terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um dia triste para o jornalismo!

Peço licença aos leitores do blog para excepcionalmente hoje sair do assunto esporte ou samba, mas não posso deixar de lamentar o encerramento das atividades impressas de um dos maiores jornais do país: o Jornal do Brasil. Após mais de um século prestando enormes serviços à sociedade brasileira com um jornalismo inteligente e independente, o velho JB, apartir do dia de hoje apenas funcionará em sua versão on line.

É uma notícia muito ruim para os jornalistas, mas para todos que de uma forma geral usavam o JB como fonte de informação. Fundado em 1891, o Jornal do Brasil representou por anos a vanguarda do jornalismo impressso brasileiro e teve em seu quadro de profissionais nomes que mudaram a história do jornalismo brasileiro. Personagens como Zuenir Ventura, Armando Nogueira, Sandro Moreira, Ancelmo Gois, João Saldanha, Marcos Penido, Paulo César Vasconcellos, Carlos Heitor Cony, Oldemário Touguinhó, Ricardo Noblat, Sérgio Noronha, Alberto Dines, Renato Maurício Prado, apenas para citar os mais conhecidos.

31/08/2010 - Última versão impressa do JB

O JB, em sua fase áurea, competia de igual para igual com o principal veículo impresso das Organizações Globo, o jornal O Globo. Hoje unânime na casa da maioria dos brasileiros, durante muitos e muitos anos JB e O Globo rivalizavam na preferência do leitor carioca e brasileiro. Assim como toda a mídia da época, o JB também apoiou o golpe militar de 1964, que durante mais de 20 anos cerceou a liberdade de imprensa no Brasil.

22/04/1985 - A morte de Tancredo

Mas o JB foi o principal opositor do regime ditatorial brasileiro ao longo de duas décadas. E por isso, foi um dos veículos mais atingidos pelos censores da ditadura, quendo esta se endureceu ainda mais após o Ato Institucional Nº5, em 1968. Mas a inteligência e a sagacidade do JB se notava até nos momentos de alta tensão. Quem lia diariamente o diário, sabia que quando era publicada uma recita nas páginas internas do jornal, é porque ali estaria alguma reportagem que a censura vetou de ser publicada.

Ao longo destes 109 anos de história, o JB ensinou muito do jeito de se fazer jornalismo impresso. Não basta divulgar a notícia, que nos dias de hoje já é açltamente difundida quando o jornal sai para as bancas devido ao advento da internet e da TV, mas tem de se esmiuçá-la com análises, repercussões, consequências e tendências que virão com a determinada notícia.

18/07/1994 - Brasil é Tetra!


Infelizmente o fim do JB não é uma surpresa para quem acompanha a história recente do jornal. A grave crise que abateu o jornal no início deste século teve início com a venda dos direitos sobre o veículo da familia Nascimento Britto para o empresário Nelson Tanure, em 2001. Em 2005, o jornal perdeu a sua lendária sede na Avenida Brasil e teve de se mudar para o histórico prédio da casa do Bispo, no Rio Comprido. Em 2006, deixou o formato standard para circular no formato tablóide. Agora foi anunciado o encerramento das atividades impressas para se dedicarem apenas à versão on line. Uma notícia muito triste para os amantes do bom jornalismo.

O JB deixará muita saudade!

Um comentário:

Maurício Motta... disse...

Realmente é uma pena como vc disse O JB deixará muitas saudades.
Parabéns pelo Post.