terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O lobby pode prejudicar Ronaldinho?

Desde que voltou a exibir seu refinado futebol, Ronaldinho Gaúcho voltou à linha de frente na preferência dos brasileiros por sua convocação para a seleção brasileira. Não há o que discutir sobre a qualidade técnica do gaúcho, mas eu proponho um rápido exercício de reflexão: quando Ronaldinho foi eleito o melhor jogador do mundo, no fim de 2005, ele estava em forma melhor ou pior do que a atual? É óbvio que não havia lobby, pois ele era quase uma unanimidade no país do futebol.

Vale ressaltar, ainda, que Ronaldinho não fez parte da chamada "banda podre" que foi responsabilizada pelo fracasso no Mundial da Alemanha. Ronaldo e Roberto Carlos, principalmente, foram alijados da seleção por serem considerados pela cúpula da CBF desagregadores de grupo. Ronaldinho não! O craque esteve fora do primeiro chamado de Dunga, mas retornou rapidamente para o escrete canarinho.

Entretanto, Ronaldinho jamais justificou em campo tais convocações. Sempre apático em campo, perdeu espaço gradativamente, até ser definitivamente afastado, em abril de 2009, após o jogo contra o Peru, em Porto Alegre. Logo, não pode ser considerado injusto seu afastamento. Repito: não foi por razões disciplinares, mas sim técnicas.

Ronaldinho em ação no Milan. O futebol que encantou o mundo volta aos poucos

Agora Ronaldinho está jogando o fino de novo. O lobby por sua volta já está tomando todos os setores da mídia esportiva ao redor do mundo. Até Maradona o quer na Copa. Acredito que Dunga vá chamá-lo, pois o mesmo fazia parte do grupo até ter seu rendimento questionado. Mas este lobby, que considero exagerado, pode até prejudicar Ronaldinho.

Primeiro porque lobbys em torno de jogadores para a seleção brasileira costumam dar em pizza. É só lembrar os pedidos pró-Romário com Luxemburgo (em 2000) e com Felipão (em 2002). A única vez que a opinião pública fez valer sua vontade foi em 1994. Dunga só vai chamá-lo se achar que deve, não adianta fazer pressão. Outro fator, mais preocupante, é o clamor popular fazer com que o desempenho do meia caia, devido à pressão de ter que corresponder em campo às expectativas colocadas em seus ombros.

Admiro o futebol de Ronaldinho, como qualquer pessoa que gosta de futebol. Mas do ponto de vista prático, jamais vi uma exibição de Ronaldinho que me enchesse os olhos, com a camisa amarelinha. Salvo quando ele surgiu, na Copa América de 1999, ou na Copa das Confederações de 2005, às vésperas da Copa de 2006, quando ele teve seu melhor rendimento dentro da seleção.

É bom aguardar mais um pouco antes de pressionar Dunga. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Ainda mais quando se trata de Ronaldinho Gaúcho!

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