quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Um gigante vermelho

Belém, capital do Pará, 17 de novembro de 2002. O tradicional Sport Club Internacional enfrentaria o Paysandu fora de casa naquela que seria a última rodada da fase de classificação daquele Campeonato Brasileiro. Uma derrota poderia significar um humilhante rebaixamento ao clube que vencera três vezes a mais importante competição do país, sendo uma delas invicto. A tensão teve fim com os gols de Fernando Baiano e do lateral Chiquinho. O Inter permeneceria na divisão de elite para o ano de 2003. O recém empossado e aliviado presidente Fernando Carvalho teria um longo trabalho pela frente.

Quase oito anos após esta dramática história, temos um Internacional campeão Mundial (2006) bi-campeão da Libertadores (2006-2010), campeão da Sul-Americana (2008) e campeão da Recopa Sul-Americana (2007), sem falar das seis conquistas estaduais alcançadas ao longo destes anos. Fernando Carvalho não é mais o presidente do Inter, apesar de fazer parte da atual diretoria. Deixou o cargo justamente em 2006, maior ano da história colorada que culminou com a conquista do Mundial sobre o Barcelona.

Fernando Carvalho, o homem que mudou os rumos do Inter!

Estou contando toda essa história para o amigo leitor do Futebol e Samba para evidenciar e tentar provar que com uma gestão séria e profissional qualquer clube pode sair das trevas e atingir o Olimpo das vitórias. O Inter não é só o clube mais vencedor da década atual no futebol brasileiro, mas montou uma estrutura capaz de fazer o torcedor colorado ter muita esperança em dias ainda melhores.

O clube gaúcho, que segundo a última pesquisa Ibope tem apenas a 10ª maior torcida do país, possui a impressionante marca de 100 mil sócios torcedores, disparado na liderança do ranking neste aspecto. Para efeito de comparação, o Flamengo, com mais de 30 milhões de torcedores, possui a irrisória marca de 8 mil sócios. Mais de 90% a menos. Com isso, o Inter precisaria de dois Beira-Rios para acomodar todos os seus sócios em uma partida, uma vez que o Gigante comporta apenas 50 mil torcedores, aproximadamente.



Além disso o Inter é o clube brasileiro que mais ganha dinheiro em transferências de jogadores. A razão é muito simples. O clube gaúcho revela talentos (bons) na mesma proporção que o milho na panela vira pipoca. Nomes como Rafael Sóbis, Nilmar, Taisson, Renan, Sandro, Alexandre Pato, apenas para citar os mais famosos, foram revelados no Inter e é por isso que o clube ganha tanto dinheiro com venda de jogadores, o que permite o clube investir em reposições com a mesma qualidade dos jogadores que saem.

A gestão profissional apregoada por Fernando Carvalho lá em 2002 e continuada por Vitório Píffero à partir de 2006, faz cair por terra o argumento daqueles que defendem a tese de que para vencer no futebol atual é preciso fazer alianças escusas e adotar a falta de escrúpulos como matéria-prima básica para atingir o sucesso. Uma gestão séria e acima de tudo competente faz qualquer grande clube estar sempre no lugar que é seu por direito: o alto do pódio!

Parabéns ao Sport Club Internacional não apenas pela brilhante conquista da Libertadores de 2010, a segunda de sua história. Mas parabéns acima de tudo por não se curvar aos velhos vícios tão lamentavelmente difundidos no futebol e na sociedade brasileira, de forma geral. O clube honra não somente a sua apaixonada torcida, mas acima de tudo àqueles que acreditam que a saída decente para o futebol é a gestão profissional e não as negociatas e a falta de escrúpulos. O Rio Grande do Sul nos ensina mais esta lição!

Um comentário:

José Renato Oliveira disse...

Bela crônica. Mostrou o que um clube de futebol bem estruturado e com visão futurista, pode render. Hoje o Internacional é referência em gestão e o belo título de ontem faz com que mais e mais colorados fiquem sócio do clube.
É uma pena ver os amadores clubes do RJ, com um imenso potencial, estarem tão ruins administritivamente.
Uma pena!