sábado, 22 de agosto de 2009

Pela moralidade na folia carioca

Há 6 meses do próximo carnaval, a Prefeitura do Rio tomou uma decisão muito importante: resolveu abrir licitação aos interessados em explorar comercial e culturalmente os espaços do Sambódromo, palco maior da folia na cidade do Rio de Janeiro. Desde 1985, quando foi criada a Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), era a mesma quem explorava exclusivamente tal evento.

Ao abrir a oportunidade para outros interessados partciparem, a prefeitura acerta duas vezes. Primeiro, porque deixa o processo mais transparente, pois teoricamente um processo de licitação envolve idoneidade, imparcialidade e impessoalidade, isto é, é uma etapa transparente. E o ponto mais importante: ao abrir concorrência privilegia a qualidade do serviço, afinal a qualidade do produto oferecido aliado ao bom preço são a máxima desse tipo de processo. E o folião, que é o consumidor do evento, só tem a ganhar. Além de assistir a um dos maiores espetáculos do mundo, poderá fazê-lo com mais conforto e qualidade nos serviços terceirizados, como alimentação, uso de banheiros, compra de ingressos, estacionamentos, acesso ao local do evento, etc.

Aproveitando a oportunidade, bem que a prefeitura podia licitar também a própria organização dos desfiles. Porque a LIESA o faz todo ano, sem nenhuma fiscalização? É bom lembrar que vários integrantes da Liga, bem como diretores de escolas de samba volta e meia são envolvidos em escândalos, como o mote principal de jogo ilegal de caça-níqueis. É só reforçar a memória e voltarmos ao ano de 2007, quando a operação da Polícia Federal, intitulada Hurricane, levou para a cadeia o então presidente da LIESA (Aírton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães) e o presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, Aníz de Abrahão David, o Anísio. Fatos que por si só colocaram em cheque o resultado daquele ano, quando a Beija ficou com o campeonato.

Como podemos garantir a idoneidade do processo, se a LIESA é soberana e autônoma no julgamento do carnaval? Devemos confiar cegamente na boa fé dos comandantes do carnaval carioca, envolvidos com a máfia do jogo ilegal?

Ao abrir um processo de licitação, também para o julgamento e organização dos desfiles, a Prefeitura do Rio poderia resolver toda a questão de uma vez só. É claro que a LIESA poderia participar do processo, como poderá fazê-lo na licitação de exploração do Sambódromo no próximo carnaval.


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