sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os royalties e as bolinhas!

De um lado Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Aílton, Zinho e Zico; Renato Gaúcho e Bebeto. Do outro lado estão Flávio, Betão, Estevão, Marco Antônio e Zé Carlos Macaé; Rogério, Ribamar e Zico; Robertinho, Nando e Neco. Os times acima descritos são, respectivamente, as escalações de Flamengo e Sport Recife que protagonizam, desde 1987, a maior polêmica do futebol brasileiro. Esta equipes nunca chegaram a se enfrentar pois, por uma decisão do Clube dos 13, os vencedores da Copa União (equivalente á primeira divisão naquele ano) não deveriam confrontar os finalistas do Módulo Amarelo (que correpondeu à segunda divisão), como queria a CBF.

Pois bem, a entidade máxima do nosso futebol resolver manter sua posição e não considera o Fla campeão de 1987, mas sim o Sport. Portanto, não vai entregar a Taça de Bolinhas (que pertenceria ao primeiro penta-campeão brasileiro) ao clube carioca, mas sim ao São Paulo, que foi penta em 2007. Como o leitor do Futebol+Samba pode claramente constatar, não há comparação entre as equipes e portanto o Fla não enfrentou o adversário por decisão política, apoiado por todos os grandes clubes brasileiros.

A Copa União de 1987 foi organizada pelo Clube dos 13 como o campenoato brasileiro daquele ano, pois a CBF ao fim de 86 declarou não ter condições financeiras de organizar a competição. O Clube dos 13, entidade que continha os 12 clubes de maiores torcidas do país e mais o Bahia, organizou então aquele que foi o primeiro torneio no Brasil que contou com a presença de patrocínio nas camisas de clubes de futebol. Era o embrião do chamado futebol moderno, com visão de mercado.

O time do Sport reconhecido como campeão! Nenhum jogador hoje é lembrado.

Até hoje, este Brasileirão foi o de maior média de público, com 20.787 torcedores por jogo. Um sucesso de público e com jogos eletrizantes entre os maiores clubes do Brasil. Divididas em dois grupos com oito equipes, na primeira fase as equipes de um grupo defrontaram as do outro grupo. Os campeões (Atlético-MG e Internacional) garantiram-se nas semifinais. Na segunda fase, os jogos foram dentro dos grupos e novamente o galo foi o vencedor de seu grupo e O cruzeiro venceu o outro. Como já estava garantido nas semifinais, o time mineiro abriu uma vaga para o segundo lugar, que foi do Flamengo.

As semifinais, portanto, estavão marcadas para Atlético-MF x Flamengo e Internacional x Cruzeiro. Porém como no Brasil regulamentos são mudados em maio a competições a CBF, vendo a rentabilidade e o sucesso do torneio, resolveu ordenar que para se decidir quem seria o campeão brasileiro os dois finalistas da Copa União deveriam se confrontar com os finalistas do Módulo Verde. Claro que os grandes clubes se recusarem e decidiram não jogar, até porquê seria um fim melancólico para um campeonato tão bom. Isto tudo foi decidido antes das semifinais serem realizadas.

Como era de se esperar foram quatro jogos espetaculares que conduziram o Flamengo e o Internacional à decisão do campeonato. No primeiro jogo, no sul, empate em 1 a 1, diante de um público de 63 mil pessoas. Na partida de volta, com um Maracanã colorido por 90 mil rubro-negros o Flamengo venceu por 1 a 0, gol de Bebeto e conquistou o seu quarto título nacional, e a hegemonia do futebol brasileiro.

O Fla campeão de 87! Todos os jogadores já atuaram pela seleção!

Do outro lado, Guarani, Sport, Bangu e Atlético-PR fizeram as semifinais do Módulo Amarelo e os dois primeiros times chegaram à decisão. Como os clubes grandes resolveram não jogar, nas partidas em que eles enfrentariam Sport ou Guarani foi decretado W.O. e nas partidas finais as equipes empataram primeiro por 1x1 e na volta o Sport vencer por 1 a 0, gol de Marco Antônio.

Nestes 23 anos muito se discutiu, liminares foram veiculadas, batalhas verbais e jurídicas se arrastram e continuam se arrastando. A CBF, ressentida de ter sido preterida na organização da competição, nunca aceitou o Fla como campeão de 1987. Inscreveu o Sport e o Guarani na Libertadores de 88, na primeira vez da história que as equipes vencedoras da Série B chegaram à competição continental, no lugar dos legítimos campeão e vice da Série A. Mas a declaração de Ricardo Teixeira, após definir o destino da Taça de Bolinhas é emblemática: "Como dirigente da CBF não posso dizer que o Fla é hexa, mas como torcedor do Flamengo que sou me considero hexa". Constrangedor, para dizer o mínimo.

Esta decisão remete à emenda do deputado Ibsen Pinheiro, que tentou retirar do estado do Rio de Janeiro os royalties pela exploração da camada de pré-sal do petróleo. Ora, se 80% ddo petróleo brasileiro está no território fluminense, como não repassar ao Rio a maior fatia dos lucros? Ricardo Teixeira é o "Ibsen Pinheiro" do futebol brasileiro, ao retirar, de maneira covarde, um título que o Flamengo conquistou com todo o brilho dentro de campo.

A presidente Patrícia Amorim está certíssima em declarar guerra à entidade máxima de nosso futebol e deve chegar até as últimas consequências para fazer valer o direito do Flamengo. Se preciso jogar com as mesmas armas que a CBF costuma empregar, como por exemplo tentar pressionar a presidente do clube a mudar seu voto na eleiçção do Clube dos 13, para em troca entregar a Taça das Bolinhas ao Fla. Claramente não é uma decisão esportiva, mas sim de cunho político e baixo!

A torcida do Flamengo, a maior do brasil, também promete uma reação á altura de sua grandeza. Os torcedores do clube compõe uma massa de 35 milhões de apaixonados que, se não podem entregar a Taça de Bolinhas na base da marra, podem pelo menos fazer um barulho bastante incômodo! E mesmo que toda esta luta seja em vão, de nada vai adiantar. A CBF pode dizer, a FIFA pode corroborar, mas ninguém tira do sentimento de todo o rubro-negro que o seu clube, uma instituição centenária e muito maior que a CBF, é sim Hexacampeão brasileiro! E tomara que o presidente do Sport tente me processar por este post!

Um comentário:

Maurício Motta... disse...

Qual Zico jogava mais?
hahaha
Comparar os times foi covardia né Guilherme? Pegou pesado