sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A derrocada vascaína

O Vasco renasceu em 2011, quando foi campeão da Copa do Brasil encerrando um jejum de 11 anos sem grandes conquistas e disputou o título do Brasileiro até o fim e chegou até a semifinal da Copa Sul-Americana. Em 2012, entretanto, o clube perdeu Rodrigo Caetano, o dirigente que reorganizou o futebol vascaíno depois da queda para a Série B em 2008. Com um bom elenco de jogadores e um treinador competente, mas injustiçado, o clube fez bom papel na Libertadores (caiu para o campeão Corinthians com um gol aos 43 minutos do segundo tempo) e no Brasileiro, até o meio do ano, vinha brigando pelo primeiro lugar.

Entretanto, Roberto Dinamite negociou quatro dos principais jogadores do time. Foram embora de uma só vez, Diego Souza, Allan, Rômulo e Fagner. Nenhum time suporta tamanho desmanche sem cair de rendimento. Se no primeiro turno o Vasco terminou entre os quatro melhores, no returno a campanha vascaína é de clube rebaixado: 15 pontos em 13 jogos e um aproveitamento pífio de 38%. O resultado é que o clube deixou o G4 depois de ficar 54 rodadas por lá e só um verdadeiro milagre fará o Vasco chegar à Libertadores em 2013. E para piorar o ídolo Dedé sofreu uma fratura e só volta a jogar no próximo ano.

Jogadores do Vasco em reunião. Campanha pífia no segundo turno.

Dinamite alegou, à época que se desfez dos atletas, que o dinheiro em caixa estancaria um pouco a grave crise financeira que o clube vem enfrentando. Mas o que se vê no clube são salários atrasados, jogadores insatisfeitos e até a conta de água o clube atrasou, causando rompimento do fornecimento e uma enxurrada de piadas dos rivais nas redes sociais. O fato é que o presidente vascaíno está isolado no comando do clube, uma vez que a maioria dos conselheiros que lhe ajudaram a se reeleger o abandonou e já está se mobilizando para enfrentar o próprio Roberto no pleito do ano que vem.

A torcida perdeu a paciência com o time e protestou muito depois da vexatória derrota (a quarta seguida) para o inoperante Inter em pleno São Januário. Entretanto, o torcedor vascaíno em sua maioria tem parcela de culpa na queda do time. Sim, porque perseguiu de maneira injustificada o treinador Cristóvão Borges, até que ele foi demitido. Com o treinador, o Vasco viveu seus melhores momentos e, mesmo após a debandada de jogadores, conseguiu vitórias e se manteve no G4 de maneira surpreendente.

O Vasco precisa se reorganizar internamente, reforçar-se para 2013 e planejar a próxima temporada. O trabalho de Marcelo Oliveira até aqui é decepcionante, mas ele pode fazer pouca coisa sem um grupo de jogadores qualificados. A distância para o G4 está em 5 pontos e, restando 15 pontos a disputar, matematicamente é possível, mas o futebol apresentado e a crise interna indicam que o clube irá ainda perder posições até o fim do Brasileiro. O Vasco já está de férias.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

R49 x R10

Quando Ronaldinho deixou o Flamengo pela porta dos fundos, uma enquete no site do Esporte Espetacular indicava que nenhuma das torcidas dos clubes da Série A queria o jogador no seu clube. Em alguns casos o índice de rejeição chegava aos 80%. O Atlético-MG trabalhou rápido e anunciou Ronaldinho menos de 24 horas depois que ele deixara o Flamengo. Rapidamente os atleticanos trataram de comemorar e enaltecer o craque, uma esquizofrenia bastante comum ao torcedor atleticano.

Exceção feita aos torcedores mais inflamados do Galo, todos acreditavam que a chegada de Ronaldinho iria afundar o Atlético. Ronaldinho escolheu a camisa 49 e deixou de ser o apagado R10 para se tornar o excelente R49. Logo em suas primeiras partidas pelo clube mineiro, Ronaldinho mostrava que seguia sendo um fora de série. A bela campanha atleticana no primeiro turno foi capitaneada por ele, que claro rapidamente se tornou ídolo da massa atleticana.

R49: o craque ressurge!

Mas o que tem o R49 que faltou em R10? A resposta é simples: o Ronaldinho do Atlético tem motivação. E acima de tudo é muito cobrado pelo presidente do Atlético, o falastrão Alexandre Kalil. Cobranças que podem e devem ser feitas, afinal Ronaldinho tem a melhor estrutura do Brasil à sua disposição e recebe religiosamente em dia os seus honorários. No Flamengo ele fazia o que bem entendia e o mês durava 90, 120 dias. Isso faz total diferença.

Ronaldinho não é nem de longe o craque deste campeonato e seu futebol se tornou irregular, como todo o time do Atlético, a partir do segundo turno. Mas sua atuação de gala diante do líder Fluminense evidencia o quanto ele é diferenciado. Ele não precisa ser testado e nem provar mais nada a ninguém. Por isso sou contra sua volta para a seleção neste momento. Mas se, em 2013, às vésperas da Copa das Confederações ou, em 2014, às vésperas da Copa do Mundo, estiver jogando 60, 70% do que pode, a camisa 10 do Brasil tem que ser dele!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Qual o segredo do Fluminense?

Líder absoluto com vantagem de seis pontos para o segundo colocado, o Fluminense desponta como o time a ser batido na luta pelo título de campeão brasileiro em 2012. Mesmo quando o time de Abel Braga não atua bem, vence. Caso do Fla x Flu deste domingo, onde o Flamengo perdeu um caminhão de gols, fez uma partida aplicada e até pênalti perdeu. Entretanto, bastou um vacilo do rubro-negro para Fred decidir a partida para o tricolor. Assim como aconteceu no primeiro turno, deu Flu mesmo com o rival jogando mais.

Eu acho que o grande segredo desta equipe não tem nada de secreto. O Fluminense tem um elenco muito qualificado e conta com jogadores acima da média, capazes de decidir uma partida em uma bola. Desta vez foi Fred quem decidiu. Mas em outras oportunidades foram Deco ou Thiago Neves. Três jogadores fora de série e decisivos. Basta para se fazer um time campeão. Para efeito de comparação: o Fla teve inúmeras chances, uma delas em um pênalti, mas ninguém decidiu. Eis a diferença.

Fred precisou de uma bola para decidir.

Em 2009 o Flamengo conseguiu o título contando com dois atletas fora de série: Petkovic e Adriano. Em 2010 o próprio Flu tinha Fred, Deco e Conca. Ano passado o Corinthians tinha Emerson Sheik. Além dos foras de série, o Flu de 2012 tem um sistema defensivo sólido e um goleiro em uma fase mágica. Diego Cavalieri já garantiu vários pontos para o tricolor, assim como Fred, Deco e Thiago Neves já o fizeram.

Outro grande mérito do tricolor são as opções que Abel Braga pode dispor em seu banco de reservas. Se Fred não pode jogar ele tem os garotos Marcos Júnior e Samuel como opções. Sem falar em Rafael Sóbis para a vaga de Wellington Nem. Há ainda Wagner, que sempre substitui Deco ou Thiago Neves com muita qualidade. Some-se a isso alguma dose de sorte e um elenco muito experiente. Características que fazem do Fluminense um virtual favorito ao tetracampeonato brasileiro.