quarta-feira, 23 de março de 2011

Carnaval 2011 - Análise Final


Passadas duas semanas desde a apuração e a divulgação oficial dos resultados dos desfiles do Grupo Especial em 2011, conforme eu prometi este post é para uma análise, segundo meus conceitos e minha opinião, do carnaval. Conforme postagem publicada em 14 de março aqui no Futebol e Samba, já está claro que não considerei justo o resultado. Portanto, desta vez vou fazer uma análise detalhada sobre a cada escola que passou na Sapucaí em 06 e 07 de março de 2011. Vamos às análises:

São Clemente: Um dos grandes problemas do carnaval carioca é o "pré-conceito" com que os julgadores usam para analisar cada escola. Fosse a São Clemente uma escola maior ou mais famosa e teria conquistado uma colocação melhor. Gostei do desfile da escola, apesar de ter sido a agremiação a abrir o carnaval, o que é sempre um estorvo. Gostei da Comissão de Frente e o "Conselho Deliberativo" de criação do Rio, enredo da escola. Com um tema batido, a amarelo e preto da Zona Sul veio com alegorias e fantasias caprichadas e um samba bonito. Receber apenas um 10 de todos os 50 jorados foi muito cruel com a escola, na minha visão.

Imperatriz: O melhor desfile do povo de Ramos desde 2008, com "João e Marias". Apesar de um samba inferior ao do ano passado, a bateria de Marcone e Dominguinhos do Estácio fizeram o hino de 2011 empolgar a avenida e foi um dos pontos altos de todo o carnaval 2011. A comissão de frente também foi semnsacional com a homenagem aos doutores da alegria. Max Lopes desenvolveu com bom humor e criatividade um enredo que eu considerava estranho. Parabéns pelo desfile. O retorno ao Sábado das Campeãs foi merecido!

Portela: Como dói a um amante do samba ter que dizer isso, mas o desfile da Portela foi o pior deste ano. Sem ser julgada devido ao incêndio na Cidade do Samba a escola passou fria na avenida, nem parecia a Portela, maior vencedora da história do carnaval. A fatalidade do incêndio não serve como desculpa porque as outras duas escolas que foram vitimadas empolgaram. Enredo sobre o mar, pela milésima vez no carnaval, muito confuso. Fantasias simples, alegorias comuns. Ainda bem que não tivemos rebaixamento em 2011. Acorda Oswaldo Cruz!

Unidos da Tijuca: Podem me atirar pedras os defensores do samba em detrimento do espetáculo (eu também defendo esta tese), mas teremos de engolir Paulo Barros. Mais uma vez fez um desfile genial. Ele aborda temas absolutamente inéditos na avenida, encanta o público com alegorias sensacionais e está marcado para sempre como o homem que está mudando o panorama dos desfiles. Mais uma vez arrebatou a Sapucaí com uma comissão de frente surpreendente. As alegorias estavam impecáveis e os compontes cantaram muito o samba. Ovacionado pelo público no desfile das campeãs, Paulo Barros pode se considerar o grande vencedor de 2011.



Vila Isabel: Esperava mais da Vila. Não que tenha sido um desfile ruim, longe disso. Mas com o maior patrocínio dentre as agremiações do Grupo Especial e uma carnavalesca do porte de Rosa Ma\galhães, o enredo sobre os cabelos poderia ter sido melhor desenvolvido. Achei as alegorias simples demais e em contrapartida as fantasias pesadas. Ponto alto para a bateria de mestre Átila e o excelente samba, interpretado de forma brilhante por Tinga. A Vila voltou a ser grande!

Mangueira: Que me desculpe o rei Roberto Carlos, mas o momento de maior emoção do carnaval 2011 foi o desfile todo da Mangueira. A começar pelo discurso de Milton Gonçalves, passando pela comissão de frente que homenageou Nelson Cavaquinho e encerrando no grande momento da Marquês de Sapucaí: a paradinha de 20 segundos da bateria, que um jurado sem noção fez o favor de dar a nota 9,0. Por outro lado, como de costume, as alegorias e fantasias estavam muito ruins. Mas a Mangueira renasceu em 2011.



União da Ilha: Vencedora do Estandarte de Ouro de melhor escola, a Ilha iria dar um belo trabalho se tivesse sendo julgada este ano. Desfile muito bom, com alegorias de grande impacto. Um tema complicado, sobre a Teoria da Evolução, mas que Alez de Souza soube explanar de maneira clara. Se mantiver o bom npivel nos próximos anos, a Uniãso da ilha pode voltar a sonhar cpom voos mais altos. Mais uma vez Ito Melodia arrasou, mas desta vez com um samba fraco, o único senão do desfile.

Salgueiro: Se a Ilha daria trabalho caso não tivesse sido vítima de um incêndio, o Salgueiro brigaria pelo campeonato não fosse a própria incompetência de seus diretores. O carro do King Kong foi o mais impactante deste carnaval, mas simplesmente não cabia na avenida. Resultado? Dez minutos de estouro no tempo e 1,0 ponto de penalização. Caso tivesse se planejado melhor, a escola teria terminado empatada com a Mangueira na pontuação, e se somarmos as notas perdidas em evolução, harmonia, alegorias e conjunto, poderia ter atrapalhado a vida da campeã Beija-Flor. Excetuando-se estes problemas o desenvolvimento do enredo sobre o Rio no Cinema foi sensacional e o samba-enredo levantou o público. A bateria de mestre Marcão fantasiada de Bope foi uma grande sacada de Renato Lage e Márcia!

Mocidade: O que disse sobre a Portela logo acima se encaixa para a Mocidade. A escola parece que esqueceu que é grande. Desfilou fria, burocrática, sem sequer lembrar o rolo compressor dos tempos de Castor de Andrade nos anos 90. E se em anos anteriores o samba salvava, o mesmo não se pode dizer deste ano, tanto que a escola ficoui mais uma vez fora do Sábado das Campeãs neste quesito. Só tinha o refrão. Alegorias simples, enredo absolutamente confuso. Falar de colheitas, festas e misturar com a história do carnaval. Foi o segundo pior desfile do ano. Uma pena. Padre Miguel também tem de acordar!

Grande Rio: Sempre criticada por ser uma escola comercial, a Grande Rio mostrou que tem comunidade sim. Emocionou a Sapucaí com um desfile baseado na superação. Em 26 dias refez quase que 70% do carnaval e entrou para a história. A partir de agora a escola será vista como uma agremiação que também tem chão, além de artistas. A bateria de mestre Ciça como de praxe deu um show e foi um dos pontos altos do enredo sobre Florianópolis. Parabéns ao povo de Caxias.

Porto da Pedra: Se em anos anteriores eu me queixava da Porto da Pedra por fazer desfiles fracos e se manterno Grupo Especial, agora a situação se inverte. A escola fez um belo desfile ao homenagear Maria Clara Machado. Impressionantes o tigre no abre-alas como se fosse uma marionete e a modelo que veio "flutando" sobre a bateria, respresentando Pluft, o fantasminha, um dos personagens mais conhecidos da escritora. O 8º lugar foi injusto e fosse a Porto da Pedra uma escola grande poderia ter voltado no Sábado das Campeãs.

Beija-Flor: Samba espetacular, homenageado poderoso, escola organizada, público petrificado e emocionado! Estes ingredientes deram à Beija-Flor seu 12º campeonato. A figura de Roberto Carlos no último carro da escola e uma avenida inteira cantando o samba é sem dúvida um dos momentos históricos da história do Sambódromo. Mas em minha opinião não foi um desfile para ser campeão. As alegorias estavam aquém do padrão da escola e o casal de mestre-sala e porta bandeira cometeu erros, não por culpa deles. Em ambos os quesitos a escola não foi punida como deveria.


Como acontece todo ano e como estou cansado de dizer: o julgamento do carnaval é subjetivo e pessoal. Não adianta querer entender cabeça de jurado. Como disse outro dia Paulo barros, os desfiles devem ter o público como "ator principal" e não os julgadores. Assim o espetáculo fica ainda mais belo. Verdade que a cada ano o nível dos desfiles se eleva e a disputa fica mais acirrada. Em breve, assim que a Liga liberar as justificativas, prometo falar sobre os critérios de julgamento, sempre de acordo com minha opinião.

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