Waldir Amaral. Zé Carlos criou uma nova era no rádio esportivo, ao acelerar e modernizar a narração, adotando gírias e aproximando o público jovem de suas transmissões. Seus bordões podem ser ouvidos em qualquer canto do Brasil. Suas vinhetas marcaram época. Sua voz ecoa nos maiores estádios do mundo.

Garotinho é um ferrenho defensor do veículo rádio. Defende que ele jamais acabará, aconteça o que acontecer em nosso corrido e moderno mundo globalizado.

Zé Carlos está corretíssimo, aos 45 anos de carreira.

Que venham mais 45!

Valeuuu Garotinho !!!