quarta-feira, 3 de março de 2010

Agora é a Copa!

Desde que assumiu a seleção brasileira, após o fiasco na Alemanha em 2006, o técnico Dunga recebeu a incumbência de resgatar a velha mística da camisa amarela e fazer os jogadores voltarem a ter a mesma vontade de atuar pela seleção que eles possuíam por jogar nos seus clubes. O "choque de ordem" de Dunga fez rodar Dida, Cafú, Roberto Carlos, Zé Roberto, Juninho e Ronaldo. Apesar de estarem no grupo atual, os jogadores Kaká e Adriano sentiram o arrepio da geladeira por alguns jogos e Ronaldinho Gaúcho vive a expectativa de ser chamado para a Copa. Ele tem sua última chance em maio, quando sai a lista oficial.

Pois Dunga veio cumprindo à risca nesses três anos e meio sua missão. Só convoca quem assina a sua cartilha de priorizar o grupo em detrimento do ganho pessoal. Para Dunga não importa o momento atual do jogador, mas sim duas coisas: primeiro o comprometimento com a "causa" Copa do Mundo e segundo o histórico do jogador e sua postura nas convocações anteriores feitas pelo treinador.

A nova era Dunga teve inicio em 16 de agosto de 2006, no primeiro jogo pós-Copa 2006. Em Oslo, na Noruega, a seleção brasileira empatou com os donos da casa em 1 a 1. Da equipe que o técnico mandou a campo naquele dia, atuaram ontem diante da Irlanda (vitória por 2 a 0) Maicon, Lúcio, Juan, Gilberto Silva, Elano e Robinho. Ainda estão no grupo Gilberto e Júlio Batista.

Dunga: apenas 05 derrotas em 03 anos.

De lá pra cá foram 53 jogos, 37 vitórias, 11 empates e apenas 05 derrotas. Dunga imprimiu na seleção uma postura tática, que se não empolga tanto o torcedor, mostra-se eficiente e trouxe um aproveitamento perto dos 80% dos pontos disputados ao longo destes anos. A seleção não empolgou, não encheu os olhos, salvo em algumas partidas, mas venceu, cumpriu todos os objetivos traçados. E chega à Copa como a grande favorita ao hexa.

Desde que assumiu a seleção Dunga venceu a Copa América, a Copa das Confederações e terminou facilmente na liderança das Eliminatórias. A máxima desta Era Dunga foi a forma avassaladora com que a seleção venceu tradicionais rivais. Começou com um 3 a 0 sobre a Argentina, logo no segundo jogo de Dunga. Aí vieram a derrota para Portugal (2x0) e o empate com a Inglaterra (1x1). Na final da Copa América, em 2007, nova goleada sobre os hermanos: 3 a 0. Quando Dunga parecia que não resistiria para o próximo ano, eis que a seleção atropela Portugal em Brasília: 6 a 2. Antes da Copa das Confederações, ano passado, Dunga venceu a Itália sem muitas dificuldades por 2 a 0. No torneio da África do Sul, nova goleada: 3 a 0. E ainda teve o gran finale com uma convincente vitória diante, de novo, da Argentina, em Rosario, por 3 a 1, no jogo que sacramentou a vaga para o Mundial.

Quando o Brasil enfretou equipes de menor porte, e estas tentavam atacar o Brasil, eram impiedosamente goleadas pelos eficientes contra-ataques da seleção. Porém, a seleção de Dunga apresentou incrível dificuldade de vencer adversários que vinham com a postura de apenas se defender. Foi assim na maioria dos casos. Alguns jogos foram emblemáticos desta situação. Para citar alguns, lembro-me dos empates em 0 a 0 contra a Bolívia e a Colômbia, ambos no Rio, pelas Eliminatórias.

Na Copa certamente o Brasil ao enfrentar equipes do porte de uma Espanha, de uma Argentina, Itália, França, Alemanha, vai fazer exatamente o que manda a cartilha Dunga: contra-ataques eficientes. E com isso pode aplicar novas goleadas. Mas e diante dos ferrolhos defensivos? Até hoje Dunga e Jorginho não conseguiram criar uma espécie de plano B para escapar das defesas intransponíveis. Provavelmente o Brasil sofrerá diante de adversários retranqueiros.

Ronaldinho: ele pode fazer a diferença numa partida na Copa.

Por isso, urge que Dunga chame Ronaldinho Gaúcho para compor o grupo da Copa. Em um jogo desses, complicado, ele pode entrar e fazer a diferença, pois ele tem a imprevisibilidade do talento, da técnica e pode mudar um jogo num lance, numa fração de segundos. O grupo está definido. Até a lateral-esquerda que era uma das dúvidas, parece ter se resolvido com Michel Bastos e Gilberto. Ainda há uma vaga no gol, que deve ser de Vítor do Grêmio. Defesa e ataque estão mais que definidos há pelo menos um ano e resta uma vaga no meio. Se Ronaldinho continuar a jogar o que está jogando, Dunga precisa levá-lo.

Uma coisa é certa: perdendo ou ganhando, a seleção não vai protagonizar na África, o patético espetáculo de descaso e falta de comprometimento que Ronaldo, Roberto Carlos e sua trupe comandaram na Alemanha em 2006. O Brasil vem forte e vai brigar de fato pelo hexacampeonato mundial.

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