terça-feira, 3 de novembro de 2009

O verdadeiro Garotinho

É um verdadeiro primor, para os que gostam do rádio esportivo, a biografia de José Carlos Araújo, o verdadeiro Garotinho, escrita brilhantemente por Rodrigo Taves. "Paixão pelo Rádio - Do milésimo de Pelé ao milésimo de Romário, a trajetória de José Carlos Araújo, o eterno Garotinho", esmuiça toda a maravilhosa carreira do homem que, para mim, é o maior locutor esportivo de todos os tempos.

O melhor do livro de Taves é o fato de não ser um mero release contando apenas as fases bonitas (que não foram poucas) da trajetória de José Carlos. Não, o livro relata também as polêmicas da carreira do locutor. Sua polêmica saída da Rádio Globo para a Rádio Nacional. Sua briga pelo registro da marca "Garotinho", com Anthony Matheus (o político Garotinho) e com o locutor paulista Osmar Santos, o escândalo que o fez ser demitido de "O Dia", acusado de participação em um escândalo na SUDERJ, a estatal que administra o Maracanã. Sua briga com o cartola Eurico Miranda, que o proibiu de entrar em São Januário, dentre outras.

O livro informa, mas também diverte. Taves nos brinda com curiosas histórias de apertos vividos por Garotinho, como o dia em que o locutor teve uma terrível crise de soluços no meio de uma transmissão, e foi socorrido por um médico que estava de plantão e ligou para dar uma receita infalível para quem passar por situação parecida: chupar gelo. Tiro e queda!

Dono de uma voz privilegiada, Garotinho beira a marca de 70 anos, mas com a mesma vitalidade do garoto que começara a carreira no longínquo ano de 1964, como repórter de campo, sob a chefia do mestre Waldir Amaral. Zé Carlos criou uma nova era no rádio esportivo, ao acelerar e modernizar a narração, adotando gírias e aproximando o público jovem de suas transmissões. Seus bordões podem ser ouvidos em qualquer canto do Brasil. Suas vinhetas marcaram época. Sua voz ecoa nos maiores estádios do mundo.

Garotinho é um ferrenho defensor do veículo rádio. Defende que ele jamais acabará, aconteça o que acontecer em nosso corrido e moderno mundo globalizado.

Zé Carlos está corretíssimo, aos 45 anos de carreira.

Que venham mais 45!

Valeuuu Garotinho !!!

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