segunda-feira, 31 de maio de 2010

A volta do ídolo

Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 1990. O estádio do Maracanã vivia uma noite de tristeza para a maior torcida do Brasil e especialmente o torcedor que admirava o futebol de Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Naquela noite ele deixava o futebol, tendo jogado no Brasil apenas pelo Flamengo. Foram 732 jogos pelo clube e 509 gols marcados, o maior artilheiro da história do clube da Gávea. Desde então, o Galinho de Quintino deixou um enorme vazio nos corações rubro-negros e o Flamengo jamais voltou a ter um ídolo com o seu carisma e identificação com a torcida.

Pois bem, após perder Adriano, que sequer chega ao pés de Zico na condição de ídolo, o Fla tenta preencher uma lacuna no coração do torcedor rubro-negro. E na minha visão a volta de Zico, para comandar o departamento de futebol do clube, vai além do fato de ele ser uma figura emblemática da história do clube. A volta de Zico ao Flamengo, 20 anos após ele deixar o clube, tem uma representatividade quase que psicológica.

Além de ser o maior jogador que já vestiu a histórica camisa do Flamengo, Zico tem todas as prerrogativas necessárias para assumir o cargo. Tem ampla bagagem e experiência dentro do futebol, tanto como gestor, treinador ou jogador. Portanto, deverá saber lidar com todas as esferas de poder no clube. Outro fator que o torna capaz: ele mais do que ninguém conhece como poucos o Flamengo nas suas mais escabrosas minúcias.


Zico ainda como jogador.
Nenhum atleta teve tanta identificação com um clube como ele.


Mas é bom deixar muito claro para o torcedor. Zico não jogará. Não cobrará faltas de maneira magistral. Não dará arrancadas e marcará gols que enlouqueciam o torcedor. O maior artilheiro da história do Maracanã com 333 gols marcados agora "jogará" na função de diretor. Terá de administrar problemas, encontrar reforços e enfrentar a ira daqueles que o idolatram em caso de fracassos. Zico sabe muito bem disso e certamente pesou todas estas questões antes de assumir o clube que ama, inteligente que sempre foi.

A chegada de Zico, além de todas as questões já citadas trará credibilidade a um clube que ultimamente tem se notabilizado pelos desmandos e regalias inacetáveis para atletas que se acham acima do clube. Zico tem o perfil para acabar com isso e certamente qualquer jogador gostaria de trabalhar com o Galinho, o que pode atrair bons reforços para o clube.

A condição de ídolo eterno do clube, aliada à sua experiência como homem de futebol se atrelada aos respaldo necessário da direção do Flamengo pode tornar esta contratação um novo divisor de águas na história do rubro-negro. Assim como, sem saber, em 1971 ao estrear diante do Vasco ele estava criando um marco histórico no Fla (dizem que existe o Fla pré e pós Zico), novamente Arthur Antunes Coimbra pode significar uma nova guinada no clube que confunde a sua história com a do próprio Zico. Que dê certo!

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