quarta-feira, 28 de março de 2012

Bola no Chão e Cabeça no Lugar

Há uma semana postei o texto abaixo intitulado "Futebol e Serenidade" sobre o duelo do Vasco com o Libertad em São Januário. O time carioca cumpriu as premissas sugeridas e conseguiu vencer por 2 a 0. O título deste post bem poderia ser o mesmo. Afinal, agora são os rubro-negros que necessitam ter calma e colocar a bola pra correr logo mais no duelo diante do Olímpia. A difernça é que o Flamengo vai atuar fora de casa, sem o apoio de seu torcedor. Uma vitória carioca encaminha uma classificação de forma tranquila. O empate mantém o Fla na zona de classificação necessitando apenas de si para passar às oitavas. Em caso de derrota, os comandados de Joel Santana terão de secar alguns rivais.

A guerra psicológica entre flamenguistas e paraguaios teve início ainda no jogo do Rio, quando o Fla abriu 3 a 0 e permitiu o empate do rival de forma inacreditável. Na ocasião Joel afirmou que o adversário tivera sorte. Gerardo Pelusso, treinador do Olimpia, resolver responder com 10 dias de atraso e afirmou que não conhecia Joel. O Natalino retrucou afirmando que o colega deveria ler mais a respeito de sua carreira. Clima de guerra montado para a volta do Flamengo ao Paraguai depois de dez anos.
Defensores Del Chaco. Um caldeirão à espera do Fla
 
O último adversário foi justamente o Olimpia, pela Libertadores-2002 - derrota de 2 a 0 e eliminação ainda na primeira fase. Aliás, o Fla jamais derrotou este adversário em uma edição da Libertadores. Foram cinco partidas entre eles (incluindo a desta edição) com quatro empates e uma vitória paraguaia em 2002. Além do Olímpia, o Fla só enfrentou pela Libertadores o Cerro Porteño, totalizando apenas três partidas em solo paraguaio pela principal competição do continente.

Entretanto a história do Fla em solo paraguaio totaliza 11 duelos, curiosamente apenas contra os principais times daqueles país: Olímpia e Cerro Porteño. Foram sete vitórias, três derrotas e um empate. O primeiro jogo do Flamengo naquele país aconteceu no dia 28 de fevereiro de 1960, quando derrotou o Cerro por 2 a 0 em um amistoso. Há 11 anos sem vencer um jogo lá (31 pela Libertadores) o Fla encara o maior desafio da temporada sob tensão. Espera-se que saiba lidar com as adversidades que vai encontrar!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Futebol e Serenidade

A Libertadores ao longo destes mais de 50 anos de existência ganhou a fama de ser uma competição muito dificil, principalmente pela característica que algumas partidas tomaram por serem extremamente pegadas. Não faltam casos de duelos que se transformaram em verdadeiras batalhas, como a decisão da edição de 1981, quando o Flamengo precisou superar além dos jogadores do Cobreloa-CHI, a extrema violência dos atletas chilenos. Quando for defrontar o Libertad-PAR neste quarta, o Vasco terá pela frente este clima. Caberá a seus jogadores cair ou não na pilha adversária.

O jogo, que será disputado no caldeirão de São Januário, tomou ares de guerra, principalmente pelo fato de o Vasco ter sido muito prejudicado pela arbitragem na partida disputada no Paraguai (empate em 1 a 1). Na ocasião, os brasileiros apanharam muito dos jogadores paraguaios, mas não souberam revidar, uma vez que Diego Souza foi expulso ao desferir uma cotovelada no adversário. Outro fator que acirra os ânimos para este jogo, é o fato de que alguns atletas vascaínos teriam sido xingados de macacos pela torcida paraguaia. Dedé acusou os vizinhos de racismo.


Clima tenso que só prejudica um lado: o Vasco. Sim, porque na bola a diferença entre brasileiros e paraguaios é abissal, com vantagem para os cruzmaltinos. Entretanto, se entrar neste clima de guerra, o time do técnico Cristóvão Borges dificilmente conseguirá o seu objetivo, que é vencer. Primeiro porque o Libertad é o time de coração do presidente da Conmebol Nicoláz Leóz e qualquer polêmica de arbitragem tende a ser pró-Libertad. E segundo porque o clube paraguaio têm sido constante nas últimas Libertadores, o que confere maior experiência a eles, por mais incrível que isso possa parecer. Alguns jogadores do elenco vascaíno têm demonstrado não saber jogar a Libertadores.

Entretanto, se o Vasco colocar a bola no chão e a cabeça no lugar, deve sair vitorioso com folgas de São Januário. Ainda mais porque o estádio estará lotado pelos vascaínos que sabem da necessidade de uma vitória contra um adversário direto na luta pela vaga. Em caso de sucesso o Vasco fica com boas chances de avançar às oitavas da Libertadores. Mas caso sofra uma derrota ou arranque apenas um empate, a volta do clube carioca à principal competição das Américas fica próxima de ser tornar um fiasco!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Carnaval 2012 - Última Análise

Passado quase um mês da apuração do Grupo Especial e com os ânimos já mais calmos depois da divulgação oficial dos resultados, o Futebol e Samba, tal qual faz todo ano, analisa escola a escola e tenta elucidar se foi ou não justo o resultado deste ano. Antes de tudo, eu considero que as três melhores escolas que passaram na avenida (Tijuca, Salgueiro e Vila Isabel) realmente foram agraciadas com as notas dos jurados. Três desfiles parelhos, decididos no detalhe. Mas vamos à analise detalhando cada escola:

Campeã - Unidos da Tijuca: A campeã de 2012 não foi tão arrebatadora como em 2010, mas fez por merecer levar o terceiro título de sua história. A Tijuca lembra a Mocidade e a Imperatriz dos anos 90 e a Beija-Flor dos anos 2000. Fez um desfile correto, coeso e de quase nenhuma falha. O enredo desenvolvido brilhantemente por Paulo Barros fugiu do lugar comum ao relembrar a história de um ídolo brasileiro (Luiz Gonzaga). Apenas acho que as fantasias e alegorias da escola estiveram aquém de uma campeã e algumas notas comprovaram esta tese.

Vice - Campeã - Salgueiro: Depois de anos desorganizada, a escola tijucana se reencontrou e hoje em dia faz parte do pelotão das favoritas. Novamente o Salgueiro entrou arrebatador para ser vencedor, mas por erros que são de responsabilidade da própria escola deixou escapar um título certo. O desfile impecável no Sábado das Campeãs deixou esta certeza. Carros grandiosos novamente prejudicaram a evolução da escola, que perdeu o título por apenas dois décimos. Não concordei com o 9,9 dado à comissão de frente da escola, que estava deslumbrante!


3º lugar - Vila Isabel: Pelos ensaios técnicos que fez, a Vila era apontada como grande candidata ao título. Entretanto as notícias  vindas do barracão davam conta de que o trabalho estava atrasado. O que se viu na avenida foi um samba arrebatador, uma bateria alucinante (que fez uma paradinha ao ritmo do Kuduro) e um primeiro setor deslumbrante esteticamente falando. Entretanto o setor final da escola estava com fantasias precárias e alegorias com sérios problemas de acabamento. E foi justamente nos carros que a escola perdeu o carnaval (deixou 0,6 ponto neste quesito). Achei inaceitável a nota 9,8 dada pelo jurado Xande Figueiredo para a bateria da Vila.


4º lugar - Beija-Flor: Com todo respeito ao povo nilopolitano, mas este ano a Beija-Flor não colocou um carnaval para terminar nesta colocação. No máximo para voltar como sexta colocada no desfile das campeãs. Apesar de muito bem acabadas, as alegorias e fantasias estavam de um gosto duvidosíssimo, para dizer o mínimo. O samba foi um dos piores da história da escola, o que comprometeu muito os quesitos de pista, como harmonia e bateria. Mas como o nome da escola é muito forte, ela acabou ficando numa excelente posição para o desfile que fez. Será que estamos assistindo ao início do fim da Era Beija-Flor?


5º lugar - Grande Rio: Tudo que foi dito acima para a Beija-Flor, aplica-se à Grande Rio, só que com um agravante: a escola de Caxias jamais poderia ter voltado ao Sábado das Campeãs, uma vez que Portela, Mocidade, Ilha e São Clemente, no mínimo, fizeram desfiles superiores à agremiação caxiense. Enredo confuso, como era de se esperar. Alegorias estavam muito grandes e bonitas, é verdade, mas tenho sérias dúvidas se estavam adequadas ao enredo. O samba foi o de pior rendimento na avenida. Jurados não puniram a escola como deveriam, principalmente nos quesitos conjunto e enredo.


6º lugar - Portela: Tivemos "duas" Portelas na avenida este ano: uma delas nos emocionou com um sambaço, uma bateria espetacular - que ganhou merecidamente o Estandarte de Ouro - e uma comunidade que cantou muito, trazendo consigo a arquibancada e relembrando os grandes momentos da velha Águia. Entretanto vimos uma outra Portela que deixou a todos os simpatizantes da escola no mínimo constrangidos, com alegorias dignas de Grupos de Acesso e fantasias desfiguradas. Uma pena, pois o enredo foi muito bem executado pelo competente Paulo Menezes. A Portela segue sofrendo com problemas em seu barracão, o que tirou a possibilidade da escola azul e branca disputar o título. Achei muito injustas as notas em enredo, bateria e harmonia dadas à escola. Uma pena!



7º lugar - Mangueira: A Estação Primeira arrebatou a avenida naquele que foi o grande momento do carnaval 2012 - a paradona durante uma passada inteira do samba, com direito à uma roda de samba em plena Marquês de Sapucaí, entra para a história do carnaval. Entretanto, tamanha ousadia da escola causou a perda de pontos preciosos em vários quesitos, os principais deles em Samba-Enredo, Evolução e Conjunto. Curiosamente em um ano em que o barracão da escola esteve bem (apesar das injustas notas em alegorias e fantasias). Talvez se a Mangueira tivesse desfilado tradicionalmente (um paradoxo) tivesse conseguido uma colocação melhor. Mas como diz aquele samba da escola, em se tratando de Mangueira, "não cabe explicação".


8º Lugar - União da Ilha: No meu modo de ver, a Ilha foi a escola mais injustiçada deste carnaval. Desfilou com certeza para voltar no Sábado das Campeãs. Com certeza os jurados levaram em consideração a pouca influência política da escola e deram algumas notas muito injustas à agremiação. O enredo batido sobre Londres foi muito bem contado por Alex de Souza, respeitando a identidade da escola. O samba mediano cresceu na avenida e a comissão de frente criativa e emocionante na mesma dose foi um dos pontos altos deste carnaval. Fica a sensação de que a escola está no caminho certo.


9º Lugar - Mocidade: Tal qual a União da Ilha, considerei que a Mocidade foi injustiçada pelos jurados. Talvez tenha sido um dos melhores desfiles da escola de Padre Miguel em anos. Um belo samba e alegorias dignas do tamanho da escola e de seu homenageado (Cândido Portinari). Eu acho que a Mocidade fez desfile para voltar no Sábado. Entretanto a outrora poderosa Mocidade, hoje não tem qualquer força política e isso faz muita diferença. Prova disso foram as notas de alegoria (nenhum 10). Um escândalo!


10º lugar - Imperatriz: A escola de Ramos pagou pelos conflitos do período pré-carnavalesco, quando o meste Marcone foi afastado do comando da bateria há poucos meses do carnaval e a crise envolvendo o presidente da escola, Luizinho Drummond. Durante o desfile, uma série de problemas afetaram a execução do enredo sobre Jorge Amado. Aliás, a Imperatriz falou do escritor ou da Bahia? Estou na dúvida ainda. A péssima colocação refletiu fielmente o que se viu da Imperatriz neste carnaval.


11º lugar - São Clemente: Como Ilha e Mocidade, a São Clemente foi julgada por seu nome e não por seu desfile, sem dúvida um dos melhores da história da escola. Menos mal que se manteve no Grupo Especial. O contrário teria sido uma enorme injustiça. O enredo sobre os musicais arrebatou a avenida e foi desenvolvida bem ao modo São Clemente: leve e irreverente. E o gostoso samba ajudou a colocar Igor Sorriso com um dos melhores intérpretes do carnaval atual. A escola ter tirado apenas duas notas 10 de todos os jurados não condiz com o belo carnaval realizado pela São Clemente!


12º lugar - Porto da Pedra: Era crônica de um desastre anunciado. Um enredo inaceitável sobre o iogurte, um samba medonho e uma agremiação que está longe de ter força política na Liga. Em um ano que duas escolas cairiam, a Porto do Pedra pediu para cair, verdade seja dita. Apesar do bom gosto nas alegorias e fantasias muito por causa do dinheiro injetado pela Danone, a escola não aconteceu e tampouco empolgou na avenida. Merecidamente rebaixada!


13º lugar - Renascer de Jacarepaguá: É muito dura a vida da escola que sobe para o Especial. Sai de um mundo para entrar em outro. Quando esta escola é estreante, é quase um milagre ela se manter na elite. A Renascer até fez um desfile digno, com um samba que esteve longe de ser dos piores este ano. Entretanto a escolha de um enredo impopular (quase ninguém conhecia Romero Britto) foi fatal para a agremiação da Zona Oeste. Some-se a isso o fato de abrir os desfiles, a missão da Renascer era realmente muito ingrata. Resultado: nenhuma nota 10 e um merecido rebaixamento.