quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Derrotas que ensinam

A inacreditável derrota do Internacional por 2 a 0 para o Mazembe pelo Mundial de Clubes da Fifa representa o maior revés de toda a história do futebol brasileiro. Como diz a manchete do jornal gaúcho "Zero Hora", é "uma derrota para sempre". Pela primeira vez na história dos Mundiais de Clubes não teremos um clube da América do Sul na decisão, e tudo graças ao Inter que sofreu uma derrota para um time do Congo, que não representa nada na história do futebol.

Perder de tamanha forma em nada abala ou mancha a história gloriosa do Sport Club Internacional, um dos gigantes do futebol brasileiro e mundial. Mas é preciso consciência de que algo precisa ser feito. Não sou adepto da política do "manda todo mundo embora", como se nada de positivo houvesse sido feito, até porquê como disse o presidente Vitório Píffero para perder no Mundial tem que vencer na Libertadores.

Mas neste caso é preciso mudar. E simbolicamente toda mudança começa pelo treinador. Celso Roth sempre foi muito questionado em seus trabalhos. E na minha visão, apesar de ter sido sim muito importante na conquista da Libertadores, ele errou muito nesta derrota para o Mazembe ao escalar uma equipe muito conservadora e fazer mudanças que não surtiram efeito dentro do jogo e causaram a derrota histórica do Inter.

Mas o clube gaúcho é organizado e tenho certeza que vai conseguir superar este momento de extrema frustração. Não são raros os casos de clubes da mesma grandeza que o Inter que já protagonizaram vexames de magnitude astronômica e conseguiram se reeguer justamente graças à sua grandeza. Para ficar apenas no exemplo mais clássico: o Maracanazzo da Seleção Brasileira em 1950 culminou, oito anos depois, com a histórica conquista de nosso primeiro título mundial na Suécia.

Derrotas deste porte são doídas, causam sequelas para toda a eternidade, mas ensinam muito mais que qualquer vitória. E o Inter vai aprender e reerguer-se, tamanho é o seu gigantismo!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CBF reconhece títulos anteriores ao Brasileirão

Acabou a discussão. Acostumada a fazer lambanças, a CBF marcou um golaço e reconheceu como legítimos campeões brasileiros os vencedores das Taças Brasil e Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) antes de 1971. A medida era uma antiga reivindicação de clubes que foram vencedores destes torneios, que de fato representavam a principal competição nacional à época.

Com a decisão, Flamengo e São Paulo deixam de ser os clubes com mais conquistas de brasileiros (ambos têm seis títulos) e dão lugar a Santos e Palmeiras, que se dividem na ponta com oito títulos nacionais. A medida favorece ainda o atual campeão brasileiro Flumiense, que chega a três títulos, o Bahia, o Botafogo e o Cruzeiro, que de um título passarão a ter duas conquistas nacionais cada.

E se antes Pelé amargava a mancha em sua vitoriosa carreira de jamais ter vencido um título brasileiro, agora o rei do futebol se torna também o maior vencedor de títulos nacionais, com seis conquistas, ao lado de Coutinho, Lima, Mengávio e Andrade. A medida faz com que o Bahia e não mais o Atlético Mineiro seja agraciado com o título de primeiro campeão brasileiro da história, já que o time nordestino venceu a primeira edição da Taça Brasil em 1959 em cima do Santos de Pelé.

A Taça Brasil foi criada um ano depois do primeiro título mundial do Brasil, em 1958, com o intuito de reunir os campeões estaduais do país e gerar uma forma de classificatória para a recém criada Taça Libertadores da América, em 1960. Em sua primeira edição, o representante brasileiro foi o Bahia, vencedor da primeira edição. Botafogo, Cruzeiro e Palmeiras também venceram a competição ao longo de nove anos de disputa. Mas o Santos de Pelé foi o grande vencedor da Taça Brasil com cinco conquistas consecutivas, o que faz do time praiano o maior vencedor de títulos nacionais consecutivos na história.

A partir de 1967, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa passou a ser a principal competição nacional e a Taça Brasil (em 1967 e 1968) passou a dar uma vaga nesta competição, que durou até 1970, quando deu lugar ao atual Brasileirão em 1971. Palmeiras, duas vezes, Santos e Fluminense conseguiram vencer a competição, que também dava vaga na Taça Libertadores do ano seguinte.

A acertada decisão da CBF reestruturou a geografia de conquistas nacionais e coroou o estado de São Paulo como o maior detentor de tpitulos nacionais em todos os tempos, com nada menos que 27 conquistas. Vencedor dos dois últimos brasileiros, o Rio de Janeiro possui agora 15 títulos. Atrás dos dois vêm Rio Grande do Sul (cinco títulos), Minas Gerais (três), Paraná (dois), Bahia (dois) e Pernambuco (um).

Confira na lista abaixo como fica o ranking dos clubes campeões brasileiros. Agora são 18 os clubes campeões brasileiros:

1º: Santos e Palmeiras - 8 títulos

3º: Flamengo e São Paulo - 6 títulos

5º: Corinthians e Vasco - 4 títulos

7º: Internacional e Fluminense - 3 títulos

9º: Grêmio, Cruzeiro, Botafogo e Bahia  - 2 títulos

14º: Atlético-MG, Guarani, Atlético-PR, Coritiba e Sport - 1 título

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Balanço do Brasileirão 2010

Assim como fiz aqui no blog em 2009, resolvi repetir a dose este ano e bolar uma espécie de balanço final do Brasileirão que se encerrou no último domingo. Como também aconteceu em 2009 eu me meti a dar uma de "Mãe Dinah" e dar pitacos sobre o que achei que fosse acontecer em termos das disputas de título, vagas para Libertadores e Sul-Americana e Rebaixamento. E se ano passado o resultado foi mediano, desta vez ele foi catastrófico!


*Briga pelo título: Cruzeiro, Santos, Flamengo e Grêmio.

Em 7 de maio eu afirmei que Cruzeiro, Santos, Flamengo e Grêmio duelariam pelo caneco. Errei feio. Apenas os mineiros chegaram a brigar de fato pelo título e terminaram com o vice-campeonato. O Santos, desmanchado e garantido na Libertadores, fez figuração e terminou apenas na oitava colocação. Campeão no ano passado, o Flamengo fez a pior campanha de uma equipe vencedora no ano anterior, terminou em 14º lugar e pode ficar de fora até da Sul-Americana. O Grêmio não chegou a brigar pelo título, mas teve uma bela arrancada no segundo turno e terminou na quarta posição e pode se garantir na Libertadores se o Goiás perder a Copa Sul-Americana.

*Vagas pra Libertadores: São Paulo, Inter, Atlético-MG e Corinthians.

Como o post de apresentação do Brasileiro foi feito antes da definição da Libertadores, eu apostei que o Inter brigaria por uma das vagas. Mas os gaúchos garantiram a vaga cpom a conquista do torneio continental e também usaram o Brasileiro para se preparar para o mundial, terminando na sétima posição. Depois de disputar a principal competição das Américas sete vezes seguidas, o São Paulo fez a pior campanha desde 2005, terminando na nona colocação. O Corinthians acabou brigando pelo título e garantiu-se na Libertadores com o terceiro lugar. O Atlético-MG brigou contra o rebaixamento até as últimas rodadas e acabou apenas na 13ª posição.

*Vagas pra Sul-Americana: Botafogo, Fluminense, Palmeiras, Vasco.

No post de abertura da competição eu acabei por subestimar o campeão brasileiro Fluminense, que fez uma campanha regular, mantendo-se quase que o tempo todo na ponta e garantindo o título de campeão depois de 26 anos de jejum. O Botafogo, surpreendentemente, lutou pela Libertadores até a última rodada, mas ficou mesmo com a vaga na Sul-Americana. Vasco e Palmeiras fizeram um campeonato morno, sem sustos e chances de uma posição acima da intermediária.

*Zona da Marola: Goiás, Atlético-GO, Avaí e Vitória.

Naquela regição em que ninguém vai a lugar nenhum e nem cai para a segundona, acabei "cravando" duas equipes rebaixadas: Goiás e Vitória. As outras duas também brigaram até o final, escapando nas últimas rodadas. Como o Brasil vai ter seis vagas na Libertadores e oito na Sul-Americana em 2011, a zona da marola ficou com apenas duas vagas (Avaí e Atlético-GO) mas po0de terminar com três, caso o Goiás conquiste a Sul-Americana e o Flamengo perca a vaga na competição continental.

*Briga contra o rebaixamento: Guarani, Ceará, Atlético-PR, Prudente.

Neste tópico acabei acertando dois dos rebaixados: Guarani e Prudente. Os demais em nenhum momento se sentiram ameaçados. O Ceará chegou a liderar a competição e terminou na zona de classificação da Sul-Americana. Vai disputar uma competição internacional depois de 16 anos. O Atlético-PR chegou até a frequentar a zona de rebaixamento no início mas arrancou e disputou vaga na Libertadores até a 37ª rodada, terminando o campeonato na quinta colocação e garantindo a primeira das vagas na Copa Sul-Americana.

*Subirão da Série B para a A: Santo André, Portuguesa, Ipatinga e Sport.

No acesso para a Série A em 2010, acabei errando todas as vagas. Sem nenhuma equipe de ponta como nos últimos anos, a competição trouxe de volta equipes com tradição no cenário nacional: Bahia, Coritiba, Figueirense e América-MG, que estava afastado da elite havia nove anos. A disputa da elite em 2011 promete ser das mais equilibradas dos últimos tempos.

*O craque do campeonato: Paulo Henrique "Ganso" (Santos)

Acredito que nove entre dez torcedores ou especialistas apostariam no camisa dez santista para craque da competição. Mas quis o destino que ele sofresse uma lesão no meio da competição e ficasse impossibilitadio de ser o protagonista da competição. Vaga que couba a Conca. O argentino conduziu o tricolor carioca ao título e recebeu com justiça o prêmio de craque do Campeonato Brasileiro de 2010.

*O artilheiro: Diego Tardelli (Atlético-MG)

Um dos artilheiros da edição de 2009, Tardelli acabou engolido pelo mau momento do Atlético-MG e marcou apenas dez gols nesta edição do Brasileirão. O goleador do Brasileirão em 2010, com folgas, foi Jonas do Grêmio. Ele marcou 23 gols, seis a mais que Neymar, o segundo colocado. Foi o maior número de gols de um artilheiro do Brasileirão desde 2004. O atacante foi decisivo na arrancada do Grêmio no segundo turno, que culminou com o título simbólico da segunda parte da competição.

*A revelação: Diego Renan (Cruzeiro)

Na premiação da CBF, o troféu de revelação ficou com Bruno César do cOrinthians. Foi merecido. Mas o lateral-esquerdo Diego Renan do Cruzeiro fez um belo campeonato e acabou indicado como um dos três laterais de sua posição ao fim da competição. Não foi a maior revelação, mas se destacou positivamente.

A edição de 2010 do Campeonato Brasileiro serviu para confirmar o bom momento que vive o futebol carioca dentro das quatro linhas. Depois da conquista do Flamengo em 2009, o Fluminense renovou o título do estado e quebrou um jejum de 26 anos não só sem conquistas de Brasileiro suas, mas também rompeu um jejum de quase três décadas em que os cariocas não venciam dois brasileiro em sequência. O resgate não se deu apenas com o título tricolor, mas também pelo fato do Botafogo ter brigado o tempo todo na parte de cima da tabela. As má campanhas de Flamengo e Vasco acabaram sendo a mancha na edição deste ano para os cariocas. Sem estrutura, os clubes do Rio provam que futebol se ganha é com jogador. A perspectiva para 2011 é das melhores.

Que venha o Brasileirão 2011. o mais equilibrado do planeta bola!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Um título justíssimo

A principal faceta do Campeonato Brasileiro nesta fórmula de pontos corridos é premiar o campeão que mais teve regularidade ao longo de toda a competição. E o Fluminense, campeão em 2010, corroborou com esta tese ao levantar sua terceira taça de campeão nacional: 1970/1984/2010. A vitória por 1 a 0 sobre o Guarani foi a 20ª em 38 rodadas. Ninguém venceu mais. O time de Muricy Ramalho perdeu apenas sete partidas, também um recorde na atual edição. O Flu campeão encerrou a edição de 2010 como a melhor defesa e o terceiro melhor ataque da competição. Números incontestáveis que conduzem o tricolor a um título brasileiro 26 anos depois.

Mas não foram apenas a frieza dos números que resumiram esta campanha. O time do Fluminense foi disparado o melhor da competição. Sinto-me muito a vontade aqui neste espaço para dizer isso. Falo a pelo menos três meses que dificilmente o Flu não seria campeão. Isto porque qualquer equipe brasileira recebeira de braços abertos jogadores do quilate de um Fred, de um Conca, de um Emerson ou de um Deco, apenas para ficar nos mais badalados. E incrivelmente o campeão brasileiro não pode contar com três desses astros boa parte da competição. E se manteve 23 rodadas no topo mesmo assim.


Tamanha regularidade na minha opinião tem dois responsáveis diretos. O argentino e craque do campeonato Darío Conca, que atuou em todas as 38 partidas da competição e entrou para história do Campeonato Brasileiro como primeiro jogador de linha a estar em todas as rodadas. Conca conduziu o tricolor como um maestro e foi o grande nome da edição de 2010 do Campeonato Brasileiro. E fora das quatro linhas o responsável foi o treinador Muricy Ramalho. Sua chegada aliada à de grandes atletas fez do Tricolor um forte candidato ao título. Condição confirmada depois da última rodada.

Agora, é claro, virão aqueles que querem desmerecer a conquista tricolor (a segunda consecutiva do Rio de Janeiro). Alguns vão afirmar que São Paulo e Palmeiras entregaram para prejudicar o Corinthians, assim como falaram em 2009 que o Grêmio facilitou para o Fla, com o intuito de impedir o tetra do Inter. Falácias de quem esquece que os concorrentes diretos não tiveram competência para tirar a diferença do Flu, que como diz o seu hino, "quem espera sempre alcança", mesmo que por 26 anos. Parabéns aos guerreiros!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O mais brasileiro dos ritmos musicais

Este 2 de dezembro é um dia especial para a cultura brasileira, principalmente para cultura carioca. Comemora-se nesta data o Dia Nacional do Samba. E como o próprio nome deste blog sugere, este blogueiro é mais um dos milhares de amantes deste gênero musical que é genuinamente brasileiro. Nenhum outro traduz com tamanha fidelidade o estilo de ser do brasileiro.

Para lembrar um pouco deste dia tão especial, segue abaixo o vídeo de um samba antológico composto por Nelsonm Cavaquinho, que deve ser sempre lembrado neste dia, ainda mais quando vai completar 100 anos em 2011. A letra, apesar de ter sido composta a muitos anos, retrata com muita propriedade o sentimento que toma conta do Rio depois destes dias tão difíceis.

Divirtam-se:

Juízo Final - Nelson Cavaquinho (1973)

O sol....há de brilhar mais uma vez
A luz....há de chegar aos corações
Do mal....será queimada a semente
O amor...será eterno novamente
É o Juízo Final, a história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver, a maldade desaparecer