sábado, 2 de março de 2013

Eu não vi Zico !

Meu pai trabalhou bem. Me fez admirador e adepto de tudo o que ele curte: mangueirense incorrigível no samba, rubro-negro soberbo no futebol. E eu só não me chamo Arthur porque a minha mãe (botafoguense) vetou de maneira veemente. Mas herdei a idolatria por Zico de uma maneira bem obediente. Entretanto, por uma questão sazonal, eu não tive o privilégio de ver o meu maior ídolo no futebol em uma única partida. Nasci em uma segunda-feira de novembro de 1984, dia seguinte de um Flamengo x Vasco (terminou empatado em 1 a 1), quando Zico já havia deixado o Flamengo para atuar na Udinese-ITA (ele retornaria ao rubro-negro para encerrar a carreira, em 1990).

Zico é o maior ídolo de um clube brasileiro em toda a história. Pelé não é tão idolatrado pelos santistas como o Galinho de Quintino é pelos rubro-negros. O exagero chega às raias da insanidade quando muito torcedor do Flamengo que eu conheço afirma que comemora duas datas para o Natal. O tradicional 24 de dezembro e o dia 3 de março, data de nascimento de Arthur Antunes Coimbra, que completa  neste domingo 60 anos de idade.
Zico jamais será igualado como ídolo maior do Flamengo!

Para me convencer a torcer pelo seu clube de coração, meu pai usou de tratamento de choque, já que não morávamos no Rio e ele não poderia ter a chance de me levar no Maracanã para ver o Flamengo (isso só foi acontecer em 1999, quando eu já tinha 15 anos de idade). Mas ele fez questão de me fixar três premissas na cabeça, qu eu sigo à risca até hoje: que a torcida do Flamengo é a mais incrível do mundo, que o rubro-negro é o maior clube de futebol do Brasil e que Zico foi muito mais que um craque dentro dos gramados, foi um mito que deve servir de exemplo a qualquer cidadão, seja ele rubro-negro ou não.

Eu costumo dizer que nasci na época errada e meus gostos não combinam com a maiorias das pessoas de minha geração. Como eu já disse, vim ao mundo quando Zico nem era mais jogador do Flamengo. Mas uma vantagem eu pude ter, pois a evolução da tecnologia me permitiu e me permite ainda nos dias de hoje me deliciar com os grandes momentos da carreira de Zico. Não é a mesma coisa, é claro. Mas uma espécie de prêmio de consolação.

Zico disse em uma entrevista, quando questionado sobre o pouco sucesso que fizera com a camisa da seleção brasileira, que não trocaria nenhum título que ganhou (e não foram poucos) pelo Flamengo pela Copa do Mundo, que os caprichos do futebol lhe tiraram. Pois eu digo que trocaria a minha maior emoção como torcedor do Flamengo (o título brasileiro de 2009, visto in loco em um Maracanã lotado) pelo prazer de ter visto ao menos uma vez uma partida de Zico no templo maior do futebol mundial, como meu pai tantas vezes tivera e me contara com o maior orgulho. Parabéns Galinho !