terça-feira, 13 de março de 2012

O fim de uma era

Chegou ao fim depois de 23 anos o "reinado" de Ricardo Teixeira à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade máxima do futebol brasileiro. Ele anunciou nesta segunda seu desligamento da entidade por intermédio de uma carta, lida pelo seu sucessor José Maria Marin. Marin assume o cargo por ser o vice mais velho, como versa o estatuto da entidade. O mandato vai até a Copa de 2014, quando será convocada uma nova eleição.

Se por um lado, Teixeira viveu cercado por denúncias de corrupção e desvios de dinheiro dentro da entidade, por outro, nenhum presidente da CBF conquistou tantos títulos sob o comando da entidade com a seleção brasileira. Foram mais de 100 troféus, sendo os mais importantes deles as Copas do Mundo de 1994, nos EUA (quando o Brasil vivia um jejum de 24 anos no torneio) e 2002, no Japão, que transformou a seleção no maior detentor de Mundiais.

Ricardo Terra Teixeira assuniu a CBF no ano de 1989, em substituição a Octávio Pinto Guimarães. Naquele final de década de 80, a realidade da entidade era bem diferente da atual, financeiramente falando. Sem recursos e ameaçada pelo surgimento do Clube dos 13 (que reunia os grandes clubes brasileiros), a CBF corria sério risco de acabar. E a seleção brasileira amargava uma péssima safra de jogadores, além do jejum de títulos.


Já em 89 a Copa América seria disputada no Brasil, e com nossa seleção há 40 anos sem vencer o torneio. Sob o comando de Sebastião Lazaroni e com Bebeto e Romário no ataque o Brasil foi o campeão. Ao longo desses 23 anos, Teixeira reestruturou o Campeonato Brasileiro, que depois da adoção do sistema de pontos corridos em 2003 se tornou o sexto nacional mais valioso do mundo, perdendo apenas para os europeus.

Entretanto a gestão de Ricardo Teixeira foi marcada por denúncias de corrupção o tempo todo. Em 2001, foi denunciado pela CPI do Futebol na Câmara dos Deputados e no Senado, junto com vários cartolas, no momento de maior crise política já vivida pelo futebol brasileiro. Entretanto conseguiu escapar. Em 2011 o jornalista inglês Andrew Jennings acusou Teixeira de liderar um esquema de recebimento de propinas para fazer de Rússia e Qatar as sedes dos Mundiais de 2018 e 2022.


Ricardo Teixeira, por intermédio de seu sucessor José Maria Marin, divulgou uma carta em que alega problemas de saúde para deixar a CBF e afirma que dedicou muitos anos de sua vida ao futebol brasileiro. Lembrou também dos méritos de sua gestão, como os títulos da seleção e a conquista do Brasil como sede da próxima Copa. Mesmo assim, será que Teixeira deixará saudades? Eu creio que não!

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