quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Coragem professores!

A vitória do Brasil sobre a Argentina no Superclássico das Américas para muitos representou pouco para a seleção de Mano Menezes. Se formos apenas levar em consideração que os nossos hermanos escalaram uma seleção caquética nas duas partidas e que não fizemos mais que nossa obrigação em passar por cima deles, aí sim valeu muito pouco. Mas podemos analisar o jogo por outro prisma: finalmente Mano escalou uma seleção leve e com a presença de muitos jogadores jovens. Nesse aspecto a partida pode ter representado um divisor de águas na montagem da equipe para a Copa de 2014.

As belas partidas que fizeram Jefferson, no gol, Cortês, na lateral-esquerda e Lucas, no meio, provam que podemos sim apostar nos jovens e aguardar até a Copa para saber como mesclaremos com os mais experientes. Afinal, eu ainda não descarto os nomes de Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Júlio César. Jogadores rodados, experientes e que sem dúvida têm muita qualidade.


Outro aspecto que me agradou neste jogo e que vai de encontro ao que vejo no futebol atual: Mano escalou dois volantes que estão muito longes de serem cabeças-de-bagre: Ralf e Rômulo e complementou o setor de criação com Lucas e Ronaldinho, que se aproximava mais dos atacantes Neymar e Borges. Porquê nossos técnicos não escalam seus times assim? Talvez por falta de opções no caso dos clubes, mas eu creio que seja mais por covardia mesmo.

É comum a gente notar hoje em dia que os professores enchem o meio de volantes para marcar, marcar e marcar! O setor de criação fica todo nas costas de um jogador, que ainda vez ou outra não possui característica de armar. O resultado são jogos cada vez mais pegados, feios e muito poucos gols. Seria de bom tom que os nossos treinadores (e o principal deles, Mano Menezes, que deve dar o exemplo) escalem suas equipes com mais ousadia. O futebol agradeceria!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Minas pede socorro!

Eu acompanho futebol há quase 20 anos e nunca vi o futebol mineiro em uma fase tão lamentável como essa. Os três grandes clubes do estado, que depois de nove anos, estão juntos na elite do futebol brasileiro, fazem campanha pífia e muito aquém da tradição do estado, que venceu três vezes o Campeonato Brasileiro e revelou grandes nomes como Reinaldo, Tostão e Éder, apenas para ficar nos mais famosos de Atlético, Cruzeiro e América.

Entre o 16º e o 20º lugares, os mineiros representam 60% dos clubes que lutam deseperadamente contra o rebaixamento. Somados os aproveitamentos destas equipes e tirando uma média chegamos ao desempenho de pífios 31% dos pontos, que é melhor apenas que o do Avaí e do próprio América-MG. Já se vão longos oito anos desde o último título importante de um clube mineiro no cenário nacional. Fatos que comprovam um dos piores momentos deste estado no futebol em todos os tempos!

O América-MG conseguiu retornar à elite, de onde saiu em 2002. Mas como todo time de pouco investimento, cometeu os mesmos erros e só por um milagre permanecerá. Tem apenas 19 pontos ganhos e precisaria de pelo menos mais 24 (em 36 a disputar) para escapar do rebaixamento. Convenhamos que é muito pouco provável, não acham? O Coelho já está no terceiro treinador desde que o campeonato começou e aposta em jogadores já acabados para o futebol, como o veterano Fábio Júnior.


O Atlético, que esteve na Série B em 2006, parece flertar com o rebaixamento a cada ano, desde que retornou, exceção feita há 2009. No Galo, como eu já defendi aqui, há uma sequência de diretorias incompetentes e de desmandos inaceitáveis. Assim como o Coelho, em minha opinião, o Atlético gasta muito dinheiro (valores que nem tem) em jogadores que há anos jogam com o nome. E o seu presidente só faz incitar a torcida contra os atletas. Com 25 pontos (e hoje a quatro de distância do 16º colocado, o Cruzeiro), o Galo tem 58,7% de chances de voltar à Série B. Mas me parece ser o mineiro que demonstra maior capacidade de reação neste momento, apesar de ter um time desequilibrado e fraco tecnicamente.

A surpresa esse ano é a presença do Cruzeiro na parte de baixo da tabela. É fato que dos anos 90 pra cá foi o time da Toca da Raposa quem carregou o nome do futebol mineiro no Brasil e no exterior, tendo chegado à decisão da Libertadores em 2009 e tendo feito a melhor campanha da primeira fase em 2011. Entretanto, após a saída inexplicável para o insípido Once Caldas (COL), tudo parece ter desandado por lá. Jogadores insatisfeitos, debandada de atletas e um presidente que parecia ter um cargo vitalício, mas que a cada jogo sofre com as hostilidades da própria torcida. O Cruzeiro aparece com 29 pontos e tem, segundo os matemáticos, 33% de chances de ser rebaixado pela primeira vez! Mas tem apenas dois pontos no segundo turno e a crise entre os próprios jogadores parece não ter fim.

Com este panorama é quase certo que um mineiro vá ser rebaixado. E são grandes as chances de que o clássico pela última rodada (entre Cruzeiro x Atlético) seja capaz de rebaixar mais um mineiro, o que deixaria o estado com apenas um representante na elite, o que ocorreu pela última vez em 2006. Os desmandos e a aposta em jogadores fracassados, além da falta do Mineirão. Esses são os grandes fatores que colocam o futebol de Minas em lugar muita aquém de suas tradições. Uma pena!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

No embalo de Diego

A campanha do Vasco neste Brasileirão é digna de aplausos! Primeiro, porque campeão da Copa do Brasil e já garantido na Libertadores o clube mostra que quer também o título brasileiro, coisa rara em clubes que conquistam a competição do primeiro mestre. Apenas o Cruzeiro (vítima da vez), conseguiu conquistar a Copa do Brasil e o brasileiro no mesmo ano. E segundo porque coroa o renascimento de um jogador que sabe o potencial que tem, mas parecia que não queria mais nada com o futebol. Claro, estou falando de Diego Souza! E é por essas razões que o Vasco é o mais forte candidato ao título brasileiro hoje, em minha opinião.

Eu costumo dizer que no futebol de hoje, nivelado por baixo, o time que possui um ou dois jogadores diferenciados está à frente dos concorrentes. O Vasco tem Felipe (craque), Juninho (diferenciado, mas em má fase) e Diego Souza, que volta a comer a bola e conduz o Vasco à melhor campanha da competição. Hoje o camisa 10 do Vasco já pode ser considerado o craque da competição, sim à frente dos badalados (com razão) Ronaldinho Gaúcho e Neymar.


Impressionam os jogos que o Vasco vem realizando neste campeonato. E surpreende porque eu acreditava que o grave problema de Ricardo Gomes fosse abalar muito essa equipe. Mas o que se vê é o contrário: um grupo de jogadores determinado, que tem muitra qualidade, apesar de não possuir (exceção feita à Felipe) nenhum craque. Some-se a isso o fato de o Gigante da Colina enfrentar todos os seus concorrentes diretos ao título dentro do Rio de Janeiro. A começar pelo duelo diante do Corinthians, já no próximo fim de semana, certamente com a casa cheia!

Há que se destacar ainda o bom momento vivido pelos clubes do Rio de Janeiro, capitaneados pelo Vasco. O pior do estado (o Flamengo), ocupa o 6º lugar, e se o campeonato terminasse hoje, teríamos três equipes cariocas disputando a Libertadores em 2012, o que seria um feito inédito. E caso algum clube da Cidade Maravilhosa vença novamente a atual edição do Brasileiro, igualará a marca dos anos 80 (82-83-84) quando o futebol carioca alcançou um tricampeonato. Como diria aquele famoso narrador, que fase do Vasco e do futebol do Rio!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Zico e Artur são diferentes

O Rei Pelé costuma dizer que sua figura pública difere da "pessoa física", a quem chama de Edson, seu nome de batismo. Ele o faz com a malandragem de quem foi gênio dentro de campo, mas não passa perto de ser uma unanimidade fora dele. Esta regra pode também ser aplicada a Zico, ídolo maior e eterno do Flamengo. Mas que como Artur Antunes Coimbra deu uma declaração profundamente lamentável, quando afirmou que nem sequer assiste mais aos jogos do clube que o revelou para o futebol.

Nem entrarei no mérito das razões de Zico estar magoado com a direção do Fla, que não lhe deu o respaldo que ele julgou necessário ao assumir a função de diretor executivo do futebol do clube no ano passado. Mas daí a ele afirmar o que afirmou é no mínimo uma enorme ingratidão. Não fosse o Flamengo e talvez hoje Zico estivesse ainda vivendo no subúrbio de Quintino, sabe-se lá em que condições. Ele foi o maior ídolo do clube, mas jamais pode-se achar maior que o Flamengo! JAMAIS!


Voltando aquele binômio de pessoa física x ídolo, venhamos e convenhamos: quem assumiu a função de dirgente não foi o Zico, foi o Arthur. Zico se aposentou em 1989 pelo Flamengo e ficará para sempre na memória e na história do clube. Mas Arthur teve uma atuação pífia como dirigente. Contratações do "quilate" de Cristian Borja, Leandro Amaral, Diogo, Jean, Deivid e outros mais foram feitas por ele. Sem contar no treinador Silas.

E não adianta Zico afirmar que não quer mais pisar no clube, que está chateado ou que não vai passar nem na porta da Gávea. O Flamengo chegou onde chegou porque um dia teve Zico no gramado. E Zico ficou mundialmente conhecido porque um dia vestiu uma das camisas mais importantes do planeta. Duas instituições do futebol que não há como serem separadas. Mas que Artur Antunes Coimbra pisou feio na bola, isso pisou. O Zico não pisava na bola e deveria ensinar a Artur como se faz para ser idolatrado no Flamengo! 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bonde emperrado!

O Bonde do Mengão sem freio que passava por cima de todos até pouco tempo no futebol brasileiro emperrou de vez. O Flamengo estacionou nos 36 pontos na tabela de classificação do Brasileiro e já vê o líder Corinthians sete pontos à frente. Uma distância bastante considerável. Tanto que já se ouve de alguns no clube que a meta, neste momento, é tentar chegar à Libertadores e não mais brigar pelo título.

O Bonde realmente está emperrado e o mecânico Vanderlei Luxemburgo (a quem elogiei a alguns dias aqui neste espaço) não consegue fazê-lo mais andar. Acontece que o Flamengo, tal qual um veículo automotor, ficou sem muitas peças importantes de sua engrenagem e as que substituíram não cumpriram o papel desejado. Trocando em miúdos: o elenco rubro-negro não é forte o suficiente e a maratona de jogos do Brasileiro cobra o seu preço.


Neste aspecto nem falo em Ronaldinho Gaúcho ou Thiago Neves, que são insubstituíveis em qualquer equipe. Mas o Fla ficou sem Alex Silva, Aírton e Luiz Antônio de uma só vez. E a estrutura do time não suportou. Some-se a isso a má fase de jogadores de quem se espera muito, casos de Leonardo Moura e do próprio Thiago Neves. Por isso o bonde emperrou e parece fadado a mofar na esquina? Ainda não!

Eu não tiraria o Flamengo da briga pelo caneco do Brasileiro, ainda. Restam 16 rodadas para o fim do campeonato. São 48 pontos em disputa. É claro que se for levado em conta apenas o aproveitamento destes últimos sete jogos constataremos que os rubro-negros devem é torcer para que o clube chegue logo nos 46 pontos para se manterem na 1ª Divisão. Mas a análise não deve se prender nisso.

Todos sabemos como funciona este campeonato: clubes na zona de rebaixamento tiram pontos dos líderes. Tanto que a derrota para o Corinthians foi a primeira do Fla para seus concorrentes diretos na atual edição do Brasileirão. O problema é que o time vem sucumbindo justamente para os pequenos. Por isso urge que o rubro-negro volte a trilhar o caminho das vitórias e incomodar os primeiros colocados. O Bonde está com problemas mecânicos, mas ainda pode voltar a atropelar!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O grande Rogério Ceni

Ele é um goleiro e por isso as chances de ser idolatrado por uma torcida de um grande clube com a do São Paulo seria quase mínima. Mas o exterminador de recordes Rogério Ceni atropelou mais esta premissa. Sim, ele é o maior ídolo de todos os tempos do São Paulo Futebol Clube, um dos maiores clubes do Brasil e do mundo. Ganhou pelo seu clube de coração 20 títulos. Marcou mais de 100 gols, se tornado o maior goleiro artilheiro da história do futebol mundial. E agora completa neste 7 de setembro o jogo 1.000 pelo tricolor paulista.

Rogério Ceni é daqueles sujeitos muito raros no meio futebolístico. Craque, bem articulado, com muita personalidade e ídolo. Ele tem todas estas características, que quase nenhum jogador de futebol possuiu as mesmo tempo. Ele começou tendo que substituir um grande ídolo, o ex-goleiro Zetti. Mas Rogério o substituiu com maestria, se tornando um ícone do São Paulo.


Ceni fez muito poucos jogos pela seleção brasileira, talvez o único "senão" ao longo de sua brilante carreira. Eu considero uma injustiça, pois para mim ele merecia ser o goleiro titular na Copa de 2006. Mas Rogério é muito inteligente e personalista para se juntar à corja de Ricardo Teixeira e talvez por isso tenha sido preterido.

Rogério Ceni chega aos 1.000 jogos recheado de recordes já batidos. O garoto Rogério Mücke Ceni, que lá em 1990 chegava ao São Paulo, vindo do Sinop, clube modesto do Mato Grosso, não imaginava que 21 anos depois atingiria marcas tão expressivas e se tornaria ídolo maior dos tricolores. Pois ele chegou lá e está sim no patamar de um Zico (para os flamenguistas) ou um Rivellino (para os corinthianos) e um Reinaldo (para os atleticanos). E olha que nenhum destyes chegou perto de atuar 1.000 vezes por estes clubes. Parabéns Rogério!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O dono da camisa 10

Ronaldinho Gaúcho voltou a jogar pela seleção brasileira após quase um ano de ausência, muito mais por sua própria culpa do que qualquer outro motivo. Ao longo destes dez meses em que o R10 esteve afastado da camisa amarela, a sua posição foi ocupada por uma série de jogadores que, com todo o respeito, não tem 10% de sua história e façanhas no futebol. E a atuação do gaúchinho diante de Gana deixou uma certeza: o dono da camisa 10 do Brasil tem nome e sobrenome: Ronaldo de Assis Moreira.

Ronaldinho não teve atuação brilhante, longe disso. Não marcou gol, coisa que tem se acostumado a fazer em jogos pelo Flamengo. Mas mesmo assim ele deixou muito claro que, independente do esquema de jogo que o treinador Mano Menezes queira utilizar na seleção brasileira, o dono da camisa 10 é ele. E como ela cai bem ao craque não é verdade? Parece que aquela camisa gosta de vestir gênios, pois já foi envergada por nomes como Pelé, Zico, Rivellino e outros mais.


Qualquer adversário encara um jogo contra o Brasil de maneira diferente, independente da fase que vive o nosso futebol. Mas quando um nome como Ronaldinho Gaúcho está à frente do meio-campo da seleção o respeito tende a aumentar muito. Assim como era quando Ronaldo vestia a camisa 9, Romário a 11, Pelé e Zico a 10. A presença do craque impõe muito respeito ao adversário.

A atuação brasileira esteve muito longe de ser brilhante, muito pelo contrário. Foi um placar magro contra uma seleção de segundo escalão mundial e que ainda atuou a maioria do tempo com um jogador à menos. Mas o jogo serviu para sacramentar duas certezas: Ronaldinho é o dono da camisa 10 e Leandro Damião manda na 9. Como sempre digo, futebol é imposição.