sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O caminho dos brasileiros na Copa Libertadores


Atlético-MG, Corinthians, Fluminense, Grêmio, Palmeiras e São Paulo, os representantes brasileiros na ediçcão de 2013 da Copa Libertadores já sabem quem são os seus adversários na luta pelo cobiçado título continental. Em cerimônia realizada nesta sexta, 21, na sede da Conmebol, no Paraguai, o sorteio dos grupos e dos confrontos eliminatórios da Fase Preliminar, confirmou o caminho de todos os 36 postulantes ao título. Veja a situação de cada um dos brasileiros:

Grêmio: Certamente o mais azarado neste sorteio. De cara vai ter que encarar, ainda em janeiro, a tradicional LDU do Equador, campeã da Libertadores em 2008, em um dos confrontos da Fase Preliminar. O jogo de volta será em Porto Alegre, mas o primeiro será na altitude de Quito. E se passar para a Fase de Grupos, o Grêmio cairá no grupo do Fluminense, que tem ainda o Huachipato-CHI e o Caracas-VEN. Promessa de fortes emoções para os gremistas.

São Paulo: Os são paulinos tiveram melhor sorte que os gremistas no sorteio da Fase Preliminar. Mas também terá de encarar a altidude. O adversário será o boliviano Bolívar, que está indo para sua 29a. participação. O tricolor decidirá a vaga fora de casa e provavelmente fará o resultado necessário no Morumbi. Caso garanta a provável classificação à Fase de Grupos, o São Paulo cairá no grupo do Atlético-MG, que terá ainda o Arsenal-ARG e o The Strongest-BOL. Não é um grupo fácil.

Atlético-MG: Vice-campeão brasileiro, o Galo foi sorteado no grupo 3 e vai encarar o Arsenal-ARG, o The Strongest-BOL e o vencedor do confronto da Fase Preliminar entre São Paulo x Bolivar-BOL. Curiosamente o Galo teve o tricolor paulista no caminho em duas das outras quatro participações que teve na Libertadores (em 1972 e 1978): em quatro jogos, foram três empates e uma vitória. Um grupo complicado para o Galo.

Corinthians: O campeão de 2012 foi sorteado em um grupo relativamente tranquilo e deve passar fácil à fase de oitavas de final. Entretanto a logística promete ser complicada. Viagens ao México (Tijuana), à Colômbia (Millionarios) e à Bolívia (San José) irão acontecer. Mas nada que impeça o avanço do Timão à Fase Final. É o grupo mais tranquilo dentre os brasileiros.

Fluminense: O tetra-campeão brasileiro e fortíssimo candidato a seu primeiro título internacional novamente cai em um grupo pesado na Libertadores. O campeão chileno (Huachipato) e o Caracas da Venezuela estão no caminho tricolor. Além do vencedor do congronto entre a carrasca LDU e o Grêmio. Jogos complicados e viagens longas. O Engenhão será importantíssimo!

Palmeiras: O Verdão é uma grande incógnita. Rebaixado e com o time enfraquecido teoricamente tende a penar na Libertadores. O grupo não é simples e tem o Libertad (PAR), time quem vem fazendo bons papeis nas últimas Libertadores e o Sporting Cristal (PER), que foi finalista da Libertadores em 1997 e perdeu o título para o Cruzeiro. Além disso ainda terá o vencedor do duelo entre o Deportivo Anzóategui (VEN) e o argentino Tigres, que armou o maior barraco na final da Sul-Americana contra o São Paulo. Abre o olho Palmeiras!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Como o Corinthians conquistou o mundo

E depois da América, o mundo é do Corinthians! A vitória por 1 a 0 sobre o poderoso clube inglês Chelsea foi a segunda conquista do clube paulista e a décima de um brasileiro, que agora lidera o ranking de títulos por país. E a conquista veio em um 16 de dezembro, data em que o Corinthians conquistou pela primeira vez o título de campeão brasileiro em 1990.

Sim, há 22 anos atrás o Corinthians só tinha a torcida para se orgulhar, pois era um clube que só tinha em sua sala de troféus títulos estaduais. Nestas pouco mais de duas décadas o Timão ganhou cinco Campeonatos Brasileiros (1990, 1998, 1999, 2005 e 2011) - ninguém conquistou mais no período - o Mundial pela primeira vez em 2000, a Copa do Brasil em 2009 e finalmente a sonhada Libertadores neste ano.

Entretanto há um hiato nestes 22 anos de poderio alvinegro. Entre 2001 e 2007 o Corinthians fez pífias campanhas nos torneios de expressão e atolado em uma crise institucional acabou rebaixado pela primeira vez em sua história em 2007. E foi justamente naquele 2 de dezembro que o clube começou a conquistar o mundo.

O heroi da conquista não poderia ter nome mais corintiano: Guerrero!
É claro que nem o mais insano corintiano acreditava nisso há cinco anos atrás. O então presidente Andrés Sanchez deu início a uma gestão profissional e moderna e trouxe Mano Menezes para comandar o desafio de retornar à elite. De volta ao seu lugar o Corinthians trouxe o fenômeno Ronaldo em uma transação que mudou a sua história. O jogador, além de seu inegável talento dentro de campo, trouxe todo seu conhecimento de mercado e colocou o Corinthians no mapa do futebol mundial.

Ronaldo parou, mas o Corinthians não! O clube trouxe Tite, que em 2010 tinha a função de reerguer o único clube brasileiro na história a cair na Fase Preliminar da Copa Libertadores. Com o treinador o Timão foi terceiro lugar no Brasileiro e no ano seguinte conquistou o penta. Tite é responsável direto pela trinca de conquistas do Brasileiro de 2011 e da Libertadores e do Mundial em 2012.

Em cada setor do clube há seriedade e competência. Um clube que pensa de acordo com o seu tamanho e sabe que no futebol atual não há espaço para aquela velha arrogância de acreditar que camisa e torcedores garantem por si só o sucesso. Isso pode ter funcionado em um passado distante, não mais atualmente. E o Corinthians hoje não é só campeão do mundo. É um clube que tem estrutura, tem o melhor treinador do país, possui a marca mais valiosa do futebol brasileiro, está às vésperas de inaugurar um moderno estádio. O céú é o limite para o Sport Club Corinthians Paulista, o dono do mundo! 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Brasil no Mundial de Clubes

Ao pisar no gramado no estádio Toyota, na cidade japonesa de mesmo nome, nesta quarta o Corinthians representa sim o Brasil no Mundial de Clubes. Por mais que isso irrite os torcedores rivais, o clube é brasileiro e levará o nome de nosso país primeiro contra o egípcio Al-Ahly e muito provavelmente contra o inglês Chelsea na grande final de domingo.

O Corinthians é o nono clube brasileiro a possuir a honra de representar o Brasil em um Mundial de Clubes. O próprio clube já foi campeão do mundo, naquele que foi o primeiro mundial organizado pela Fifa, no Brasil em 2000. A conquista foi polêmica pois o clube não havia ganho a Libertadores e só entrou por ser o campeão brasileiro do ano anterior. Mas a conquista é chancelada pela entidade máxima do futebol e portanto caso conquiste o título, será o segundo mundial do Corinthians sim.

Entre 1960 e 1979 o Mundial era disputado em dois jogos, cada um no país de cada representante. E coube ao Santos a honraria de ser o primeiro brasileiro a conquistar o título. Em 1962 derrotou o Benfica e no ano seguinte foi a vez do Milan. Em ambas oportunidades mandou seus jogos no Maracanã. O Cruzeiro também chegou à final do Mundial nestes moldes, mas acabou perdendo o título para o Bayern de Munique da Alemanha, em 1976. Em 1975 e 1978 não houve a realização do Mundial, por incompatibilidade de datas.

Entre 1980 e 2000 o torneio passou a ser patrocinado pela montadora de carros japonesa Toyota e o Mundial passou a ser decidido em jogo único no Japão. O Flamengo foi o primeiro brasileiro a ser campeão na terra do sol nascente, em 1981. Depois vieram o Grêmio (campeão em 1983 contra o Hamburgo-ALE e vice contra o Ajax-HOL em 1995), o São Paulo (bi-campeão em 1992 e 1993 contra Barcelona-ESP e Milan-ITA), o Cruzeiro (vice em 1997 contra o Borussia Dortmund-ALE), o Vasco (vice contra o Ral Madrid-ESP em 1998) e o Palmeiras (vice contra o Manchester United-ING em 1999).

A cobiçada taça de campeão do mundo!

No ano 2000 a Fifa resolveu chancelar o torneio, que foi disputado no Brasil e teve o Corinthians como campeão na primeira vez que a final não teve um representante europeu. O vice ficou com o Vasco. Neste ano o Boca Junior-ARG venceu o tradicional torneio no Japão e tivemos dois campeões mundiais. Entre 2001 e 2004 o torneio voltou a ser disputado apenas no jogo único na Ásia até 2005, quando a Fifa assumiu por completo a organização do torneio.

A partir de então, sete clubes chegam para disputar o Mundial. O campeão de cada continente mais o país anfitrião. Os vencedores da Libertadores e da Champions League só entram nas semifinais. O São Paulo conquistou o título em 2005 contra o Liverpool e o Internacional em 2006 contra o Barcelona. Em 2010 o clube gaúcho caiu na semifinal e pela primeira e única vez na história uma final de Mundial não teve  um representante sul-americano. Em 2011 o Santos foi humilhado pelo Barcelona.

Esta será a 15a. decisão de Mundial envolvendo um brasileiro e um europeu. A vantagem é nossa, pois vencemos oito vezes finais (a última delas em 2006) e perdemos seis (a mais recente ano passado). No confronto geral entre sul-americanos e europeus nos Mundiais a vantagem, entretanto, está com os clubes do velho continente: 25 contra 24 em 49 decisões.

O italiano Milan é o maior vencedor de mundiais na história, com quatro troféus. Mas o futebol brasileiro encabeça o ranking de conquistas por país, ao lado de argentinos e italianos. Foram nove vezes entre os melhores do planeta: três vezes com o São Paulo (1992,93 e 05), duas com o Santos (1962 e 63), e uma vez cada com o Flamengo (1981), Grêmio (1983), Corinthians (2000) e Internacional (2006).

O Corinthians tem a chance de entrar para a galeria dos bi-campeões do mundo, que já possui oito clubes. Caso conquiste a honraria transformará o Brasil no maior vencedor de Mundiais de Clubes, conquista que já possuimos em Copas do Mundo. Argumentos insuficientes para convencer os rivais a apoiar o Timão. Mas que o Corinthians representa o Brasil no Japão é um fato insofismável.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Um novo tempo

"No novo tempo, apesar dos castigos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos". Estes versos da canção homônima ao título desta postagem, de Ivan Lins, sempre vem à tona nesta época em que o ano se encerrra e fazemos votos de felicidades para o próximo que se avizinha. Mas esta canção do tricolor e pianista poderia servir de trilha sonora para o momento que passa o Flamengo, com a vitória consagradora de Eduardo Bandeira de Mello como novo presidente do clube, derrotando por 500 votos de diferença, Patrícia Amorim.

A chapa azul mobilizou milhares de rubro-negros, capitaneados por ninguém menos que Zico, criarem uma verdadeira onda azul que tomou as redes sociais e mobilizou 8 entre 10 torcedores do clube a pedirem votos para Bandeira de Mello. Tudo fruto de uma equipe de notáveis bem sucedidos empresários, todos claro torcedores do Flamengo. Muita gente que sequer tinha direito a voto se mexeu para tentar mudar os rumos do clube de maior torcida do mundo.

Eduardo Bandeira de Mello, o novo presidente do Flamengo

Para um flamenguista, bastaria que Zico pedisse votos para a chapa azul e ele seria escutado. Mas a vitória do grupo esteve longe de ser só por responsabilidade do Galinho de Quintino. Propostas ousadas e condizentes com o tamanho do clube criaram uma onda de expectativa muito positiva em torno do nome de Wallim Vasconcellos (que teve seu nome impugnado dentro do clube) e posteriormente em Eduardo Bandeira de Mello.

Para cada setor dentro do clube, um especialista renomado ficará responsável pou uma vice-presidência. Wallim Vasconcellos será o diretor geral. Luiz Eduardo Baptista, presidente da Sky, deve ser o responsável pelo marketing. Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central, será o presidente do Comitê de Reestruturação da Dívida do clube. Além destes os homens fortes ainda ficarão alocados nas Finaças (Rodrigo Tostes), Comunicação (Gustavo Oliveira) e Esportes Olímpicos (Alexandre Póvoa).

Zico, apoio de peso.

Assim que foi anunciado como vencedor, Bandeira de Mello tratou de explicar como se dará o processo de criação do comitê gestor do futebol, o carro chefe do clube. Uma equipe irá discutir toda semana os rumos do principal esporte do clube. Zico será uma espécie de conselheiro não remunerado e terá influência sobre todos eles. O clube ainda deve definir quem será o vice de futebol e o diretor executivo que devem trabalhar diretamente com Zinho e Dorival Júnior, caso eles fiquem. A tendência é que permaneçam.

O marketing, que deve ter em Luiz Eduardo Baptista e João Henrique Areias seus nomes fortes, já tem dois patrocínos engatilhados, a rede de combustíveis Ale e a montadora de carros Peugeot. Areias deve implantar no clube um novo modelo de patrocínio, criando uma espécie de rodízio entre os patrocinadores master. Cada um ocuparia o principal espaço da camisa a cada quatro meses, pagando o mesmo valor. Vale lembrar que na gestão de Patricia Amorim o clube ficou mais de um ano sem um patrocinador master.

A vitória de Eduardo Bandeira de Mello é histórica, por representar talvez pela primeira vez na história do Flamengo o anseio de seus 40 milhões de torcedores. Também por significar a chegada ao poder de um grupo de pessoas sérias e que desejam modernizar o clube, que vive de relembrar conquistas do passado. Mas, rubro-negros que são, cada um deles sabe que a responsabilidade é grande, e que a cobrança por resultados é implacável. A torcida os colocou lá. E, como bem vimos com Patrícia Amorim, ela é capaz de tirar. Que todos tenham sorte no comando do maior clube brasileiro!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Balanço do Brasileirão 2012





Terminou mais uma edição do principal campeonato de futebol do Brasil. Desta vez a disputa foi menos empolgante, devido à destacada superioridade do Fluminense ao longo da reta final da competição. O título tricolor coroa a equipe mais regular, fato que faz do sistema de pontos corridos o mais adequado para se definir o campeão brasileiro. Já temos mata-mata na Libertadores, Estaduais e Copa do Brasil. Não é adequado alterar esta fórmula de disputa, que completará dez anos em 2013, um recorde na história da competição.


Além do campeão Fluminense, o Atlético-MG (que ressurgiu praticamente das cinzas ao conseguir sua melhor colocação em um Brasileirão desde 1999), o Corinthians e o Palmeiras estarão na fase de grupos da próxima Copa Libertadores e Grêmio e o São Paulo deverão passar pela fase preliminar, erroneamente chamada de Pré-Libertadores. A princípio disputarão a Sul-Americana em 2013, Vasco, Botafogo, Santos, Cruzeiro, Internacional, Flamengo, Náutico e Coritiba. Digo a princípio porque vai depender da configuração da fase final da Copa do Brasil no próximo ano. E foram rebaixados Sport, Palmeiras, Atlético-GO e Figueirense.

No próximo Brasileiro teremos o retorno do campeão da Série B Goiás, além do Atlético-PR, Criciúma e Vitória. Com o panorama de ascensos e descensos, em 2013 teremos cinco clubes representando o estado de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro, dois de Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná. Já os estados de Santa Catarina, Pernambuco e Goiás terão um representante cada.

A seleção do Brasileirão, para o Futebol e Samba:

Goleiro - Diego Cavalieri (Fluminense): Decisivo e regular o campeonato todo. Inquestionável.
Lateral-Direito - Marcos Rocha (Atlético-MG): Importantíssimo no esquema de Cuca, ótimo lateral.
Zagueiro 1 - Gum (Fluminense): Tem limitações, mas fez ótimo campeonato. A raça habitual com gols importantes.
Zagueiro 2 - Leonardo Silva (Atlético-MG): Firme na defesa, surpreendente no ataque. Fez 7 gols.
Lateral-Esquerdo - Carlinhos (Fluminense): Sem ser brilhante foi o menos pior da posição. Estamos carentes neste setor.
Volante 1 - Paulinho (Corinthians): A categoria habitual, marcação segura e saída de bola excelente.
Volante 2 - Jean (Fluminense): O melhor volante do campeonato. O Flu é outro sem ele.
Meia 1 - Lucas (São Paulo): Fará falta enorme ao tricolor. Amadurece a cada jogo.
Meia 2 - Ronaldinho (Atlético-MG): Renasceu no Galo. Brilhou em vários momentos.
Atacante 1 - Bernard (Atlético-MG): Revelação da competição. Joga muita bola o garoto.
Atacante 2 - Fred (Fluminense): Decisivo, artilheiro mortal. O craque do campeonato.
Treinador - Abel Braga (Fluminense): Criticado, mas fez o time do Flu ser o mais competitivo do campeonato.

Que venha o Brasileirão 2013, o campeonato mais equilibrado do planeta! 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sambas-Enredo 2013 - Grupo Especial

Enfim chegou às lojas o CD com os sambas oficias das escolas de samba do Grupo Especial para o carnaval 2013. Nesta segunda, dia seguinte ao Dia Nacional do Samba, como reza a tradição, uma festa servirá de lançamento das obras das 12 agremiações que vão desfilar nos dias 10 e 11 de fevereiro na Marquês de Sapucaí.


Eu considero que a safra de 2013 é certamente uma das mais fracas dos últimos anos, com apenas os sambas de Portela e Vila Isabel fazendo jus aos elogios de sambas bons. Não há uma obra horrorosa, que destoe das demais. As faixas todas são niveladas, infelizmente por baixo. A gravação, como sempre acontece, consegue melhorar alguns sambas ruins na versão concorrente. Vamos à análise de cada faixa:

01. Unidos da Tijuca: A grande campeã de 2012 tem um samba bom para contar o enredo sobre a Alemanha na avenida. É tradição os sambas tijucanos não serem os mais comentados no pertíodo de pré-carnaval, mas crescerem durante os ensaios e renderem bem na avenida. A obra vencedora tem um refrão muito forte e que deve levantar o público no Sambódromo. "Metade do meu coração é Tijuca, a outra metade Tijuca também". Bela interpretação de Bruno Ribas.

02. Salgueiro: Eu disse que os compositores salgueirenses deveriam tirar leite de pedra para fazer um samba sobre a Fama, enredo da escola em 2013. Pois Marcelo Motta e seus parceiros tiraram. A Academia tem um samba muito bom para o carnaval, com destaque para a primeira parte. O trecho que exalta o Salgueiro é de arrepiar, "Tenho fama de fazer história por ser diferente, quem me ama é parte das páginas que escrevi". Não gostei da participção de Xande de Pilares na faixa. Quatro intérpretes é muita coisa!

03. Vila Isabel: Na mina concepção a Vila tem o samba do ano, de autoria da parceria que foi apelidada de "dream team" durante o período de eliminatórias: Arlindo Cruz, Martinho da Vila, André Diniz e Tunico da Vila. Letra e melodia em um casamento perfeito para contar a história do homem do campo no interior do Brasil. Ao contrário de muita gente, discordo de que a participação de Martinho da Vila na faixa ficou estranha. A presença dele e de Arlindo Cruz engrandece ainda mais este maravilhoso samba, candidatíssimo ao Estandarte de Ouro.

04. Beija-Flor: Eu considero o samba da Beija-Flor um dos mais fracos deste ano e também da história da escola. Vai ser muito muito dificil "gritar é campeão", como pede o samba, com um enredo sobre a raça de cavalos mangalarga. Única coisa que salva esta composição é a sempre competente interpretação de Neguinho da Beija-Flor. Também é justo registrar que a gravação melhorou muito a obra em relação à versão concorrente.

05. Grande Rio: Um enredo pra lá de esquisito sobre os royalties do petróleo só poderia dar em um samba esquisito? Não! No caso da agremiação de Caxias a obra surpreende. Longe de ser um primor, mas pelo menos é animado e deve passar bem na avenida. Na verdade o samba enaltece muito mais a escola do que conta o enredo. A volta de Nêgo à escola foi um achado e o novato Emerson Dias não compromete, muito pelo contrário.

06. Portela: Mergulhada na pior crise financeira de sua história, a Portela mostra onde está sua salvação. Um samba espetacular e um enredo sobre o bairro de Madureira que certamente fará muita gente ir às lágrimas quando a escola pisar na avenida. Mais um samba com a grife de Wanderlei Monteiro e seus parceiros. A mesma fórmula usada no sambaço de 2012, com três refrões. Destaque para o principal. Mas como essa diretoria adora fazer uma lambança, mexeram na letra e na melodia do samba. Em vão. A obra continua maravilhosa. Rival da Vila pelo Estandarte de melhor samba.

07. Mangueira: Tal qual a Portela, a Mangueira também está mergulhada em uma enorme crise política-financeira-institucional. Por isso a escola abdicou de homenagear Jamelão (que em 2013 faria 100 anos) para contar a história da cidade de Cuiabá. O samba está longe de ser um primor, mas é muito bom. A gravação ficou bem funcional e os refrões são bem empolgantes. Ivo Meirelles promete colocar duas baterias na avenida.

08. União da Ilha: Um samba decepcionante para um enredo que tinha tudo para render um sambaço: a vida e a obra de Vinicius de Moraes. A Ilha se equivocou muito na escolha deste samba, que é pra lá de comum. Tinham pelo menos dois sambas superiores a este. Para efeito comparativo, o Império Serrano homenageou Vinicius em 2011 e o samba era bem superior. De destaque apenas a sempre brilhante interpretação de Ito Melodia. Uma pena!

09. Mocidade: Os compositores da escola optaram por um samba leve para falar sobre o Rock in Rio. Eu considero o samba da escola bem limitado e o que o faz ele melhorar é a interpretação segura de Luizinho Andanças. A bossa da bateria no refrão do meio no verso "Não... Não existe mais quente" já pegou e deve empolgar na avemida.

10. Imperatriz: Na escola de Ramos aconteceu o mesmo do ocorrido na Ilha. A não escolha do samba de Zé Katimba foi um escândalo. Com todo o respeito aos compositores vencedores, principalmente o Me Leva, u grande ghanhador da escola. O samba não é ruim, mas a Imperatriz, que vinha escolhendo sambas primorosos nos últimos anos, perdeu a chance de ter o samba do ano. Não sei também se vai dar certo a dupla Dominguinhos e Wander Pires na avenida.

11. São Clemente: Eu achei equivocada a escolha da escola de juntar os dois sambas finalistas na final. O samba da parceria de Nelson Amatuzzi era o melhor. Mesmo assim a gravação ficou muito boa e o samba tem a característica principal da São Clemente: é alegre e leve. Com um enredo sobre as telenovelas, o samba usa e abusa dos bordões históricos e dos personagens notáveis. Nota 10 para Igor Sorriso, intérprete da escola.

12. Inocentes de Belford Roxo: A escola que estreia no Grupo Especial escolheu um samba superior a outras obras de escolas tradicionais. E tem um intérprete do primeiro time: Wantuir, que canta o samba ao lado de Thiago Britto. Um samba funcional e alegre para contar o enredo dificil sobre a Coreia do Sul.    

domingo, 2 de dezembro de 2012

A Era Patricia Amorim no Flamengo

Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2009. A maior torcida do Brasil está eufórica. E com toda razão! Afinal, depois de 17 anos de uma agoniosa espera, o Flamengo era o campeão brasileiro de futebol. O hexacampeonato era coroado com uma linda festa no Aterro do Flamengo, em plena segunda-feira. Mas a política do clube também fervia. Naquele início do derradeiro mês de 2009, a vereadora e ex-nadadora do clube Patrícia Amorim se tornava a primeira mulher a presidir o Clube de Regatas do Flamengo.

Suas plataformas de governo eram animadoras e ousadas e suas metas ambiciosas. Tal qual dez entre dez dirigentes do nosso futebol, Patricia queria implantar a profissionalização do clube, em todas as suas esferas. A torcida se animou, pois se tratava de uma renomada ex-atleta. Entretanto, o mandato que chega ao fim agora em 2012 foi um tremendo desastre. Três anos tenebrosos para os 40 milhões de rubro-negros espalhados pelo país.

A gestão de Patricia Amorim foi desastrosa!

Em 2010, seu primeiro ano à frente do clube, ela não teve peito para desfazer a cúpula do futebol que acabara de se sagrar campeã do Brasil depois de muito tempo. Entretanto eram integrantes da antiga diretoria, derrotada nas urnas. Marcos Braz foi mantido e os primeiros meses de 2010 foram caóticos, com as estrelas Adriano e Vagner Love frequentando mais as páginas policiais que as esportivas. Patricia destituiu Braz e mandou embora também Andrade em meio a disputa da Copa Libertadores. Mas o pior ainda estava por vir: a polícia descobriu que o goleiro Bruno, então capitão do time, comandou o assassinato de sua ex-amante, Eliza Samúdio.

O mundo desabava sobre a cabeça de Patricia e ela fez o que nenhum outro dirigente conseguira até então: fazer o ídolo maior da nação Zico, assumir um cargo dentro do clube. Como novo executivo do futebol o Galinho de Quintino foi fritado o tempo todo por integrantes do Conselho do clube, principalmente pelo polêmico Leonardo Ribeiro, o capitão Léo. O dirigente acusou Zico de lesar os cofres do clube depois da parceria com o CFZ, o que fez o ex-jogador sair do clube pela porta dos fundos. Uma humilhação que Zico não merecia passar.

Zico não recebeu o tratamento que um ídolo merece!

2011 foi mais tranquilo, ou menos caótico. Patricia chegou a cair nas graças da torcida ao trazer ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho no início do ano. Vanderlei Luxemburgo já era o técnico da equipe e o Fla conquistou seu único título na gestão da presidente no futebol: o Carioca de maneira invicta. O clube também conseguiu retornar à Libertadores ao terminar o Brasileiro no G4.

Entretanto a falta de comando no futebol e um departamento de marketing altamente incompetente fizeram o sonho de ter Ronaldinho se transformar em um verdadeiro pesadelo. A parceria com a Traffic (responsável por pagar a maior parte dos vencimentos do jogador) caiu por terra e os salários passaram a atrasar. O jogador passou a não se dedicar como deveria e as brigas com Luxa se intensificaram. O ano acabou mal e 2012 se anunciava pior.

Ainda na pré-temporada do clube, o Fla perdeu Thiago Neves para o rival Fluminense e Ronaldinho e Luxemburgo romperam de vez. O treinador acabou demitido depois de classificar o time para a fase de grupos da Libertadores e Ronaldinho ganhou carta branca para fazer o que bem entendia. O que se viu na principal competição do ano foi uma campanha vexatória, com a eliminação ainda na primeira fase.  O então camisa 10 rubro-negro deixou o clube da pior maneira possível, ao acionar o Flamengo na justiça e cobrar uma dívida de R$ 40 milhões por quebra de contrato. O time se esfacelou ao longo da temporada, chegando a brigar contra o rebaixamento. O ano termina de forma melancólica para o torcedor, uma tônica nos três anos de gestão Patricia Amorim.

Ronaldinho chegou como ídolo e saiu colocando o clube na justiça!

A realidade é que a presidente se perdeu desde os primeiros dias de mandato e suas virtudes foram apenas iniciar a construção do CT em Vargem Grande, modernizar a sede social da Gávea, colocar o competente Zinho como gestor do futebol e recolocar o Flamengo nos trilhos das conquistas no esporte amador. É muito pouco em três anos de mandato. E é muito provável que ele esteja acabando.

Pesquisas internas dão conta de uma consagradora vitória da Chapa Azul, chefiada pelo empresário Eduardo Bandeira de Mello, no pleito desta segunda na Gávea. Um duro golpe no grupo político de Patricia. Notícias de bastidores apontaram de que a quase ex-presidente tentou uma desesperada cartada final de se unir com Bandeira de Mello ou Jorge Rodrigues (Chapa Rosa), mas os integrantes de ambas descartaram. 

Para o torcedor do Flamengo, Patrícia Amorim já vai tarde.