domingo, 2 de dezembro de 2012

A Era Patricia Amorim no Flamengo

Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2009. A maior torcida do Brasil está eufórica. E com toda razão! Afinal, depois de 17 anos de uma agoniosa espera, o Flamengo era o campeão brasileiro de futebol. O hexacampeonato era coroado com uma linda festa no Aterro do Flamengo, em plena segunda-feira. Mas a política do clube também fervia. Naquele início do derradeiro mês de 2009, a vereadora e ex-nadadora do clube Patrícia Amorim se tornava a primeira mulher a presidir o Clube de Regatas do Flamengo.

Suas plataformas de governo eram animadoras e ousadas e suas metas ambiciosas. Tal qual dez entre dez dirigentes do nosso futebol, Patricia queria implantar a profissionalização do clube, em todas as suas esferas. A torcida se animou, pois se tratava de uma renomada ex-atleta. Entretanto, o mandato que chega ao fim agora em 2012 foi um tremendo desastre. Três anos tenebrosos para os 40 milhões de rubro-negros espalhados pelo país.

A gestão de Patricia Amorim foi desastrosa!

Em 2010, seu primeiro ano à frente do clube, ela não teve peito para desfazer a cúpula do futebol que acabara de se sagrar campeã do Brasil depois de muito tempo. Entretanto eram integrantes da antiga diretoria, derrotada nas urnas. Marcos Braz foi mantido e os primeiros meses de 2010 foram caóticos, com as estrelas Adriano e Vagner Love frequentando mais as páginas policiais que as esportivas. Patricia destituiu Braz e mandou embora também Andrade em meio a disputa da Copa Libertadores. Mas o pior ainda estava por vir: a polícia descobriu que o goleiro Bruno, então capitão do time, comandou o assassinato de sua ex-amante, Eliza Samúdio.

O mundo desabava sobre a cabeça de Patricia e ela fez o que nenhum outro dirigente conseguira até então: fazer o ídolo maior da nação Zico, assumir um cargo dentro do clube. Como novo executivo do futebol o Galinho de Quintino foi fritado o tempo todo por integrantes do Conselho do clube, principalmente pelo polêmico Leonardo Ribeiro, o capitão Léo. O dirigente acusou Zico de lesar os cofres do clube depois da parceria com o CFZ, o que fez o ex-jogador sair do clube pela porta dos fundos. Uma humilhação que Zico não merecia passar.

Zico não recebeu o tratamento que um ídolo merece!

2011 foi mais tranquilo, ou menos caótico. Patricia chegou a cair nas graças da torcida ao trazer ninguém menos que Ronaldinho Gaúcho no início do ano. Vanderlei Luxemburgo já era o técnico da equipe e o Fla conquistou seu único título na gestão da presidente no futebol: o Carioca de maneira invicta. O clube também conseguiu retornar à Libertadores ao terminar o Brasileiro no G4.

Entretanto a falta de comando no futebol e um departamento de marketing altamente incompetente fizeram o sonho de ter Ronaldinho se transformar em um verdadeiro pesadelo. A parceria com a Traffic (responsável por pagar a maior parte dos vencimentos do jogador) caiu por terra e os salários passaram a atrasar. O jogador passou a não se dedicar como deveria e as brigas com Luxa se intensificaram. O ano acabou mal e 2012 se anunciava pior.

Ainda na pré-temporada do clube, o Fla perdeu Thiago Neves para o rival Fluminense e Ronaldinho e Luxemburgo romperam de vez. O treinador acabou demitido depois de classificar o time para a fase de grupos da Libertadores e Ronaldinho ganhou carta branca para fazer o que bem entendia. O que se viu na principal competição do ano foi uma campanha vexatória, com a eliminação ainda na primeira fase.  O então camisa 10 rubro-negro deixou o clube da pior maneira possível, ao acionar o Flamengo na justiça e cobrar uma dívida de R$ 40 milhões por quebra de contrato. O time se esfacelou ao longo da temporada, chegando a brigar contra o rebaixamento. O ano termina de forma melancólica para o torcedor, uma tônica nos três anos de gestão Patricia Amorim.

Ronaldinho chegou como ídolo e saiu colocando o clube na justiça!

A realidade é que a presidente se perdeu desde os primeiros dias de mandato e suas virtudes foram apenas iniciar a construção do CT em Vargem Grande, modernizar a sede social da Gávea, colocar o competente Zinho como gestor do futebol e recolocar o Flamengo nos trilhos das conquistas no esporte amador. É muito pouco em três anos de mandato. E é muito provável que ele esteja acabando.

Pesquisas internas dão conta de uma consagradora vitória da Chapa Azul, chefiada pelo empresário Eduardo Bandeira de Mello, no pleito desta segunda na Gávea. Um duro golpe no grupo político de Patricia. Notícias de bastidores apontaram de que a quase ex-presidente tentou uma desesperada cartada final de se unir com Bandeira de Mello ou Jorge Rodrigues (Chapa Rosa), mas os integrantes de ambas descartaram. 

Para o torcedor do Flamengo, Patrícia Amorim já vai tarde.

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