segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Fontes Virtuais

No jargão jornalístico dizemos que fonte são pessoas, instituições, etc; que prestam as informações a serem exploradas em matérias, reportagens, e outros mecanismos de divulgação de determinado assunto ou ideia. Dentro deste aspecto, as fontes oficiais são aquelas que respondem por determinadas instituições ou grupo maior de pessoas. Como os assessores de imprensa, ou diretores de uma determinada empresa, por exemplo. Temos também as fontes oficiosas, que fazem parte da estrutura da informação, mas não necessariamente são oficialmente representantes dos referidos acima. Podem ser secretárias, assessores de diretores, etc.

Com a modernização da internet, criou-se um canal virtual de comunicação, onde emails, twitters, orkuts, blogs e afins, são consideradas fontes oficiais ou oficiosas para se obter informações. É preciso, claro, ter muito cuidado com os chamados "fakes", que são perfis falsos criados por pessoas mal intencionadas e que divulgam informações inverídicas sobre de terminado assunto. Os "fakes" atingem, principalmente, as figuras conhecidas, como artistas, jornalistas, jogadores e treinadores de futebol, e os demais integrantes do show bizz.

O Twitter de Mano Menezes: 823.518 seguidores


A verdade é que, hoje em dia, é uma realidade a comunicação virtual e representa um passo atrás ignorá-la. Os céticos defendem a tese de que perdendo-se o contato face a face com a fonte a qualidade da informação fica prejudicada, pois é vendo a reação do entrevistado que se tem a exata noção do que ele realmente está querendo passar. Mas por outro lado, desde a criação das assessorias de imprensa e das entrevistas coletivas que este contato direto vem se perdendo. A não ser no caso de uma entrevista exclusiva, o que é muito raro nos dias de hoje.

Percebendo este momento, as maiores empresas e personalidades, criaram blogs e twitters para estabelecer mais um canal de comunicação com a sociedade. Para ficar em alguns exemplos de maior sucesso: o treinador do Corinthians, Mano Menezes, criou um perfil no twitter, onde divulga todas as informações a cerca de treinos, viagens e concentrações do clube. Virou fonte oficial para a imprensa, e é o tweet mais seguido do Brasil. A maior empresa do Brasil, a Petrobrás, criou um blog onde divulga respostas solicitadas por jornalistas de todo o país.

Fatos e Dados, o blog da Petrobrás: canal direto com jornalistas.

E a onda chegou ao Palácio do Planalto. A competente equipe de comunicação da SECOM, Secretaria de Comunicação Social da Presidência, resolveu também criar um blog, onde o presidente Lula informa realizações e projetos do governo federal. O blog foi inspirado no endereço que o presidente americano, Barack Obama, criou para interagir com seus eleitores, antes do pleito do ano passado.

A relação jornalista x fonte ganha mais um meio de se propagar. Sabendo usar, é claro que todos tem a ganhar. O jornalista ganha tempo, tão raro nos dias de hoje, e pode confiar na informação (desde que não caia em fakes) e a fonte ganha privacidade, pois também não precisa ficar se expondo ao dar uma informação, pois atualmente, são muitos os ávidos por notícias. A sociedade ganha, pois qualquer um pode ajudar no fluxo da comunicação, ferramenta primordial para a consolidação de uma sociedade democrática.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quando a corda arrebenta para o lado mais fraco

Há um ditado muito apropriado que diz: "sempre que há um problema, e várias pessoas envolvidas, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco". Taí um ditado que traduz fielmente a crise política, que abate o Brasil há um longo período. O último episódio foi a absolvição, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), do ex-ministro da fazenda, Antônio Palocci, e de seu assessor de imprensa, Marcelo Netto, no caso da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. A denúncia só foi aceita para o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que no caso, é o lado mais fraco da história.

Não que haja mocinhos e vilões na história (excetuando-se, claro, a vítima: Francenildo), mas a punição deveria ser aceita para os três envolvidos. Pallocci, por usar de tráfico de influência para intimidar um cidadão que cumpria seu dever de civismo; Netto, por fazer vazar na imprensa informações sigilosas de uma pessoa física em dia com suas obrigações perante a lei e o próprio Mattoso, por sucumbir ao capricho político de um ministro de estado, afinal uma instituição do tamanho da CEF (segundo maior banco estatal do país), na pessoa de seu presidente, deve resistir ao lobby de quem quer que seja, ou então passaremos a viver numa terra de ninguém.

Relembrando o caso Francenildo

Em 2006, ano eleitoral, Francenildo Santos Costa era caseiro de uma mansão em Brasília, onde, segundo ele, o então ministro da fazenda, Antônio Pallocci, realizava encontros com lobbistas, com a chamada "República de Ribeirão Preto", que era formada por ex-integrantes da equipe de Pallocci, quando este fora prefeito da cidade do interior paulista.

A CPI dos Bingos, à época investigando os escândalos de corrupção do governo Lula, resolveu convocar Francenildo para um depoimento oficial (o caseiro havia dado as declarações, primeiro, ao jornal Estado de São Paulo) e o caseiro reiterou sua versão, confirmando, inclusive, que festas e orgias com garotas de programa, ocorriam no local.

Após a denúncia de Francenildo na CPI, a revista Época divulgou o extrato bancário do caseiro, onde constava um depósito no valor de R$ 38.860,00. Correligionários de Pallocci sugeriram que o depósito fora fruto de uma armação para incriminar o então ministro. No mesmo dia a farsa foi desmontada. O caseiro apresentou recibos bancários e explicou que não recebeu R$ 38.860,00, mas 3 parcelas num total de R$ 24.990,00, de seu suposto pai biológico, um empresário do Piauí, como parte de um acordo para não entrar com um processo de paternidade. O empresário e a mãe do caseiro confirmaram a história.

Caseiro Francenildo: vítima de mais uma pizza.

O suposto envolvimento de Pallocci no caso de quebra de sigilo do caseiro, aliado ao vazamento dessas informações na imprensa, tornaram insustentável sua permanência no Minstério da Fazenda. Em 28/03/2006, Antônio Palloccci é demitido do cargo, e o governo perde um de seus principais articuladores políticos. Mesmo assim Lula é reeleito para mais um mandato, nas eleições de outubro.

Pallocci volta com força total


Desde o caso do caseiro, Pallocci sumiu da cena política. Com sua absolvição, por 5 votos a 4, ele deve voltar com força total para 2010. Alguns dizem que ele deve se lançar candidato ao governo de São Paulo. Outros petistas defendem atá sua candidatura à presidência, caso Dilma perca força após o caso Lina Vieira.

Palloci sorridente. Ele volta à cena politica.

O fato é que a cada dia um novo escândalo abate um integrante do PT. Desde que assumiu o governo, em 2003, o clã de Lula vem sofrendo seguidas baixas, seja por discrepância ideológica (digamos assim) ou por escândalos de corrupção. Logo o PT, que era tido por muitos, como o último dos moicanos, no quesito ética e decência.

E os pizzaiolos de Brasília continuam trabalhando a todo vapor. Desta vez escolheram um bode espiatório, o lado mais fraco da força, que recaiu sobre os ombros de Jorge Mattoso. "Pobre" Mattoso, "pobre" Lula, "pobre" PT. Pobre Brasil !!!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Série B é um bom negócio?

Desde que os grandes clubes brasileiros começaram a sofrer com os rebaixamentos, culpa da ingerência de nossos dirigentes, volta e meia uma indagação surge na mente dos amantes do esporte bretão, e até de quem trabalha no futebol: apesar do trauma de ter de disputar a Segunda Divisão, economicamente falando, a Série B pode ser considerada um bom negócio?

O último grande clube que vem enfrentando esta situação é o Vasco. Clube dos mais tradicionais do país, o Gigante da Colina, dentre outras conquistas, já venceu a Libertadores uma vez e o Brasileiro outras quatro vezes, além dos 18 títulos estaduais. Mas caiu ano passado e, assim como Palmeiras, Botafogo, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio, está na Série B.

O Vasco tem média de 18.321 torcedores por jogo (a maior da Série B). Ano passado, quando lutava contra o descenso, a equipe teve 13.726 pagantes por partida. Não é uma diferença tão grande assim. Mas se levarmos em conta o público pagante do último jogo do Vasco (a vitória por 4 a 0 sobre o Ipatinga, quando quase 90 mil estiveram no Maracanã) e o fato de que a direção do clube pretender realizar outros jogos no maior do mundo, este número tende a aumentar sensivelmente.

A média de arrecadação do Corinthians na Série B de 2008 foi de 475 mil reais por jogo, ou 9 milhões de reais no cômputo geral. O Flamengo, líder em renda na Série A de 2008, teve (por jogo) o ganho de 700 mil reais, o que representou 12,5 milhões de reais ao fim da temporada. Uma diferença de 50%. Muita coisa, se considerarmos os combalidos cofres dos clubes brasileiros.

Na atual temporada, até aqui, o Atlético-MG, lidera as estatísticas de público na Série A. São quase 40 mil atleticanos por jogo. Média de 543 mil reais por partida. E 5,4 milhões de reais pingaram, até aqui, nos cofres do Galo. O Vasco, até aqui, arrecadou pouco mais de 3 milhões de reais. 40% a menos.

Outro fato importante: as cotas de TV. O Vasco, assim como Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, teria direito (se disputasse a Série A) a 21 milhões de reais, pois está cotado pela TV como um dos clubes de mais força na briga pela audiência. Porém, só recebeu a metade deste valor (10,5 ,ilhões). Além disso angariou pouco mais de 7 milhões pelos jogos do Pay Per View (PPV). O que dá uma cifra de 17,6 milhões de reais.

Uma rápida conta. Estivesse o Vasco na Série A este ano, receberia da TV 28 milhões de reais. Some-se a isso os 4 milhões de reais ganhos pelo Vasco no ano passado, quando teve apenas a 11ª arrecadação do Brasileirão, e chegamos à soma de 32 milhões de reais. Na atual temporada, o Vasco recebeu 17,6 milhões de direitos de TV, mais os 3 milhões de renda dos jogos. Ou seja, até aqui são 20 milhões de reais. 37,5% a menos.

Quase 40% de arrecadação inferior ao que, potencialmente, o Vasco poderia ganhar, se não tivesse sido rebaixado. Me parece muito nítido que a campanha do clube e a euforia (justificada) dos torcedores, maquiam a realidade fria dos números: fora o prejuízo de imagem (um clube tradicional tem a sua imagem arranhada por um rebaixamento) a Série B não dá lucro coisa nenhuma. Dá sim, é prejuízo, e muito !!!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O lado bom da Internet

Há pouco mais de dez anos a internet faz parte da vida dos brasileiros. Apesar de pouco mais que 10% da população (segundo pesquisas) ter acesso, em casa, à rede mundial de computadores, o crescimento desenfreado das lan-houses pode aumentar consideravelmente esse percentual de acessibilidade. Criada para estreitar os laços entre a população mundial, a internet se transformou no maior fenômeno comunicacional da história da humanidade.

Por ser um veículo extremamente livre e acessível (por isso o sucesso em tão rápido tempo) a internet tem um lado ruim: a má fé e a criminalidade encontram nela o seu maior meio de propagação. Hackers, pedófilos, traficantes (de drogas e até de gente), golpes financeiros. Há um sem número de hipóteses que explicam a vulnerabilidade da segurança individual na internet.

Mas eu defendo a tese de que o lado bom supera, neste caso, os percalços. Afinal, falta de caráter e má fé é uma questão social e não tecnológica e comunicacional. Na minha visão a principal virtude da internet reside no fato da aproximação entre as pessoas. Aproximação que desconhece limites de distância. Hoje em dia podemos nos comunicar com quem quer que seja a milhares de quilômetros de distância.

Fenômeno dentre os internautas brasileiros, o site de relacionamentos Orkut criou uma rede de contatos ilimitada, seja ela textual, visual ou auditiva. Não há limites para a comunicação entre seus usuários.




















Neste sentido, a iniciativa de uma pessoa anônima chama a atenção pela proposta de unir (através de fotos antigas) o passado e o presente, e o sucesso veio na mesma velocidade com que é possível postar fotos no Orkut.

A proposta citada acima é bem simples: criou-se um perfil no site, sob o codinome Ubaense Ausente, com o objetivo único de relembrar o passado da cidade de Ubá (cidade do interior de MG com pouco menos que 100 mil habitantes, localizada a 300 km da capital, Belo Horizonte). A cada dia novas fotos são adicionadas e os usuários natos de Ubá (dentre eles, este blogueiro) passam a aguardar ansiosamente pela postagem de novas fotos. A aproximação chegou ao ponto de juntar as pessoas em torno de um encontro anual (denominado "Ubaense Ausente") que já vai para sua segunda edição, no próximo mês de setembro.

Como já citei, a pessoa (ou o grupo de pessoas) que teve (ou tiveram) a ideia não se identificou. O indivíduo que tem uma foto e deseja vê-la publicada no orkut deve enviar por recado para o perfil de Ubaense Ausente e a foto é publicada. E a cada nova postagem uma chuva de comentários entusiasmados e emocionados surgem rapidamente. Logicamente, a maioria parte de pessoas mais velhas, que naturalmente viveram e se lembram com nostalgia do exato momento da foto.

A cada nova foto postada vários comentários surgem rapidamente.


É assim, resgatando o passado e aproveitando a tecnologia para aproximar as pessoas que a internet pode (e deve) ser utilizada. Afinal, é preservando o passado que entendemos melhor o presente, e planejamos, sem traumas, o futuro.

sábado, 22 de agosto de 2009

Pela moralidade na folia carioca

Há 6 meses do próximo carnaval, a Prefeitura do Rio tomou uma decisão muito importante: resolveu abrir licitação aos interessados em explorar comercial e culturalmente os espaços do Sambódromo, palco maior da folia na cidade do Rio de Janeiro. Desde 1985, quando foi criada a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), era a mesma quem explorava exclusivamente tal evento.

Ao abrir a oportunidade para outros interessados partciparem, a prefeitura acerta duas vezes. Primeiro, porque deixa o processo mais transparente, pois teoricamente um processo de licitação envolve idoneidade, imparcialidade e impessoalidade, isto é, é uma etapa transparente. E o ponto mais importante: ao abrir concorrência privilegia a qualidade do serviço, afinal a qualidade do produto oferecido aliado ao bom preço são a máxima desse tipo de processo. E o folião, que é o consumidor do evento, só tem a ganhar. Além de assistir a um dos maiores espetáculos do mundo, poderá fazê-lo com mais conforto e qualidade nos serviços terceirizados, como alimentação, uso de banheiros, compra de ingressos, estacionamentos, acesso ao local do evento, etc.

Aproveitando a oportunidade, bem que a prefeitura podia licitar também a própria organização dos desfiles. Porque a LIESA o faz todo ano, sem nenhuma fiscalização? É bom lembrar que vários integrantes da Liga, bem como diretores de escolas de samba volta e meia são envolvidos em escândalos, como o mote principal de jogo ilegal de caça-níqueis. É só reforçar a memória e voltarmos ao ano de 2007, quando a operação da Polícia Federal, intitulada Hurricane, levou para a cadeia o então presidente da LIESA (Aírton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães) e o presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, Aníz de Abrahão David, o Anísio. Fatos que por si só colocaram em cheque o resultado daquele ano, quando a Beija ficou com o campeonato.

Como podemos garantir a idoneidade do processo, se a LIESA é soberana e autônoma no julgamento do carnaval? Devemos confiar cegamente na boa fé dos comandantes do carnaval carioca, envolvidos com a máfia do jogo ilegal?

Ao abrir um processo de licitação, também para o julgamento e organização dos desfiles, a Prefeitura do Rio poderia resolver toda a questão de uma vez só. É claro que a LIESA poderia participar do processo, como poderá fazê-lo na licitação de exploração do Sambódromo no próximo carnaval.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

2010 é logo ali !!

Falta mais de um ano ainda para as eleições presidenciais do ano que vem. Mas parece que o pleito já é semana que vem. As principais notícias da política já giram em torno das farpas entre os possíveis candidatos. Somente hoje, ao abrir o jornal já me deparei com três informações que tem como carro-chefe a eleição do próximo ano.

A principal delas diz respeito à guerra de farpas entre governo e oposição, já de olho no voto do próximo ano. Após a baixaria das últimas semanas, em que Collor, Renan Calheiros e Pedro Simon foram protagonistas de uma cena deplorável, desta vez os "elegantes" Serra e Mercadante partiram para o enfrentamento. Tudo porque Tasso Jereissati (ele de novo) acusou Dilma de ter falsificado seu currículo, adicionando informações mentirosas. Para defender a colega, Mercadante disse que Serra também havia utilizado o mesmo expediente. No que o governador de São Paulo respondeu dizendo que Mercadante era um mitômano (que quer dizer mentiroso constante). Tudo com um intuito muito claro: antecipar o debate eleitoral.



Mais escrachado ainda aconteceu no âmbito regional. Foi na Baixada Fluminense, ontem, durante visita do presidente Lula às obras do PAC, em Nova Iguaçu. Sérgio Cabral e Lindberg Farias, virtuais candidatos ao governo do Rio, ficaram bajulando o chefe do executivo nacional, como modelos em início de carreira que buscam a primeira chance numa grande agência. Lindberg ainda cometeu a indelicadeza de sentar-se ao lado do presidente, tão logo o Ministro das Cidades, Márcio Fortes, deixou sua cadeira para discursar. E Cabral passou a solenidade toda dando indiretas no concorrente. Detalhe: ambos foram vaiados pelos presentes, e Lula tentou minimizar.

Cabral, Lula e Lindberg. Clima de constrangimento em Nova Iguaçu.

Por fim, a também virtual candidata, Marina Silva, comunicou oficialmente seu desligamento do PT, com o claro intuito de concorrer à presidência por outra legenda (deve ser o PV), afinal o PT só tem olhos para Dilma.

Marina, agora ex-petista: Estudando proposta do PV.

Além de Marina e Dilma, são potenciais candidatos Serra e Aécio Neves (o bicho vai pegar no PSDB) e Ciro Gomes. Oficialmente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só libera a propaganda partidária a partir de junho de 2010. Mas quem disse que os políticos vão esperar até lá? 2010 já começou...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O melancólico futebol carioca

Terminado o primeiro turno do Brasileirão uma triste constatação pode ser feita: o futebol do Rio de Janeiro teve o seu pior desempenho na era do Brasileiro de pontos corridos, vigente desde 2003. Fosse um clube, o futebol do Rio, ocuparia apenas a 16ª posição na tabela. Ou seja, estaria na briga contra o rebaixamento.

Como estão dois de seus três clubes que disputam a divisão principal (o Vasco está na Série B). O Botafogo ocupa a 15ª colocação na tabela, com 20 pontos, a apenas 2 da zona da degola. A situação do Flu é a mais caótica: vice-lanterna, com apenas 15 pontos, o tricolor necessita vencer 10 dos próximos 19 jogos que tem a disputar se quiser escapar da queda. Tem de obter mais de 50% de aproveitamento destes jogos. No momento o aproveitamento do Flu é de apenas 26%. Isto é, o time de Renato gaúcho precisa dobrar seu desempenho. Dobrar !!

Situação mais tranquila vive o Flamengo, se formos considerar a luta pela permanência na Série A. O rubro-negro é o 10º colocado. Pior posição desde 2006. Nos últimos dois anos o Fla brigou por vaga no G4. esse ano, no momento, está a 6 pontos desta região. Ainda é possível chegar lá. Mas falta elenco e desempenho para tanto.

A verdade é que o modelo de pontos corridos é um tiro no pé dos clubes cariocas. Por Quê? Ora, porque tal modelo de competição exige planejamento, estrutura, visão mercadológica, etc. Tudo que os clubes cariocas não tem. Qual clube do Rio possui um Centro de Treinamento? Nenhum. Apenas o Vasco possui um estádio próprio. Estádio esse que não comporta mais o tamanho de sua torcida. O Engenhão está "alugado" para o Botafogo. Mas a propriedade é da Prefeitura do Rio. A dupla Fla Flu utiliza o Maracanã, que é do Governo do Rio.

Desde 2003, o Brasileiro já teve 267 rodadas, contando as 19 desta edição. Desde então os clubes do Rio estiveram em 27 vezes na liderança. Isso representa 10% do total. É muito pouco para um futebol tradicional como o carioca. Apesar de ter demonstrado uma pequena reação em 2007 (quando o Botafogo liderou o campeonato por 11 rodadas e no final o Flamengo chegopu à Libertadores ao terminar na 3ª posição) e em 2008 (quando o Fla liderou por 10 rodadas, mas acabou fora do G4 no final). Este ano em nenhum momento tivemos um clube do Rio sequer no G4. O mais perto disso foi a 6ª posição do Fla a algumas rodadas atrás.

O torcedor carioca merece muito mais do que os seus clubes apresentam em campo. Tradicionalmente conhecido por comparecer nos jogos, o público do Rio vem amargando, nos últimos anos, campanhas pífias de seus quatro clubes. O último título brasileiro de um clube da cidade foi há 9 anos: a conquista da Copa JH pelo Vasco, em 2000. De lá pra cá, O Botafogo (em 2002) e o Vasco (em 2008) foram rebaixados. Além disso, a dupla Fla Flu já brigou insistentemente contra a queda ao longo deste tempo.

Repito a tese. Enquanto os clubes do Rio não se profissionalizarem, não investirem em estrutura, não colocarem a questão técnica acima da política, irão envergonhar a sua torcida. É uma pena, pois dos 20 maiores públicos da história do Campeonato Brasileiro, nada menos que 15 desses públicos foram no Maracanã. O torcedor carioca merece mais. Muito mais!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A noite consagradora da grande dama do samba

Uma noite histórica! Assim pode ser definida a apresentação de Dona Ivonne Lara, a dama do samba, no Canecão. No auge de seus 86 anos de idade, e mais de 40 de carreira, finalmente a rainha do Império Serrano gravou seu primeiro DVD.

A casa de espetáculos situada no bairro de Botafogo, estava absolutamente lotada. Quando eram 20h46 a banda atacou e Dona Ivonne, deslumbrante, começou entoando o lendário samba "Tiê". Como todo DVD tributo que se preze o evento contou com a participação de nomes de peso da MPB. A começar pela presença dos baianos Caetano Veloso (que cantou o samba "Força da Imaginação", co-autoria sua e de Ivonne Lara) e Gilberto Gil (que acompanhou a dama em "Samba de Roda para Salvador"). Os bons baianos cantaram juntos também o clássico "Alguém me avisou", eternizado nas vozes de Gal Costa e Maria Bethânia, e que foi composto pela homenageada da noite.

Jorge Aragão, grande parceiro em composições da Ivonne Lara, também participou. Os dois cantaram "Enredo do meu samba", composição sua e da imperiana. Um dos grandes momentos do show foi a presença dos partideiros Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz. Para não perder o costume eles improvisaram versos em suas participações. Arlindo ainda cantou o samba "Canto da Rainha" de autoria sua e do parceiro Sombrinha, onde enaltece a figura de Dona Ivonne.


A cantora que mais gravou músicas de Ivonne, Beth Carvalho, não podia faltar. As duas cantaram o clássico "Sonho Meu", e emocionaram a plateia do Canecão. Mas sem dúvida o grande momento da noite foi guardado para final. A entrada apoteótica da Velha Guarda do Império Serrano, para cantar "Os cincos bailes da história do Rio", antológico samba-enredo (composto por ela e Silas de oliveira), foi inesquecível. A plateia foi ao delírio e cantou junto com os baluartes.

Plateia, aliás. que estava recheada de nomes ilustres, como Sérgio Cabral (o pai), Wilson Moreira, Dudu Nobre, Teresa Cristina, Júnior (ex-craque do Flamengo), Fabiana Carla (atriz do Zorra Total), dentre outros.

Ivonne foi aplaudida de pé ao fim do espetáculo. Uma noite de gala, como uma grande dama merece.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Guerra se acirra

Desde que foi flagrado, em 1995, chutando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, o bispo Edir Macedo, dono da Record vem travando uma guerra com um inimigo particular e poderoso: a Rede Globo. Na época, a emissora carioca bateu forte no empresário (fundador da Igreja Universal) divulgando amplamente não somente as imagens da "agressão" à santa, mas também os ensinamentos de Macedo a um outro bispo de como fazer para arrancar dinheiro de fiéis.

Desde então a Record ascendeu do mísero quinto lugar no ranking de audiência (atrás de nomes como Band, SBT e RedeTV) para o segundo posto, com forte ameaça ao poderio global. Tanto que a emissora paulista vem, vez ou outra, derrotando a Globo em algumas faixas de horário. No último domingo (09/08) o reallity show, "A Fazenda" derrotou o reallity global, "No Limite", por 21 pontos a 13, enquanto os dois estiveram no ar, ao mesmo tempo, das 23h10 às 00h15.

A estratégia usada pela Record para vencer a guerra é bem simples. Adotar o "padrão Globo de qualidade". A cópia salta aos olhos pela semelhança. De novelas a programas jornalísticos, a Record copia os programas da Globo. E não é só a programação. As principais estrelas da emissora de Macedo são ex-globais. Até um "Projac" a Record criou. O Recnov, como é chamado, fica no bairro de Vargem Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e foi comprado do humorista Renato Aragão.
Capa de Veja no ano de 2007, já demontrava a batalha entre Globo e Record.

Além da audiência, a Record já tirou da Globo a exclusividade das transmissões das Olimpíadas de 2012, em Londres, e vem incessantemente tentando comprar os direitos do Campeonato Brasileiro da CBF (dizem que financeiramente as propostas da Record foram melhores) e até a Fórmula 1, tradicionalmente transmitida pela Globo, a patota de Macedo vem tentando tirar do domínio da família Marinho.

A resposta da Globo vem por intermédio de seus poderosos veículos de jornalismo. Hoje, o jornal O Globo veiculou reportagem de página inteira, onde acusa Edir Macedo de lavagem de dinheiro e de usar empresas fantasmas na compra de emissoras de TV, afim de aumentar a rede de afiliadas da Record. E mais: promete para hoje à noite, no JN, uma reportagem ainda mais completa sobre o caso.

Globo e Record travam há pelo menos 5 anos uma guerra pela audiência na Tv brasileira. Desde que a emissora paulista garantiu o segundo lugar. É uma batalha que envolve muito mais que a primeira posição no ranking, dominado pela Globo desde sua fundação, em 1965. Envolve dinheiro, muito dinheiro. Não há mocinhos nesta trama. Há um jogo de influências na luta pelo poder. E pelo poder, vale tudo!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mais uma pizza sai do forno


É assustadora a produtividade dos pizzaiolos do governo brasileiro. Digna de fazer frente às maiores pizzarias da cidade de São Paulo, que já perdeu o posto de capital da pizza para Brasília. O arquivamento de quatro processos contra o presidente do Senado Federal, José Sarney, envergonha e revolta a sociedade brasileira.

É incrível como os escândalos se avolumam no Congresso, com a mesma volúpia que os telefones das pizzarias da capital paulista recebem chamadas de entregas. Mais assustador é ver a famigerada tropa de choque de Sarney (chefiada pelos escroques Collor e Renan Calheiros) ameaça e apavora quem quer resgatar a ética e a moral dentro do parlamento.

Não que o senador (também peemedebista) Pedro Simon seja o arauto da ética e da moral, aliás muito pelo contrário. Mas foi algo de patético ver Fernando Collor, com "ódio nos olhos", segundo o próprio Simon, partir para a defesa do ex-presidente e atual comandante do Senado. Os políticos brasileiros estão dispostos a tudo para manter o poder.

Recentemente o líder do governo no Senado, Aluízio Mercadante, defendeu a renúncia de Sarney. Qual não foi a surpresa de todos, José Dirceu (lembram dele?) disse que Mercadante não fala pelo PT e defendeu a permanência de Sarney. O ex-presidente do petismo disse que se Sarney sair a oposição ocuparia seu lugar. O presidente Lula fechou o pacote com a seguinte declaração: "Eu não votei em Sarney. Voto em São Paulo. Isto não é problema meu".

Estes são os comandantes da nação. Um presidente que defende o cerceamento da imprensa e a permanência de um aliado no cargo (mesmo que para isso precise vender sua alma ao diabo). Um comandante no parlamento, que através de atos secretos expande seus tentáculos no poder nomeando parentes e aliados a torto e a direito.

O pior é ver a ressurreição de Collor e Calheiros. Como diria, Herbert Vianna, que país é esse?