quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Copa da Alegria - Balanço Final

Terminada a 19ª edição da Copa do Mundo, nós temos o panteon de campeõs mundiais com um novo integrante: a Espanha é o oitavo país a ter esta honraria e se junta a Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, França e Inglaterra. A Europa assumiu a liderança no ranking de títulos mundiais com 10 conquistas contra 09 doa países latino-americanos. Desde 1962, quando o Brasil conquistou o bicampeonato mundial e colocou os sul-maericanos na frente, os europeus não conseguiam passar à frente.

Para se contar a história do Mundial da África do Sul, podia-se perfeitamente usar um bordão a que qualquer brasileiro se acostumou desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da república. O nosso chefe máximo do executivo costuma dizer que "nunca antes na história deste pais..." aconteceram tantos avanços. E nunca antes na história das Copas aconteceram tantos fatos inéditos e inusitados.

Para começar, dos semifinalistas em 2006, apenas Portugal e Alemanha passaram de fase. Foi a primeira vez que os finalistas da Copa anterior não avançaram para as oitavas na Copa seguinte. Também foi a primeira vez que um país anfitrião sequer passou de fase. Os piores desempenhos haviam sido dos EUA e do Japão qua pararam nas oitavas. Também foi a primeira vez que os sul-americanos superaram os europeus em número na fase de quartas de final, apesar de novamente o título ter ido para a Europa. Foi ainda a primeira vez que um campeão perdeu na sua partida de estreia. A Espanha foi derrotada pela Suíças, mas depois arrancou para a conquista com seis vitórias.

Grandes Surpresas x Terríveis Decepções:

As grandes surpresas da Copa do Mundo, em minha opinião, foram Uruguai e Gana. Os africanos igualaram a maior campanha do continente na história dos mundiais quando atingiram as quartas de final e só não chegaram à semifinal por que certamente os deuses do futebol assim não quiseram. Os ganeses foram eliminados pelo Uruguai em um jogo épico que conduziu os celestes de volta à uma semifinal de Copa do Mundo após 40 anos. A volta do Uruguai ao grupo de seleções de ponta foi o maior barato desta Copa.

Itália, França e Inglaterra protagonizaram os maiores vexames deste Mundial. Os ingleses até conseguiram passar para as oitavas no sufoco, após uma vitória apertada sobre a Eslovênia, mas foram impiedosamente goleados pelos alemães e voltaram para casa humilhados, appós estarem no grupo de favoritos antes da Copa. Os finalistas de 2006, Itália e França, sentados no resultado da Alemanha, não se renovaram e também pagaram um mico histórico. Italianos perderam para a Eslováquia e terminaram atrás da Nova Zelândia em um grupo patético. Franceses, além do futebol vergonhoso dentro de campo, protagonizaram o maior barraco da história das Copas, quando jogadores e o treinador Reymond Domenech mal se falavam. O fechamento melancólico foi a derrota para a África e a recusa do técnico francês de cumprimentar Parreira, treinador da África.

Muita emoção, pouca técnica?

A Copa de 2010 não foi pior do que a de 2006 na minha opinião. A segunda pior média de gols de uma Copa (2,27) foi enganosa no meu modo de ver. Tivemos algumas partidas interessantes, mas o pouco futebol da primeira rodada favoreceu para esta média. Desde 1998 não tínhamos uma Copa com tantos jogos interessantes como nesta edição da África do Sul. Alguns craques decepcionaram, mas outras revelações encheram os olhos com um futebol bem interessante. A vitória da Espanha confirma que o futebol superou a força em 2010.

O jogo Uruguai x Gana foi uma espécie de síntese deste Mundial da África do Sul. Partida sem muita qualidade técnica, apesar de não chegar a ter sido uma pelada, que tomou ares de jogo épico quando um lance aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação fez o planeta respirar fundo e exclamar: isso é Copa do Mundo! Sem dúvida o grande jogo da Copa. Destaco também o empate entre Eua x Eslovênia na primeira fase e os jogos da Alemanha na fase de mata-mata (vitórias sobre Argentina, Inglaterra e Uruguai).

Craques consagrados x garotos promissores:

A Copa da África começou cercada de expectativa em torno de grandes nomes do futebol mundial. Kaká, Messi, Cristiano Ronaldo, Rooney, Didier Drogba, dentre outros eram a esperança de grandes lances e vitórias de suas seleções. Mas a maioria deles decepcionou com uma Copa muito ruim. Destaque para os astros do Real Madrid, Kaká e Cristiano Ronaldo que anadaram em campo. Sem dúvida foaram as grandes decepções desta Copa, individualmente.

Mas por outro lado tivemos o surgimento de nomes que podem brilhar em 2014, no Brasil. O time da Alemanha me impressionou com nomes como Özil e MÜller, jovens de muito valor e muito futuro. Apesar de não ser tão jovem, Diego Forlán também fez uma Copa espetacular, tendo sido eleito pela FIFA o craque da competição. A Copa da África do Sul, dentre outros aspectos, evidenciou que a mescla de juventude, experiência e talento ainda é o que faz o verdadeiro futebol de resultado, aquele que ganha!

A seleção da Copa:

Na minha concepção estes foram os melhores da Copa da África:

Goleiro: Iker Casillas (Espanha) - Regular e eficiente quando necessário.
Lateral-Deireito: Philip Lahm (Alemanha) - Cruzamentos certos. Apoio e marcação impecáveis.
Zagueiro: Juan (Brasil) - Se salvou no mar de mediocridade da seleção brasileira.
Zagueiro: Diego Lugano (Uruguai) - Técnica e raça na medida certa.
Lateral-Esquerdo: Giovanni Van Bronckhorst (Holanda) - Excelente Copa. Liderou a Holanda.
Volante: Schweinsteiger (Alemanha) - Um dos melhores jogadores da Copa.
Volante: Özil (Alemanha) - A grande revelação da Copa.
Meia: Xavi (Espanha) - Craque que correspondeu às expectativas pré-Copa.
Meia: Sneijder (Holanda) - Também um dos melhores do Mundial.
Atacante: Diego Forlán (Uruguai) - Comandou a celeste com um futebol muito moderno.
Atacante: David Villa (Espanha) - Atacante que aliou técnica e aproveitamento nas finalizações.
Treinador: Joachim Löw (Alemanha) - Montou a melhor equipe da Copa, disparado.

Espanha: A Grande Campeã:

A vitória da Espanha na África é tão emblemática quanto a derrota da seleção brasileira de 1982, na própria Espanha. Sim, porque se há 24 anos atrás a derrota da arte, da técnica e do jogo bonito fez surgir no futebol a escola da força e da consciência tática como únicas formas eficientes de se vencer no futebol. A conquista da Copa de 1994 pelo Brasil foi o ponto alto deste modo de pensar tão apregoado pelo ex-treinador do Brasil Dunga.

Mas agora a Espanha, que joga pra frente, tem talento e encanta todo mundo, venceu. Foi campeã e chegou ao tão famigerado resultado, como se só ele importasse. A Espanha equilibrou em seu time talento individual, consicência tática e competitividade em uma Copa do Mundo, o que jamais o país havia conseguido em sua história. A vitória da Espanha vai fazer o futebol ser novamente repensado: dá para vencer e jogar bonito.

***

Agora a bola está com o Brasil para organizar a 20ª edição da Copa do Mundo. Organizar tanto no aspecto estrutural por ser o país sedo, como no aspecto esportivo, pois um processo de renovação de nossa seleção urge desde a Copa de 2006. Que venha um treinador aberto a propostas e críticas e não feche à seleção ao povo. Eu tenho certeza que o brasil vai organizar uma grande Copa e nós podemos ter muita esperança de que o hexa virá em casa. Vamos aguardar e acompanhar!

Até daqui quatro anos!

Um comentário:

Maurício Motta... disse...

Como fez bem ao futebol essa conquista da Espanha. Acabou aquele negócio de que futebol bonito não traz resultado. Venceu a melhor seleção e a que jogava mais bonito.
Sobre a sua seleção, eu coloquei Lucio no lugar de Juan e Fabio Coentrão na vaga do capitão holandês.
Abraços