sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A derrota da civilidade

Neste final de semana acontece a última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2012 e tal qual ocorreu em 2011, sete clássicos regionais agitam os torcedores por todo o território nacional. Um destes duelos é mais um Cruzeiro x Atlético (com mando de campo celeste) que desta vez tem um molho especial: o Galo lidera o Brasileirão e tem, depois de muito tempo, voltado a protagonizar a principal competição nacional. Ingredientes não faltam para o torcedor comparecer ao Independência domingo. Entretanto, por decisão da Polícia Militar apenas os cruzeirenses poderão assistir ao jogo. Eu pergunto: porquê?

A PM de Minas Gerais assume sua total incapacidade de manter a ordem com esta absurda decisão. Ora, o dever institucional da polícia nada mais é do que garantir a segurança, a ordem e a lei no seu seio. É claro que não dá para fazer o mesmo esquema de segurança que era feito no Mineirão, um estádio muito maior e com o acesso muito mais facilitado. Entretanto, já houve clássicos entre os dois maiores clubes de Minas no acanhado Independência!

Somente cruzeirenses irão comparecer no clássico 

O reformado estádio, que se transformou em uma Arena hoje pode receber (no máximo) 23 mil torcedores. Com o acordo atual entre os clubes, os visitantes (no caso deste jogo, o Atlético) teriam direito a menos de 2,5 mil ingressos. Se fosse feito como no Rio, onde é tradicional se dividir público e renda em clássicos, aí teríamos a venda de cerca de 10 mil ingressos por torcida. Tudo isso é melhor que privar o torcedor do direito de assistir o seu clube.

Atlético e Cruzeiro jogavam no Independência durante até os anos 60, quando o estádio era o principal de Belo Horizonte, até a inauguração do Mineirão, em 1965. A última vez que se enfrentaram no estádio do América foi em 10 de agosto de 1995, empate por 1 a 1. Foi uma partida amistosa que valeu a Taça Governador do Estado, vencida pelo Cruzeiro depois de disputa de pênaltis.

Se houvesse vontade política dos clubes, da polícia e da federação daria para ser feito um esquema especial de segurança para esta partida. Afinal, desde março sabem-se as datas dos dois clássicos pelo Brasileiro. Com um planejamento prévio daria para definir a quantidade de ingressos para cada lado e organizar, por exemplo, um esquema de escolta das torcidas organizadas, as grandes responsáveis pelo futebol chegar neste ponto de barbárie. Isto é feito quando torcidas de outros estados vão para os jogos. Porquê não repetir esta fórmula nos clássicos locais? A resposta é simples: não querem o torcedor nos estádios!

Nenhum comentário: