terça-feira, 14 de agosto de 2012

Bronzil!

Terminou mais uma edição dos Jogos Olímpicos, a 30a. da Era Moderna, em Londres e muitas imagens e momentos marcantes entram para a história deste evento multi-global. Para citar apenas os brasileiros, como esquecer da garra dos irmãos Falcão e de todos os demais atletas do boxe, que deram ao esporte medalhas depois de mais de quatro décadas? E a atuação de gala de Artur Zanetti na ginástica ou o histórico bicampeonato das meninas do vôlei? As decepções também foram muitas, como o bronze de Cesar Cielo (quando esperávamos o ouro), o vexame das duas seleções de futebol, a improvável prata no vôlei masculino!

Perder ou ganhar faz parte do esporte, mas me parece muito nítido que o Brasil ainda engatinha quando observamos nossa posição final no quadro de medalhas. A sexta economia do mundo terminou numa vexatória 22a. posição, atrás de países como Coreia do Norte, Jamaica, Irã e Cazaquistão, países com uma economia muito menor. O investimento em esportes e atletas de alto rendimento aumentou e a previsão de medalhas feita pelo COB até foi superior (eram 15 e voltamos de Londres com 17). Mas é muito pouco para quem pretende figurar entre as 10 primeiras colocações no quadro de medalhas nas próximas Olimpíadas, que serão no Rio.

Para chegar lá, o Brasil vai precisar, no mínimo, aumentar em 105% o seu desempenho no número total de medalhas ou em 130% no número de ouros, se tomarmos por base o quadro de medalhas em Londres-2012. A Austrália, 10a. colocada, ganhou sete medalhas de ouro, 16 de prata e 12 de bronze, em um total de 35. O Brasil deve mirar esta meta se quiser terminar no top-10 em 2016.

Eu analiso o mau desempenho brasileiro no geral por inúmeros fatores, mas o principal deles é a total falta de investimento na base. Sim, porque é na escola ou na universidade que os jovens desenvolvem as suas aptidões esportivas e é a partir daí que se estrutura um plano de alto rendimento, dependendo do talento de cada um. Antes de valer medalhas em uma Olimpíada o esporte vale saúde, educação, discilplina e outros conceitos que servem para a vida toda, independente de o indivíduo se tornar ou não um atleta de ponta.
Cielo: a maior decepção brasileira nos Jogos!
Além disso falta também investimento nos chamados esportes individuais, que realmente não chamam a atenção das pessoas no Brasil até as Olimpíadas começarem. Ninguém se interessa por Ginástica, Natação, Judô, Atletismo ou Boxe fora dos Jogos. Nem os principais patrocinadores, que só investem naqueles nomes já consagrados, como Cesar Cielo, Thiago Pereira, os irmãos Hipollytto e a saltadora Maurren Maggi, para citar os mais badalados. Talvez por isso as medalhas conquistadas pelo boxe sejam históricas e nos enxam de orgulho. Sem uma estrutura adequada, estes atletas não tem qualquer chance contra os países que dão este respaldo. E não adianta cobrar resultado.

Um outro fator que eu considero vital nesta análise do mal desempenho brasileiro em Londres. Há uma diferença básica entre as maiores esperanças brasileiras de medalhas e as de países mais acostumados às vitórias: a pressão! Vejamos o caso de Cesar Cielo: em 2008 ele caiu na água sem qualquer expectativa sobre ele e o nosso nadador assombrou o mundo ao levar o ouro. Agora em Londres dávamos sua medalha de ouro como certa e ele terminou com o bronze! Se isso acontecer com um atleta americano, chinês ou alemão o efeito será mínimo, porque outra centena de nomes podem suprir esta derrota. Os atletas brasileiros que têm reais chances de conquista competem com um peso do tamanho do Brasil em suas costas e isso faz toda diferença, principalmente nos esportes individuais!

Esquiva: uma medalha muito suada!
Para brilhar no Rio daqui a quatro anos se faz necessária uma maior atenção a esportes que possuem várias categorias e assim distrubuem mais medalhas, casos das várias lutas. E o judô brasileiro nos deu mostras disso, ao levar quatro medalhas. Entender que não podemos cobrar de quem não tem condições de disputar com os favoritos, mas sim incentivar os jovens talentos. Acreditar que esporte é fator de saúde pública e educação, e portanto obrigação do governo federal de investir na base!  Com algumas atitudes como essas, poderemos escapar das gaiatas piadas criadas por nós mesmos, de que mudaremos nosso nome nas Olimpíadas de Brasil para Bronzil, com todo respeito!

Nenhum comentário: