quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Série B é um bom negócio?

Desde que os grandes clubes brasileiros começaram a sofrer com os rebaixamentos, culpa da ingerência de nossos dirigentes, volta e meia uma indagação surge na mente dos amantes do esporte bretão, e até de quem trabalha no futebol: apesar do trauma de ter de disputar a Segunda Divisão, economicamente falando, a Série B pode ser considerada um bom negócio?

O último grande clube que vem enfrentando esta situação é o Vasco. Clube dos mais tradicionais do país, o Gigante da Colina, dentre outras conquistas, já venceu a Libertadores uma vez e o Brasileiro outras quatro vezes, além dos 18 títulos estaduais. Mas caiu ano passado e, assim como Palmeiras, Botafogo, Corinthians, Atlético-MG e Grêmio, está na Série B.

O Vasco tem média de 18.321 torcedores por jogo (a maior da Série B). Ano passado, quando lutava contra o descenso, a equipe teve 13.726 pagantes por partida. Não é uma diferença tão grande assim. Mas se levarmos em conta o público pagante do último jogo do Vasco (a vitória por 4 a 0 sobre o Ipatinga, quando quase 90 mil estiveram no Maracanã) e o fato de que a direção do clube pretender realizar outros jogos no maior do mundo, este número tende a aumentar sensivelmente.

A média de arrecadação do Corinthians na Série B de 2008 foi de 475 mil reais por jogo, ou 9 milhões de reais no cômputo geral. O Flamengo, líder em renda na Série A de 2008, teve (por jogo) o ganho de 700 mil reais, o que representou 12,5 milhões de reais ao fim da temporada. Uma diferença de 50%. Muita coisa, se considerarmos os combalidos cofres dos clubes brasileiros.

Na atual temporada, até aqui, o Atlético-MG, lidera as estatísticas de público na Série A. São quase 40 mil atleticanos por jogo. Média de 543 mil reais por partida. E 5,4 milhões de reais pingaram, até aqui, nos cofres do Galo. O Vasco, até aqui, arrecadou pouco mais de 3 milhões de reais. 40% a menos.

Outro fato importante: as cotas de TV. O Vasco, assim como Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, teria direito (se disputasse a Série A) a 21 milhões de reais, pois está cotado pela TV como um dos clubes de mais força na briga pela audiência. Porém, só recebeu a metade deste valor (10,5 ,ilhões). Além disso angariou pouco mais de 7 milhões pelos jogos do Pay Per View (PPV). O que dá uma cifra de 17,6 milhões de reais.

Uma rápida conta. Estivesse o Vasco na Série A este ano, receberia da TV 28 milhões de reais. Some-se a isso os 4 milhões de reais ganhos pelo Vasco no ano passado, quando teve apenas a 11ª arrecadação do Brasileirão, e chegamos à soma de 32 milhões de reais. Na atual temporada, o Vasco recebeu 17,6 milhões de direitos de TV, mais os 3 milhões de renda dos jogos. Ou seja, até aqui são 20 milhões de reais. 37,5% a menos.

Quase 40% de arrecadação inferior ao que, potencialmente, o Vasco poderia ganhar, se não tivesse sido rebaixado. Me parece muito nítido que a campanha do clube e a euforia (justificada) dos torcedores, maquiam a realidade fria dos números: fora o prejuízo de imagem (um clube tradicional tem a sua imagem arranhada por um rebaixamento) a Série B não dá lucro coisa nenhuma. Dá sim, é prejuízo, e muito !!!

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