segunda-feira, 6 de junho de 2011

O nome dele é Deján Petkovic

No final da temporada de 1999, apesar de ter conquistado dois títulos, fato que não ocorria desde 1981, o Flamengo encerrava suas atividades com uma certa crise. Depois de romper com o ídolo Romário, o então presidente, Edmundo dos Santos Silva, anunciava uma polêmica parceria com a ISL, que anos mais tarde se comprovou ser um tiro no pé. Para acalmar a torcida e a imprensa o presidente anunciou uma impactante contratação: o sérvio Deján Petkovic, vindo do Venezia-ITA, pela cifra de U$$ 6 milhões.

Petkovic havia se destacado na temporada 1998 pelo Vitória, inclusive participando da eliminação do próprio Flamengo na Copa do Brasil. O sérvio (na época o seu país se chamava Iugoslávia) chegava para comandar o meio-campo e recebeu a camisa 10, exigência feita em contrato na época. Também era o nome de impacto para abafar a ida de Romário para o arqui-rival Vasco. Nem ele e nem ninguém poderia esperar que sua idolatria com a torcida rubro-negra superaria a do próprio Romário.

Aqueles eram anos escassos para o Fla, em vários aspectos. Campeão carioca em 99, o Fla conquistaria o bi em cima do Vasco e Petkovic marcou apenas quatro vezes na campanha, sendo coadjuvante no elenco em que chegou para ser estrela. No Brasileiro, idem. Pet teve que amargar várias partidas no banco de reservas na medíocre campanha do Fla. No segundo semestre, ele teve a companhia de astros do quilate de Alex (atualmente no Fenerbahçe-TUR), Denílson e Gamarra.

Em 2001, Pet deixaria o patamar de eterna esperança dos rubro-negros para entrar na história eterna do clube. Amargando a reserva durante boa parte do Estadual e quase não entrando em campo na finalíssuma diante do Vasco, Petkovic acabou marcando o gol do tri-campeonato aos 43 do segundo tempo e entrou de vez no hall dos grandes nomes do Flamengo, apesar de até então viver às turras com a diretoria e boa parte da torcida.

O gol antológico não apagava o fato de o sérvio ser uma pessoa de difícil relacionamento, o que o fazia ficar à margem da maioria dos atletas. Em campo o Fla fracassou nas principais competições do primeiro semestre de 2002: perdeu a final da Copa Mercosul (diante do San Lorenzo-ARG) e sucumbiu no Rio-São Paulo, no Carioca e na Libertadores, competição que o clube estava fasrado havia nove anos, saindo ainda na primeira fase. E Pet rescindiu seu contrato depois de 43 gols em 121 partidas. E assim como Romário, desembarcou no Vasco.

No Flamengo, ele comemorou quase sempre!

Sempre polêmico e craque o jogador conseguiu sucesso em dois grandes rivais do Flamengo: no Vasco, conquistou o Carioca em 2003 e marcou 28 gols em 66 jogos. No Fluminense foram 59 partidas, 19 gols e nenhum título. No exterior o sérvio não obteve brilho em, nenhum dos clubes em que atuou, o último deles na Arábia Saudita. De volta ao Brasil, Pet rodou por Goiás, Santos e Atlético mineiro, sem brilhar.

A volta ao Flamengo, em 2009, foi polêmica. A maior parte dos torcedores foi contra. O então treinador, Cuca, e o vice de futebol Kléber Leite se rebelarm, mas o presidente em exercício Delair Drumbosck bateu o pé e bancou o retorno do ídolo, para tentar reduzir a enorme dívida que o Flamengo tinha com o craque. Coincidência ou não, Kléber e Cuca caíram semanas depois o tretorno de Pet.

E Petkovic mais uma vez calou os críticos com atuações espetaculares dentro de campo, sendo decisivo na histórica campanha que conduziu o Flamengo ao título brasileiro, competição que o clube não conquistava havia 17 anos. Para muitos o sérvio foi o craque daquele campeonato, tendo marcado dois gols olímpicos em jogos decisivos contra Palmeiras e Atlético Mineiro. Se alguém ainda duvidava da idolatria de Pet, ele mais uma vez provava seu valor.

O trágico ano de 2010 para o Flamengo também não foi dos melhores para Petkovic. De titular icontestável em 2009, ele foi relegado a reserva de luxo pelo técnico Andrade. O sérvio ainda brigou com parte da diretoria após uma vitória no Fla-Flu e passou o resto do ano sendo boicotado. A realidade era que a genialidade estava sendo superada pela idade avançada.

Em 2011 Vanderlei Luxemburgo decidiu, com o respaldo da presidente Patricia Amorim que o ciclo de Pet estava definitivamente encerrado no Flamengo. Sem proposta de outros clubes, o sérvio ficou treinando separadamente e ficou decidido meio que à revelia do meia que a despedida do futebol seria diante do Corinthians. O outrora decidido e falastrão Petkovic acatou calado.

E a festa de despedida foi quase perfeita, não fosse o empate. A torcida armou uma bela festa para o jogador que se tornou o maior ídolo do Flamengo após a Era Zico, superando nomes como Romário, Adriano, Vágner Love e Ronaldinho Gaúcho. Pet merecia mesmo tamanha festa. Fez 57 gols com a camisa rubro-negra em 198 partidas. Ganhou vários títulos. Colecionou polêmicas ao mesmo tempo em que fez muito rubro-negro se emocionar. Foi o estrangeiro que mais teve sucesso jogando no Brasil em todos os tempos! Nome difícil de dizer e muito mais de esquecer: Valeu Deján Petkovic!

Um comentário:

Mauricio Motta disse...

Petkovic foi simplesmente o maior ídolo do Flamengo pós a Geração de Zico.
No Vasco e no Flu, também jogou muito e em minha opinião, foi o principal jogador do Flamengo na campanha do título brasileiro de 2009.
Como vc disse, foi o maior estrangeiro que já atuou no futebol brasileiro. Com certeza, Petkovic nunca será esquecido pelos torcedores e amantes de futebol.
Abraços