quarta-feira, 27 de junho de 2012

Por que não?

Volta e meia o debate acerca da vinda de treinadores estrangeiros para o futebol brasileiro volta à tona. Recentemente vários jornalistas sugeriram que Josep Guardiola, que deixou recentemente o Barcelona, viesse treinar a seleção brasileira. Agora o São Paulo, que demitiu Leão, e o Flamengo, que já decidiu se livrar de Joel Santana, sofrem com a falta de boas opções no mercado. Então este post elucida a questão: por que não investir em nomes estrangeiros?

Os mais céticos irão defender a tese de que jamais (ou raramente) um treinador de fora conseguiu realizar bons trabalhos no Brasil. O caso mais clássico aconteceu no Corinthians de 2005, quando o clube montou um elenco galáctico e optou pelo treinador argentino Daniel Passarela, que muito vaidoso brigou com as principais estrelas do time e o Timão só se acertou após a saída do técnico.


Entretanto eu vejo uma crise de técnicos no atual cenário do futebol brasileiro. Quantos são hoje em dia os bons nomes no mercado brasileiro? Há hoje alguns consagrados, mas decadentes na minha visão: casos de Felipão e Luxemburgo. Há também nomes que vêm se mantendo no topo ao montar bons times, casos de Muricy Ramalho, Dorival Júnior, Cuca e Abel Braga. E pronto. Acabaram as opções competentes. E aí quando um clube se desfaz de um treinador fica sem boas opções de reposição!

O Flamengo sonha com o argentino Jorge Sampaoli (atualmente na Universidad de Chile) e o São Paulo sondou o português André Villas-Boas, que esteve recentemente no comando do Chelsea-ING. Eu acho uma excelente ideia trazer nomes estrangeiros para os grandes clubes e até para a seleção brasileira. O futebol brasileiro carece de uma nova mentalidade, principalmente no aspecto tático. Os esquemas atuais só primam pelo defensivismo. A chegada de nomes de fora poderia ser um rasgo de renovação. Eu apoio a vinda dos professores estrangeiros!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Devorador de brasileiros

Nesta quarta começa a decisão de mais uma Copa Libertadores de América entre dois opostos: de um lado o hexacampeão e deca-finalista, Boca Juniors, o maior clube das Américas. Do outro o Corinthians, que no território nacional é um gigante, mas ainda luta por sua primeira Libertadores e estreia em decisões desta competição. Se o adversário mete medo por si só o temor tende a aumentar se for posto na mesa o desempenho dos xeneizes diante dos clubes brasileiros e do próprio Corinthians.

Diante do clube de maior torcida do estado de São Paulo o Boca jamais perdeu. Eles se encontraram em quatro oportunidades. Na Copa Libertadores de 1991 o confronto valia vaga nas quartas de final. O Boca fez 3 a 1 na Bombonera e garantiu a vaga fora de casa, ao empatar por 1 a 1. E pela Copa Mercosul de 2000 eles caíram juntos no grupo D. Os argentinos venceram na Argentina (3 a 0) e empataram em São Paulo: 2 a 2.

Em sua 23a. vez disputando a Libertadores, o Boca tem muito mais a sorrir que a chorar ao defrontar clubes brasileiros. O retrospecto em jogos eliminatórios então é amplamente favorável aos argentinos. Foram já 14 encontros em mata-matas entre o Boca e times brasileiros. E os xeneizes levaram a melhor nada menos que 12 vezes. Apenas o Santos (na decisão de 1963) e o Fluminense (na semifinal de 2008) eliminaram o Boca Juniors em Copas Libertadores.

Contra brasileiros, o Boca comemora mais do que chora!
Além do Santos de Pelé, o Boca encontrou em finais de Libertadores o Cruzeiro, em 1977, o Palmeiras, em 2000, o próprio Santos novamente, em 2003 e o Grêmio, em 2007. Venceu todos até com certa facilidade, exceção feita a Cruzeiro e Palmeiras que venderam caro o vice-campeonato.

O Corinthians tentará fazer o que apenas Santos (em 1963), Paysandu (em 2003) e o Fluminense (em 2012) conseguiram em Copas Libertadores: vencer um jogo na Bombonera. Diante de equipes brasileiras foram 18 partidas na Argentina, com 10 vitórias, 05 empates e as já citadas três derrotas. Sem dúvida não é uma fácil missão.

O retrospecto assustadoramente positivo diante dos brasileiros é mais um grande desafio para este Corinthians que se mostra a cada dia mais cascudo. Eu não vejo favoritismo para nenhum lado nesta final, analisando apenas os times atuais, esquecendo-se o histórico e o retrospecto. Tudo vai depender do resultado da Bombonera. Se o Timão construir um  resultado reversível em casa sai em vantagem, aliás a única desta decisão: decidir em casa! Será o Corinthians o primeiro a vencer uma final diante do Boca em quase 50 anos? Aguardemos....

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A fase final da Eurocopa

Eu confesso aos leitores do Futebol e Samba que a fase de grupos da Euro-2012 me surpreendeu positivamente. Esperava jogos chatos até a chegada da fase final, que se inicia nesta quinta. Mas me enganei. Tivemos partidas empolgantes, com algumas zebras e decepções. Para mim a grande frustração da competição foi a Holanda, que chegou como vice-campeã da última Copa e acabou sucumbindo com três derrotas no grupo da morte, que ainda tinha Alemanha, Dinamarca e Portugal. 

E a grande surpresa acabou rolando no Grupo A, de uma das anfitriãs Polônia. Quando todos acreditavam que passariam o bom time da Rússia e os polonoses, deu Grécia e República Tcheca. Aliás as duas anfitriãs da competição estão eliminadas e seleções de tradição seguem na disputa. Vamos à ánalise dos confrontos:

Alemães jogaram o melhor futebol da fase de grupos

República Tcheca x Portugal: Os tchecos se classificaram na bacia das almas depois de uma improvável vitória na última rodada contra a favorita Rússia. Terminaram na liderança do grupo, mas vão cruzar com Portugal de Cristiano Ronaldo. Os portugueses são favoritos na minha opinião, ainda mais depois que o gajo mostrou o futebol apresentado no Real Madrid. 

Espanha x França: Duelo curioso este. De um lado a campeã do mundo e da última Euro, que tem Iniesta, Xavi e outras estrelas, mas que nesta competição ainda não jogou tudo que pode. De outro lado a outrora patinho feio França, mas que fez bons jogos na fase de grupos e vem fazendo um interessante trabalho de renovação. É o confronto da afirmação espanhola contra a juventude esperançosa francesa. Eu acho que vai pesar a experiência e o futebol mágico da Espanha.

Alemanha x Grécia: Confronto da melhor seleção da primeira fase contra a pior. Os gregos só passaram para a fase de mata-mata porque os deuses do futebol assim quiseram. Já os alemães foram soberanos no jogo diante da Holanda e derrotaram ainda portugueses e dinamarqueses. A minha favorita para a conquista do título segue sendo a Alemanha, que para mim tem a melhor seleção do mundo hoje.

Inglaterra x Itália: Este é o cruzamento mais equilibrado das quartas de final desta Euro. Ambas chegaram desacreditadas e passaram de fase. Os ingleses acabaram como líderes de um grupo que tinha França e a anfitriã Ucrânia. Já os italianos têm uma camisa que hoje é mais forte que o próprio time. Não dá para desprezar nenhuma das duas e acredito que esta vaga possa ser decidida nos pênaltis. Para não ficar em cima do muro aposto nos ingleses, mas é mero chute!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Corinthians x Santos, o maior da história




O clássico dos alvinegros paulistas Corinthians e Santos é o mais antigo de São Paulo. Quando adentrarem o gramado da Vila Belmiro nesta quarta para começarem a definir qual será o representante do Brasil na grande final da Libertadores-2012, os rivais estarão se enfrentando pela 307ª vez na história. Ela começou a ser escrita no dia 22 de junho de 1913, há quase 100 anos. O Santos derrotou o Corinthians pelo placar de 6 a 3 pelo Paulistão em jogo realizado no estádio Palestra Itália. De lá pra cá foram algumas goleadas históricas de lado a lado, tabus polêmicos e poucas decisões diretas entre eles. Mas o grande duelo da história sem dúvida deve acontecer a partir desta quarta às 22h primeiro na Vila Belmiro e depois no Pacaembu. Pela primeira vez um confronto internacional entre Corinthians e Santos.


O grande molho desta rivalidade entre santistas e corinthianos sem dúvida alguma são os jejuns de vitórias que um impôs ao outro ao longo desta tradicional rivalidade. Os torcedores do Santos provocam os do Corinthians ao relembrar que entre 1956 e 1968 o time da capital não ganhou sequer uma partida do alvinegro praiano. Não por coincidência foi o período do auge de Pelé e do maior time da história santista. Aliás o rei do futebol tem uma impressionante marca diante do Corinthians: 50 gols em 50 jogos. Recorde sul-americano de um jogador contra um único time. Foram 22 jogos de sofrimento para o Corinthians, encerrados no dia 06 de março de 1968, depois de um 2 a 0 para o Corinthians no Pacaembu, com direito a presença do rei Pelé em campo. Uma outra curiosidade envolvendo Pelé e o Timão é que enquanto o rei esteve em atividade, o Corinthians jamais conquistou um título. Só voltou a vencer em 1977, 12 dias depois que Pelé encerrou a carreira.

Mas como toda boa rivalidade, os corinthianos contestam alguns números do tabu santista, alegando que em quatro jogos durante este período o Corinthians derrotou o rival. Foram em partidas do Torneio RJ-SP, que na época eram muito esvaziados e portanto pouca gente se lembra. Mas o Corinthians impôs ao Santos uma longa fila de derrotas também. Entre 1976 e 1983, foram 20 jogos sem um triunfo santista.

Outro tempero a esta grande rivalidade são as goleadas. A maior da história do clássico pertence ao Corinthians, que venceu o rival por 11 a 0  em 1920 em plena Vila Belmiro. Mas os corinthianos não se esquecem mesmo é do épico 7 a 1, aplicado nos santistas em novembro de 2005, ano em que o Corinthians foi tetra-campeão brasileiro, com direito a três gols de Carlitos Tevez. Por conta deste jogo, os corinthianos até hoje levam para os estádios em dias de confrontos entre os dois a faixa "Eterno 7x1". A favor do Santos, além do 6 a 3 da partida inaugural, houve a acachapante goleada pelo Paulistão de 1964, quando o Santos derrotou o Corinthians por 7 a 4.

O histórico do duelo Corinthians x Santos registra 306 partidas, com 125 vitórias do Timão e 96 do Santos, além de 85 empates. Mas no placar de decisões a vantagem é santista, pois em 10 finais de campeonato deu Santos em seis oportunidades. Os corinthianos levaram a melhor na Copa Bandeirantes (1994) e Taça São Paulo (1962) - torneios amistosos - e nos Paulistas de 1930 e 2009. Já o Santos se sagrou campeão sobre o rival em um torneio amistoso de verão em 1996 e na Copa SP de futebol júnior em 1984. Pelo Paulistão foram campeões em 1935, 1984 e 2011. E no grande confronto entre os rivais até então, em 2002, também deu Santos. Pela final do Campeonato Brasileiro de 2002, os meninos da Vila Diego e Robinho derrotaram o Corinthians de Parreira e conquistaram o título do Campeonato Brasileiro, após 34 anos de jejum.

Temperos e história de um grande jogo e uma grande rivalidade. E agora Corinthians x Santos iniciam o duelo do século!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Há 2 anos da Copa, começa a nascer um time

Daqui há exatos dois anos, em 12 de junho de 2014, a seleção brasileira estreia na Copa do Mundo jogando na cidade de São Paulo. E os últimos amistosos realizados pelo time de Mano Menezes clarearam muito a ideia de time que estava meio perdida desde que o ex-treinador do Corinthians assumiu o time depois da saída de Dunga. E ficou clara a necessidade de apostar na garotada e mescla-lá com os mais experientes. É um primeiro esboço do que traremos para a nossa Copa.

Quando se trata de jogos da seleção brasileira, ainda mais neste momento de transição, é preciso analisar muito mais o desempenho do que o resultado em si. Nestes quatro amistosos realizados nos últimos 15 dias, foram duas vitórias e duas derrotas. Marcamos 10 gols e sofremos 8 gols, deixando claro que a deficiência maior de nosso time olímpico está na defesa. Principalmente se não pudermos contar com Thiago Silva, David Luiz ou Dedé em Londres. A lateral-direita também vive uma crise. Mas o time foi bem do meio para frente, com boas atuações na maioria dos jogos.

A base da seleção brasileira deve ser de garotos
 
Analisando as atuações da seleção nestas partidas, na minha opinião elas deixaram boa impressão, exceção feita ao México, onde realmente o time foi apático. As vitórias diante de Dinamarca e EUA foram convincentes. Não concordo com o argumento de que são seleções fracas. Para efeito de exemplificação, a Dinamarca derrotou a Holanda, vice-campeã do mundo, na estreia da Eurocopa. E o duelo contra os argentinos foi muito equilibrado. Vale lembrar que a Argentina atuou com sua seleção principal completa e contou com a genialidade de Messi para vencer um jogo em que foi inferior à seleção brasileira.

Esboçando o time principal para depois das Olimpíadas vejo que precisamos de definir as peças principalmente no setor defensivo. Afinal não temos um goleiro 100% confiável ainda, além de um lateral-direito e a dupla de volantes. No caso dos homens de contenção o próprio Mano ainda não definiu se vai optar por jogadores mais destruidores ou atletas que deem qualidade em nossa saída de bola. Daí pra frente vejo um time mais coeso, principalmente depois da chegada de Oscar. A grande incógnita é Paulo Henrique Ganso e suas lesões. Eu vejo vaga para ambos como titulares. O ataque é Neymar e mais um centro-avante. Aí temos opções de sobra: Fred, Hulk e Damião (os mais chamados) ou ainda os tarimbados Vágner Love e Luís Fabiano. Há uma luz no fim do túnel!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Euro-2012 e as tendências para 2014

Tal qual ocorreu nas Copas da Alemanha em 2006 e da África do Sul em 2010, a Eurocopa-2012 que se inicia nesta sexta com jogos na Ucrânia e na Polônia, representa muito mais que um torneio de futebol entre as principais seleções do continente europeu. Os países sedes, ao receberem um evento desta magnitude, indicam ter superado os traumas políticos, étnicos e sociais que tanto abalaram suas histórias ao longo de anos.

Os ucranianos sofreram os efeitos das transformações políticas da Europa desde a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), passando pela Segunda Guerra (1939-1945) até chegar à separação da URSS com o colapso da mesma em 1991. Já os poloneses foram um dos povos mais exterminados pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler, chegando a 6  milhões de mortos. Ironia do destino, os alemães treinam para a Euro justamento no local em que eclodiu o conflito, em 1939 .

Falando exclusivamente de futebol, considero os alemães e espanhois como os adversários a serem batidos nesta edição da Euro. A Espanha dispensa apresentações por ser a atual campeão do mundo e da própria Euro, além de contar com estrelas do quilate de Xavi e Iniesta, mas é bom lembrar que Lionel Messi é argentino e está fora da competição. A Alemanha tem na minha opinião o time mais equilibrado do mundo, com pouquíssimas disparidades entre seus setores no campo. Destaques para o goleiro Neuer, o defensor e capitão Philipp Lahm e os meias Schweinsteiger e Özil.

Em 2008 o troféu ficou com a Espanha

Vice-campeões do mundo na África do Sul, os holandeses podem sonhar com o título depois de caírem na semifinal em 2008. Mas considero a Holanda em crise devido à má fase de seus principais jogadores. Portugal deposita todas as suas fichas no super-astro Cristiano Ronaldo, e caso o jogador do Real Madrid finalmente faça um bom papel na seleção, dificilmente não levará o troféu de melhor do mundo em 2012. As seleções de Inglaterra, França e principalmente Itália apenas sonham com o título, uma vez que vivem uma entre-safra e contam com poucos jogadores talentosos.

A Eurocopa foi criada em 1960 e foi disputada pela primeira vez na França, quando a URSS terminou campeã. O maior artilheiro da história da competição é o francês Michel Platini, que marcou nove gols na edição de 1984, quando a França se sagrou campeã. Os alemães sãos os maiores vencedores da Euro com três conquistas (1972, 1980 e 1996), além de outros três vice-campeonatos (1976, 1992 e 2008). É pouco provável que um dos anfitriões (Polônia e Ucrânia) saiam campeões este ano. Na verdade isto ocorreu em apenas três oportunidades, com a Espanha (1964), Itália (1968) e França (1984).

Quando a bola rolar nesta sexta às 13h (horário de Brasília) para a abertura da Euro-2012 com o jogo Polônia x Grécia no Estádio Nacional de Varsóvia, os olhos do mundo estarão voltados para a principal competição entre seleções no mundo, depois claro da Copa do Mundo. E já poderemos visualizar as primeiras tendências para o Mundial de 2014, que será no Brasil.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Ronaldim Mineiro

E tal qual um velocista, Ronaldinho Gaúcho mal rescindiu seu contrato com o Flamengo e já desembarcou em Belo Horizonte para acertar sua transferência com o Atlético Mineiro, clube detentor de poucos títulos de expressão, mas que tem uma torcida apaixonada e exigente. Portanto não pense R10 que terá moleza no Galo, porque isso ele não vai ter mesmo. Será tão cobrado quanto era no Flamengo.

Agora o torcedor atleticano, que antes de saber do acerto oficial rejeitava o craque em quase 70%, se pergunta: qual Ronaldinho pode estrear nesta quarta? Aquele de lampejos no Fla, como na partida diante do Santos ou Lanús, ou aquele que chegava para treibnar bêbado e nitidamente se arrastava em campo? Porque me parece claro que aquele do Barcelona vai ficar na nossa memória apenas.


Respostas para as indagações acima só podem ser dadas pelo próprio jogador, e em campo, como ele mesmo disse em sua coletiva de apresentação. Sim, porque o R10 ainda tem muito potencial para desfilar seu futebol aqui nos gramados brasileiros. É uma aposta, como era no Flamengo em janeiro de 2011 e o próprio presidente atleticano, Alexandre Kali, em meio a uma série de bobagens, disse rezar para dar certo. A questão é mais de reza do que crença real mesmo!

O Atlético se precaveu e elaborou um contrato que perde a validade assim que o Flamengo conseguir caçar a liminar que deu a Ronaldinho a liberdade de acertar com qualquer clube. Os valores divulgados pela imprensa mineira dão conta de que Ronaldinho não ganhará mais do que R$ 400 mil, desvalorização superior a 30% em relação a seu salário no Fla. Cansada de tantas decepções a torcida atleticana já deu indícios de que receberá Ronaldinho de braços abertos: os ingressos para a provável estreia contra o Bahia estão esgotados!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Os golaços de Portela e Ilha

O carnaval 2012 já ficou para trás há tempos e a maioria das agremiações do Grupo Especial já têm enredos definidos e sinopses divulgadas. E se neste ano uma safra de temas interessante produziu sambas-enredos que há anos não víamos, as definições para 2013 são desanimadoras. Algumas escolas optaram por temas esdrúxulos como falar de cavalo, do Rock in Rio  ou de cidades brasileiras que nenhuma identificação têm com a cultura carnavalesca. Exceção feita a três agremiações: as tradicionais Portela e União da Ilha, além da irreverente São Clemente!

A escola que mais títulos possui no carnaval carioca irá tratar em 2013 do bairro de Madureira, onde a quadra da escola fica localizada. Um golaço! Tal qual aconteceu em 2012, possivelmente teremos outro sambaço da Portela para o ano que vem. A sinopse já divulgada fez muita gente amante do samba se arrepiar (inclusive este blogueiro), principalmente porque Paulinho da Viola será uma espécie de condutor do enredo, tal qual Clara Nunes fora este ano. Bela sacada do competente Paulo Menezes. Toda sorte do mundo à ala de compositores da Portela!
 Logo e título do enredo da Ilha para 2013

 
Já a mais simpática das escolas de samba cariocas optou por levar para a venida em 2013 a vida e a obra do poetinha Vinicius de Moraes. O branco mais preto do Brasil, como o próprio costumava se definir. A passagem do poetinha na Marquês de Sapucaí não chega a ser inédita e há apenas dois anos (2011) o Império Serrano o homenageou. Mas ser retratado por uma escola que está no Grupo Especial e que se mostra a cada ano mais forte é algo que faz justiça a um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Estou ansioso por ver a safra de sambas da União da Ilha.

 A irreverente São Clemente, que resgatou esta identidade desde que retornou ao Grupo Especial pela última vez em 2011, optou por falar de uma das maiores paixões do povo brasileiro, depois do carnaval e do futebol: as telenovelas. Já imagino o que o jovem Fábio Ricardo poderá explorar na avenida com os notáveis personagens de nossa dramaturgia. E a criativa ala de compositores da escola têm um belíssimo material nas mãos! Vai ser um barato ver a São Clemente em 2013!

Infelizmente a empolgação com os enredos se encerram por aqui. As demais escolas do Grupo Especial parecem reféns de enredos patrocinados. Até a Mangueira, que liderava uma espécie de bandeira da resistência cultural através de seus enredos, optou por contar a história da cidade de Cuiabá, capital do estado do Mato Grosso. Nada contra a cidade, mas 2013 marca o centenário de nascimento de Jamelão, e a Mangueira, tal qual fizera em 2008 com o centenário de Cartola, perde uma grande chance. O Salgueiro, outra tradicional agremiação, anunciou há poucos dias que falará sobre a fama, em um enredo patrocinado pela revista Caras. Perdem o carnaval e a cultura brasileiros! Ainda bem que temos Portela e União da Ilha!   

sexta-feira, 1 de junho de 2012

No fim da relação, todos culpados

Diz a sabedoria popular que quando um não quer dois não brigam! A frase resume bem o fim do casamento entre Flamengo e Ronaldinho Gaúcho. Como toda relação humana desgastada por traições, desconfianças e erros de parte a parte, ela chegou ao fim depois que o jogador acionou o clube na justiça e exige agora R$ 40 milhões de indenização por quebra de contrato, alega a defesa do atleta. O Flamengo, claro, noticiou que vai recorrer e não concorda com o valor exigido.

A verdade é que Ronaldinho jamais foi um atleta profissional desde que chegou ao Flamengo, em janeiro de 2011. Contam-se nos dedos de uma mão as atuações do jogador compatíveis com o seu salário e a fama criada na Europa, justamente que se diga. O gaúcho se destacou muito mais em baladas noturnas que em jogos e treinamentos. Brigou com os dois treinadores do Flamengo (Joel Santana e Vanderlei Luxemburgo) em 2012, faltou a treinamentos, ameaçou não viajar para partidas internacionais. Uma coleção de atitudes que depreciaram a imagem de uma das maiores instituições esportivas do planeta.

Mas o Flamengo também pisou na bola com Ronaldinho, e muito. Primeiro ao ser parternalista com as regalias dadas ao jogador. Ele se sentiu maior que o clube, o que é um erro grave. O Fla também errou ao assumir sozinho a condição de remunerar Ronaldinho em mais de  R$ 1 milhão por mês. Deu um passo muito maior que suas pernas lhe permitiam e claro não conseguiu honrar o combinado. E portanto Ronaldinho tem o direito de cobrar o que ele considera o que lhe é de direito na justiça. Faz parte do jogo democrático.


O casamento Ronaldinho-Flamengo começou ainda no final de 2010 com aquela interminável novela sobre onde o jogador iria atuar após deixar o Milan. Grêmio e Palmeiras pleiteavam, junto com o Fla, o passe de R10. O Flamengo venceu a batalha e anunciou o craque. Os pagamentos do atleta seriam efetuados em uma parceria com a Traffic, que exploraria a imagem do jogador, além de ser intermediária de patrocínios para a camisa rubro-negra. O Fla arcaria com míseros R$ 250 mil ao mês. Um golaço de marketing?

Poderia ter sido, não tivesse Ronaldinho sido tão anti-profissional. Sua imagem começou a se desvalorizar a cada show de pagode que ele ia e a cada péssimo jogo que fazia. Em agosto de 2011 a Traffic, já desesperada com o tamanho do prejuízo que estava tendo, pulou do barco depois que o Fla acertou um patrocínio por intermédio da Nine, empresa de Ronaldo Fenômeno, descumprindo o combinado anterior. E aí o Flamengo desde então assumiu um compromisso de pagar o salário de R10 de maneira integral.

Um verdadeiro tiro pela culatra. À medida que o clube atrasava os pagamentos, Ronaldinho e seu mafioso irmão Assis se sentiam donos do clube, a ponto de o segundo invadir uma loja oficial do clube e exigir produtos oficiais em troca da dívida. Mais uma humilhação para um clube que tem uma legião de 30 milhões de apaixonados torcedores. Um escárnio!

Agora a relação chega ao fim e deve se arrastar por anos na justiça. O Flamengo certamente terá um enorme prejuízo com uma contratação que julgava ser uma bela sacada. No aspecto técnico e esportivo pode até ser bom para o time, uma vez que Ronaldinho representava um jogador a menos dentro de campo. Sem as regalias oferecidas aso craque pode até ser que o grupo de jogadores volte a se motivar e o clube ao menos termine o ano de forma digna. E que sirva de lição para as duas partes: não se constroi um casamento na base da puxação de tapetes!