A pior crise dos últimos anos no Flamengo enfim fez suas vítimas mais poderosas. Não foi apenas a esperada demissão de Vanderlei Luxemburgo que sacudiu a Gávea na semana passada. Toda a cúpula que gerenciava o futebol acabou sendo demitida, incluindo o gerente Isaías Tinoco (que estava no Flamengo desde 2005) e o vice de futebol Luiz Augusto Veloso, que já foi até presidente do clube. Este último sentindo-se pressionado pediu a própria demissão.
Quem me acompanha aqui no Futebol e Samba sabe que não sou entusiasta desta super valorização que os técnicos recebem no futebol atual, tampouco vejo que demissões resolvam o problema. Mas no caso específico desta passagem de Luxemburgo pelo rubro-negro a demissão era a única saída que a diretoria realmente encontrou.
Luxemburgo errou sob vários aspectos desde que assumiu o Fla em outubro de 2010. Primeiro no campo político: nenhum técnico tem vida longa ao bater de frente com as principais estrelas de uma equipe de futebol, os jogadores. Ora, quem joga são os jogadores. Se eles estiverem insatisfeitos com o treinador o time não vai a lugar algum. O agora ex-treinador do Fla também pisou feio na bola ao tentar assumir funções que não são de sua alçada, como tentar gerir o futebol do clube. Tudo bem que ele tenha este tipo de desejo no futuro, mas que não acumule com o cargo de treinador.
Mas Luxa errou também justamente naquilo que sempre o fez ser lembrado para treinar equipes grandes: sua ousadia e conhecimento tático. No Flamengo ele escalava o time de uma maneira covarde, apostando em nomes decadentes como Renato Abreu, Williams e na teimosia com o fraco zagueiro Wellinton. Em contrapartida, a torcida clamava pela escalação de jovens da base como Muralha, Luiz Antônio e Thomás. O resultado de tanto desgaste foi a inevitável queda do treinador, que comandou o rubro-negro nesta terceira passagem em 62 jogos, obtendo 30 vitórias, 24 empates e 08 derrotas.
Para o lugar de Luxa a diretoria agiu rápido e de forma correta na minha maneira de ver. A chegada de Joel Santana trará benefícios. Primeiro, porque o treinador fala a "língua" dos boleiros e isso será fundamental para o grupo de jogadores voltar a ser coeso. E segundo porque ele tem total identificação com o Flamengo e principalmente com a torcida. Apesar do desastre que foi sua saída em 2008 (com a patética derrota para o América-MEX na Libertadores), sua última passagem teve muito mais alegrias que tristezas, com a impressionante arrancada rumo às primeiras posições no Brasileiro-2007 e a conquista do Estadual em 2008. Joel conhece bem o clube e a torcida. Isso o ajudará a encontrar soluções para seus problemas, que no Flamengo não serão poucos, e ele sabe bem disso!
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