sábado, 3 de outubro de 2009

É a vez do Rio !!

Pela primeira vez na história uma Olimpíada será disputada na América do Sul. E a cidade escolhida, por 66 delegados do Comitê Olímpico Internacional (COI), é o Rio de Janeiro. A cidade que é a porta de entrada do Brasil está em festa pela escolha histórica. Em 2016 veremos desfilar pelo Rio as maiores estrelas do esporte mundial. Some-se a isso o fato de a FIFA também ter escolhido o país como sede da Copa do Mundo de 2014. Ou seja, após os jogos de 2012, que serão em Londres (ING), os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil, durante dois anos. O país se junta a uma seleta lista de nações que sediaram (num espaço de 2 anos) as Olimpíadas e a Copa do Mundo. São eles, além do Brasil, o México (Jogos-68, Copa-70), os EUA (Copa-94, Jogos-96) e Alemanha (Jogos-72, Copa-74).

Os jogos de 2016 serão aqui. Há muito a fazer a partir de agora.

Comemorações à parte, é hora de pensar no futuro. Temos 07 anos para nos prepararmos para as Olimpíadas. E, verdade seja dita, dentre as candidaturas que pleiteavam os jogos, o Rio é quem mais tem a fazer, e a mudar. Um mês antes da escolha, O COI divulgou um relatório elogiando muito o projeto do Rio, mas fez sérias ressalvas em três áreas: Hotelaria (o Rio tem uma rede hoteleira deficiente para um evento de grande porte), Violência e Transportes.

Para resolver o problema da defasagem de leitos, basta investir, com amplo apoio da iniciativa privada, na construção de novos hotéis e na reforma e ampliação dos já existentes. O comitê organizador Rio-2016 acena com a possibilidade de se utilizarem transatlânticos, durante os Jogos, caso não hajam vagas suficientes na rede hoteleira. Solução "tapa buraco", na minha opinião. Pois se um dos principais lemas do COI, ao escolher uma cidade para ser sede de uma Olimpíada, é o tal legado, investir em soluções provisórias não atingem o objetivo. Legado é aquilo que fica para a população da cidade após o término dos jogos. E os tais navios vão embora logo após os jogos, e a rede hoteleira voltará a ser precária.

Hotel Meridien, no Leme. Rede hoteleira precária, segundo o COI.

Violência. O grande drama dos cariocas desde a favelização desenfreada, e que é notícia em todo o mundo. Infelizmente é uma imagem que está colada na cidade maravilhosa, a de cidade violenta e perigosa. Sendo realista, posso concluir que até os jogos de 2016, pouco terá mudado nesta questão, apesar de que os índices de criminalidade tiveram reduzidas quedas nos últimos anos. Eu duvido que a questão da violência terá avançado até níveis aceitáveis, não porque as autoridades não estão empenhadas, ou porque é um problema insolúvel. Mas pelo fato de ser uma questão muito mais social, que requer investimentos muito mais em educação, do que em infra-estrutura policial, por exemplo. É necessária uma redução, primeiramente, nos índices de pobreza da população, para que, gradativamente, os índices de violência sejam reduzidos ao menor patamar possível. Tais investimentos darão resultado sim, sem dúvida. Mas não em um período de tempo tão curto. 20% dos cariocas vivem em favelas. E em sete anos esse número não baixará de 15%, com toda certeza. Como vamos dissolver mais 1.000 favelas em 7 anos? Com investimentos em segurança pública, poderemos, pelo menos durante o período de realização dos jogos, ter um evento tranquilo. Mas depois o problema volta, sem a menor sombra de dúvida.

Favela da Rocinha, na Zona Sul. Favelização é a maior causa da violência urbana.

Mas o grande desafio do Comitê Rio-2016, na minha visão, se dá na área de transportes. O carioca pena todos os dias para realizar uma simples tarefa. Sair de casa, cedo, para o trabalho, e depois voltar para o lar, à tardinha. E o sofrimento não escolhe classe, cor, credo, time de futebol. Um morador da Barra da Tijuca não gasta menos que 1h30 para chegar ao Centro da cidade, de carro. Já um trabalhador da região de Campo Grande, na Zona Oeste, leva entre 2 e 3 horas para chegar a seu destino final, de ônibus. Sem contar a população da Baixada Fluminense, que precisa se espremer dentro de trens para chegar ao Rio. Se o serviço de trens é ruim, o do metrô é bem melhor, porém a malha metroviária do Rio é pífia. Nenhuma estação na Zona Oeste. O máximo que o metrô chega, na Zona Sul, é em Cantagalo (divisa entre Copacabana e Ipanema). Até o fim do ano, para ir da Pavuna (na Zona Norte) até Botafogo (na Zona Sul) não será mais necessário fazer baldiação na estação Estácio (que comporta as linhas 1 e 2 do metrô). Em dezembro teremos a inauguração da estação General Osório, em Ipanema. A promessa do Comitê Rio-2016 ao COI foi de que o metrô chegaria até a Gávea. É pouco. Muito pouco, já que o coração dos jogos será na Barra da Tijuca. Acena-se a possibildade da criação dos BRT's (silga em inglês para Bus Rapid Transit), que são linhas de ônibus com poucos pontos de parada, afim de atingir mais rápido o destino final. Não adianta parar pouco, se o trânsito continuará caótico. É preciso investir em transporte ferroviário, trem e metrô. Caso contrário, o trânsito não mudará, e o tal legado não terá sido atingido.

Avenida Brasil, parada, na hora do rush. Trânsito é o calcanhar de aquiles do Rio.

Enfim, dinheiro para todas essas mudanças não vai faltar. São em torno de R$ 24 bilhões de investimentos para todo o processo, como construção e reforma de instalações olímpicas e melhorias no serviços de infra-estrutura. Fizemos história. Sediaremos uma Olimpíada. Temos que comemorar, sim, e muito. Mas é preciso começar a arregaçar as mangas. E a sociedade deve fiscalizar, a todo o momento.

Projeto do Centro Olímpico, na Barra da Tijuca, o coração dos Jogos.

E que venham os Jogos Olímpicos Rio'2016 !!

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