segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Manobra política

Mano Menezes assumiu a seleção brasileira em agosto de 2010, depois de uma má campanha na Copa do Mundo da África do Sul, com o objetivo de fazer uma renovação no time, que disputou o mundial com a maior média de idade da história. A equipe de Mano fracassou na principal competição que disputou, a Copa América e nos amistosos contra as principais seleções do mundo. Sem falar na vexatória derrota na final olímpica. Mas sua demissão acontece justamente no momento em que o gaúcho vivia seu melhor momento no comando do time, com uma escalação aprovada pela maioria dos torcedores, algo raro.

Fato que nos leva a pensar que o treinador foi afastado muito mais por uma manobra política, do que por uma análise fria de seus resultados. Mano Menezes foi contratado por Ricardo Teixeira e recebeu imenso lobby de Andres Sanchez, com quem trabalhara no Corinthians. Pois com a saída de Teixeira e a chegada do grupo de José Maria Marín ao poder na CBF, tanto Mano quanto Sanchéz vêm sendo fritados. Marín nunca escondeu sua predileção por Felipão. Sanchéz foi voto vencido e também não deve durar no cargo de diretor de seleções.

Demissão de Mano pegou todo mundo de surpresa.

Acredito que a decisão de retirar Mano do cargo tenha sido tomada ainda em agosto, ao final das Olimpíadas de Londres, quando a seleção brasileira mais uma vez fracassou no intuito de trazer o ouro olímpico. De lá pra cá, Mano acertou o time com as entradas de Paulinho e Ramires na cabeça de área e o retorno de Kaká, que ao lado de Oscar comandava o meio-campo. Restava definir se Neymar jogaria ao lado de um centro-avante ou se atuaria com outro atacante que atasse pelo lado do campo, como o próprio atleta do Santos.

Mano Menezes foi escolhido para comandar a seleção depois da recusa de Muricy Ramalho, que não queria romper o contrato recém iniciado com o Fluminense. Em pouco mais de dois anos à frente do Brasil, disputou 40 partidas, com 27 vitórias, seis empates e sete derrotas. Aproveitamento superior a 70%. Entretanto a seleção fracassou na Copa América (ao cair nas quartas de final) e nas Olimpíadas (ao ficar com a prata). A principal crítica ao trabalho de Mano: nenhuma vitória contra os times principais das maiores seleções do mundo, como Argentina, Alemanha e França.

Felipão é o favorito de Marín e seu grupo político e sua recusa em assumir o Grêmio recentemente pode ser sintomática. O grupo de Sanchéz quer emplacar Tite, que caso seja campeão do mundo com o Corinthians pode ganhar força. O jornalista Lúcio de Castro, da ESPN, publicou em seu blog que Sanchéz irá romper com Marín e deve sair candidato à presidência da CBF. E no meio destas negociatas e reuniões à portas fechadas está o time brasileiro, que à seis meses da Copa das Confederações e há um ano e meio da Copa do Mundo, precisa de uma definição urgente de seu novo comandante.

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