segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os erros capitais de Dunga

Como era de se esperar, a CBF anunciou a demissão de Dunga do comando técnico da seleção brasileira. Como acontece de praxe, ao fim de um cicçlo de trabalhpo entre Copas, a entidade máxima do futebol nacional muda a comissão técnica. Isto iria acontecer mesmo que o Brasil trouxesse da África a sexta taça de campeão mundial. A saída de Dunga evidencia alguns erros capitais e outros acertos que devem ser aqui reconhecidos.

Na minha visão a grande erro de Dunga no comando da seleção se deu no campo subjetivo, psicológico. Ao acreditar estar sendo perseguido pela imprensa, o capitão do tetra criou na cabeça de nossos jogadores uma mentalidade bélica e de confronto eterno, contra os "inimigos" da nação, incorporados pelos jornalistas e a imprensa, que apenas cumpria com seu dever de informar o que se viu na preparação.

Dunga fechou treinamentos, isolou a seleção e afastou o torcedor da equipe. Os jogadores se demonstraram extremamente nervosos nas partidas e isto pode ser evidenciado na quantidade de cartões que o Brasil levou em cinco jogos. Nunca foram tantos em Mundiais. Chegou-se a inacreditável situação de Kaká ser expulso de campo, numa situação impensável outrora. Jogadores tensos e nervosos, fatalmente sucumbiriam a uma situação de pressão como estar atrás no placar, como ocorrera diante da Holanda.

Outro equívoco de Dunga foi morrer abraçado com seus aliados e escalar para a Copa um time sem qualquer talento e alternativas táticas de um grupo muito pobre tecnicamente. Ao abrir mão do talento, em detrimento da famigerada coerência, o treinador deu um tiro no próprio pé e se ao longo de quatro anos teve a sorte a seu lado, na Copa foi diferente. Perdeu seu jogador mais equilibrado (Elano) e seu grande craque (Kaká) não passou de um esforçado jogador, nem de longe lembrava o melhor do mundo em 2007.

Dunga apostou em jogadores em má fase em seus clubes e muitos sequer conseguiram uma regularidade na titularidade durante a temporada que precedeu o Mundial. Nomes como Júlio Batista, Kléberson, Doni, Grafite, Gilberto Silva e Michel Bastos foram muito mal e pouco jogaram na última temprada européia. No caso de Kléberson, reserva de Toró no Flamengo, ficou a sensação de que ele só foi à Copa como uma dívida de gratidão, uma vez que se lesionara em 2009 atuando pelo Brasil. Seleção Brasileira não é lugar para agradecer favores, é para estarem os melhores, ainda mais em uma Copa.

Mas Dunga acertou também, devo reconhecer. Seu principal mérito foi ter conseguido colocar nos jogadores a mentalidade de querer estar com a seleção e ter prazer em jogar pelo Brasil. Ao fim de 2006, ele foi convocado para mudar a postura de empáfia que havia tomado conta de nosso time. E isto ele conseguiu, convenhamos. Renovou a seleção em quantidade pelo menos. Não foi uma renovação em qualidade, o que era perfeitamente possível. Mas parte do que ele se propôs a fazer, foi feito. A outra parte, que era ganhar a Copa, foi fracassada.

O novo comandante do Brasil precisa chegar com a mentalidade de mudança, mas uma mudança com vistas à qualidade e ao verdadeiro estilo brasileoro de se jogar bola. O Brasil joga visando o ataque e sempre foi assim. E não se postando atrás, cheio de volantes e esperando o adversário. Não concordo em se fazer uma limpa no grupo que foi para a África. Mas é possível fazer uma mescla. Nomes como Neymar, Paulo Henrique Ganso, Nilmar, Alexandre Pato, Thiago Silva, e outros são aguradados com ansiedade pelo torcedor brasileiro. O novo treinador tem a chance de fazer isso. A próxima Copa será aqui e 2014 é logo ali!

Um comentário:

Maurício Motta... disse...

Muito boa a sua análise. Só faltou colocar o Philippe Coutinho entre os possíveis jogadores para a Copa de 2014.
Dunga só queria brigas e preparou seu time para enmfrentar a opinião pública como se fosse uma inimiga.
Abraços