sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quando a corda arrebenta para o lado mais fraco

Há um ditado muito apropriado que diz: "sempre que há um problema, e várias pessoas envolvidas, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco". Taí um ditado que traduz fielmente a crise política, que abate o Brasil há um longo período. O último episódio foi a absolvição, por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), do ex-ministro da fazenda, Antônio Palocci, e de seu assessor de imprensa, Marcelo Netto, no caso da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. A denúncia só foi aceita para o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que no caso, é o lado mais fraco da história.

Não que haja mocinhos e vilões na história (excetuando-se, claro, a vítima: Francenildo), mas a punição deveria ser aceita para os três envolvidos. Pallocci, por usar de tráfico de influência para intimidar um cidadão que cumpria seu dever de civismo; Netto, por fazer vazar na imprensa informações sigilosas de uma pessoa física em dia com suas obrigações perante a lei e o próprio Mattoso, por sucumbir ao capricho político de um ministro de estado, afinal uma instituição do tamanho da CEF (segundo maior banco estatal do país), na pessoa de seu presidente, deve resistir ao lobby de quem quer que seja, ou então passaremos a viver numa terra de ninguém.

Relembrando o caso Francenildo

Em 2006, ano eleitoral, Francenildo Santos Costa era caseiro de uma mansão em Brasília, onde, segundo ele, o então ministro da fazenda, Antônio Pallocci, realizava encontros com lobbistas, com a chamada "República de Ribeirão Preto", que era formada por ex-integrantes da equipe de Pallocci, quando este fora prefeito da cidade do interior paulista.

A CPI dos Bingos, à época investigando os escândalos de corrupção do governo Lula, resolveu convocar Francenildo para um depoimento oficial (o caseiro havia dado as declarações, primeiro, ao jornal Estado de São Paulo) e o caseiro reiterou sua versão, confirmando, inclusive, que festas e orgias com garotas de programa, ocorriam no local.

Após a denúncia de Francenildo na CPI, a revista Época divulgou o extrato bancário do caseiro, onde constava um depósito no valor de R$ 38.860,00. Correligionários de Pallocci sugeriram que o depósito fora fruto de uma armação para incriminar o então ministro. No mesmo dia a farsa foi desmontada. O caseiro apresentou recibos bancários e explicou que não recebeu R$ 38.860,00, mas 3 parcelas num total de R$ 24.990,00, de seu suposto pai biológico, um empresário do Piauí, como parte de um acordo para não entrar com um processo de paternidade. O empresário e a mãe do caseiro confirmaram a história.

Caseiro Francenildo: vítima de mais uma pizza.

O suposto envolvimento de Pallocci no caso de quebra de sigilo do caseiro, aliado ao vazamento dessas informações na imprensa, tornaram insustentável sua permanência no Minstério da Fazenda. Em 28/03/2006, Antônio Palloccci é demitido do cargo, e o governo perde um de seus principais articuladores políticos. Mesmo assim Lula é reeleito para mais um mandato, nas eleições de outubro.

Pallocci volta com força total


Desde o caso do caseiro, Pallocci sumiu da cena política. Com sua absolvição, por 5 votos a 4, ele deve voltar com força total para 2010. Alguns dizem que ele deve se lançar candidato ao governo de São Paulo. Outros petistas defendem atá sua candidatura à presidência, caso Dilma perca força após o caso Lina Vieira.

Palloci sorridente. Ele volta à cena politica.

O fato é que a cada dia um novo escândalo abate um integrante do PT. Desde que assumiu o governo, em 2003, o clã de Lula vem sofrendo seguidas baixas, seja por discrepância ideológica (digamos assim) ou por escândalos de corrupção. Logo o PT, que era tido por muitos, como o último dos moicanos, no quesito ética e decência.

E os pizzaiolos de Brasília continuam trabalhando a todo vapor. Desta vez escolheram um bode espiatório, o lado mais fraco da força, que recaiu sobre os ombros de Jorge Mattoso. "Pobre" Mattoso, "pobre" Lula, "pobre" PT. Pobre Brasil !!!

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