segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sambas-Enredo 2013 - Grupo Especial

Enfim chegou às lojas o CD com os sambas oficias das escolas de samba do Grupo Especial para o carnaval 2013. Nesta segunda, dia seguinte ao Dia Nacional do Samba, como reza a tradição, uma festa servirá de lançamento das obras das 12 agremiações que vão desfilar nos dias 10 e 11 de fevereiro na Marquês de Sapucaí.


Eu considero que a safra de 2013 é certamente uma das mais fracas dos últimos anos, com apenas os sambas de Portela e Vila Isabel fazendo jus aos elogios de sambas bons. Não há uma obra horrorosa, que destoe das demais. As faixas todas são niveladas, infelizmente por baixo. A gravação, como sempre acontece, consegue melhorar alguns sambas ruins na versão concorrente. Vamos à análise de cada faixa:

01. Unidos da Tijuca: A grande campeã de 2012 tem um samba bom para contar o enredo sobre a Alemanha na avenida. É tradição os sambas tijucanos não serem os mais comentados no pertíodo de pré-carnaval, mas crescerem durante os ensaios e renderem bem na avenida. A obra vencedora tem um refrão muito forte e que deve levantar o público no Sambódromo. "Metade do meu coração é Tijuca, a outra metade Tijuca também". Bela interpretação de Bruno Ribas.

02. Salgueiro: Eu disse que os compositores salgueirenses deveriam tirar leite de pedra para fazer um samba sobre a Fama, enredo da escola em 2013. Pois Marcelo Motta e seus parceiros tiraram. A Academia tem um samba muito bom para o carnaval, com destaque para a primeira parte. O trecho que exalta o Salgueiro é de arrepiar, "Tenho fama de fazer história por ser diferente, quem me ama é parte das páginas que escrevi". Não gostei da participção de Xande de Pilares na faixa. Quatro intérpretes é muita coisa!

03. Vila Isabel: Na mina concepção a Vila tem o samba do ano, de autoria da parceria que foi apelidada de "dream team" durante o período de eliminatórias: Arlindo Cruz, Martinho da Vila, André Diniz e Tunico da Vila. Letra e melodia em um casamento perfeito para contar a história do homem do campo no interior do Brasil. Ao contrário de muita gente, discordo de que a participação de Martinho da Vila na faixa ficou estranha. A presença dele e de Arlindo Cruz engrandece ainda mais este maravilhoso samba, candidatíssimo ao Estandarte de Ouro.

04. Beija-Flor: Eu considero o samba da Beija-Flor um dos mais fracos deste ano e também da história da escola. Vai ser muito muito dificil "gritar é campeão", como pede o samba, com um enredo sobre a raça de cavalos mangalarga. Única coisa que salva esta composição é a sempre competente interpretação de Neguinho da Beija-Flor. Também é justo registrar que a gravação melhorou muito a obra em relação à versão concorrente.

05. Grande Rio: Um enredo pra lá de esquisito sobre os royalties do petróleo só poderia dar em um samba esquisito? Não! No caso da agremiação de Caxias a obra surpreende. Longe de ser um primor, mas pelo menos é animado e deve passar bem na avenida. Na verdade o samba enaltece muito mais a escola do que conta o enredo. A volta de Nêgo à escola foi um achado e o novato Emerson Dias não compromete, muito pelo contrário.

06. Portela: Mergulhada na pior crise financeira de sua história, a Portela mostra onde está sua salvação. Um samba espetacular e um enredo sobre o bairro de Madureira que certamente fará muita gente ir às lágrimas quando a escola pisar na avenida. Mais um samba com a grife de Wanderlei Monteiro e seus parceiros. A mesma fórmula usada no sambaço de 2012, com três refrões. Destaque para o principal. Mas como essa diretoria adora fazer uma lambança, mexeram na letra e na melodia do samba. Em vão. A obra continua maravilhosa. Rival da Vila pelo Estandarte de melhor samba.

07. Mangueira: Tal qual a Portela, a Mangueira também está mergulhada em uma enorme crise política-financeira-institucional. Por isso a escola abdicou de homenagear Jamelão (que em 2013 faria 100 anos) para contar a história da cidade de Cuiabá. O samba está longe de ser um primor, mas é muito bom. A gravação ficou bem funcional e os refrões são bem empolgantes. Ivo Meirelles promete colocar duas baterias na avenida.

08. União da Ilha: Um samba decepcionante para um enredo que tinha tudo para render um sambaço: a vida e a obra de Vinicius de Moraes. A Ilha se equivocou muito na escolha deste samba, que é pra lá de comum. Tinham pelo menos dois sambas superiores a este. Para efeito comparativo, o Império Serrano homenageou Vinicius em 2011 e o samba era bem superior. De destaque apenas a sempre brilhante interpretação de Ito Melodia. Uma pena!

09. Mocidade: Os compositores da escola optaram por um samba leve para falar sobre o Rock in Rio. Eu considero o samba da escola bem limitado e o que o faz ele melhorar é a interpretação segura de Luizinho Andanças. A bossa da bateria no refrão do meio no verso "Não... Não existe mais quente" já pegou e deve empolgar na avemida.

10. Imperatriz: Na escola de Ramos aconteceu o mesmo do ocorrido na Ilha. A não escolha do samba de Zé Katimba foi um escândalo. Com todo o respeito aos compositores vencedores, principalmente o Me Leva, u grande ghanhador da escola. O samba não é ruim, mas a Imperatriz, que vinha escolhendo sambas primorosos nos últimos anos, perdeu a chance de ter o samba do ano. Não sei também se vai dar certo a dupla Dominguinhos e Wander Pires na avenida.

11. São Clemente: Eu achei equivocada a escolha da escola de juntar os dois sambas finalistas na final. O samba da parceria de Nelson Amatuzzi era o melhor. Mesmo assim a gravação ficou muito boa e o samba tem a característica principal da São Clemente: é alegre e leve. Com um enredo sobre as telenovelas, o samba usa e abusa dos bordões históricos e dos personagens notáveis. Nota 10 para Igor Sorriso, intérprete da escola.

12. Inocentes de Belford Roxo: A escola que estreia no Grupo Especial escolheu um samba superior a outras obras de escolas tradicionais. E tem um intérprete do primeiro time: Wantuir, que canta o samba ao lado de Thiago Britto. Um samba funcional e alegre para contar o enredo dificil sobre a Coreia do Sul.    

Nenhum comentário: