sexta-feira, 1 de junho de 2012

No fim da relação, todos culpados

Diz a sabedoria popular que quando um não quer dois não brigam! A frase resume bem o fim do casamento entre Flamengo e Ronaldinho Gaúcho. Como toda relação humana desgastada por traições, desconfianças e erros de parte a parte, ela chegou ao fim depois que o jogador acionou o clube na justiça e exige agora R$ 40 milhões de indenização por quebra de contrato, alega a defesa do atleta. O Flamengo, claro, noticiou que vai recorrer e não concorda com o valor exigido.

A verdade é que Ronaldinho jamais foi um atleta profissional desde que chegou ao Flamengo, em janeiro de 2011. Contam-se nos dedos de uma mão as atuações do jogador compatíveis com o seu salário e a fama criada na Europa, justamente que se diga. O gaúcho se destacou muito mais em baladas noturnas que em jogos e treinamentos. Brigou com os dois treinadores do Flamengo (Joel Santana e Vanderlei Luxemburgo) em 2012, faltou a treinamentos, ameaçou não viajar para partidas internacionais. Uma coleção de atitudes que depreciaram a imagem de uma das maiores instituições esportivas do planeta.

Mas o Flamengo também pisou na bola com Ronaldinho, e muito. Primeiro ao ser parternalista com as regalias dadas ao jogador. Ele se sentiu maior que o clube, o que é um erro grave. O Fla também errou ao assumir sozinho a condição de remunerar Ronaldinho em mais de  R$ 1 milhão por mês. Deu um passo muito maior que suas pernas lhe permitiam e claro não conseguiu honrar o combinado. E portanto Ronaldinho tem o direito de cobrar o que ele considera o que lhe é de direito na justiça. Faz parte do jogo democrático.


O casamento Ronaldinho-Flamengo começou ainda no final de 2010 com aquela interminável novela sobre onde o jogador iria atuar após deixar o Milan. Grêmio e Palmeiras pleiteavam, junto com o Fla, o passe de R10. O Flamengo venceu a batalha e anunciou o craque. Os pagamentos do atleta seriam efetuados em uma parceria com a Traffic, que exploraria a imagem do jogador, além de ser intermediária de patrocínios para a camisa rubro-negra. O Fla arcaria com míseros R$ 250 mil ao mês. Um golaço de marketing?

Poderia ter sido, não tivesse Ronaldinho sido tão anti-profissional. Sua imagem começou a se desvalorizar a cada show de pagode que ele ia e a cada péssimo jogo que fazia. Em agosto de 2011 a Traffic, já desesperada com o tamanho do prejuízo que estava tendo, pulou do barco depois que o Fla acertou um patrocínio por intermédio da Nine, empresa de Ronaldo Fenômeno, descumprindo o combinado anterior. E aí o Flamengo desde então assumiu um compromisso de pagar o salário de R10 de maneira integral.

Um verdadeiro tiro pela culatra. À medida que o clube atrasava os pagamentos, Ronaldinho e seu mafioso irmão Assis se sentiam donos do clube, a ponto de o segundo invadir uma loja oficial do clube e exigir produtos oficiais em troca da dívida. Mais uma humilhação para um clube que tem uma legião de 30 milhões de apaixonados torcedores. Um escárnio!

Agora a relação chega ao fim e deve se arrastar por anos na justiça. O Flamengo certamente terá um enorme prejuízo com uma contratação que julgava ser uma bela sacada. No aspecto técnico e esportivo pode até ser bom para o time, uma vez que Ronaldinho representava um jogador a menos dentro de campo. Sem as regalias oferecidas aso craque pode até ser que o grupo de jogadores volte a se motivar e o clube ao menos termine o ano de forma digna. E que sirva de lição para as duas partes: não se constroi um casamento na base da puxação de tapetes!

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