quinta-feira, 29 de abril de 2010

O melancólico fim de uma carreira

A vitória do Flamengo por 1 a 0 sobre o Corinthians ontem no Maracanã evidenciou não apenas o triunfo de Adriano, o Imperador, sobre Ronaldo, o Fenômeno na primeira batalha entre eles, tão valorizada e explorada pela imprensa. Mas mostrou também uma triste constatação: Ronaldo deve parar com o futebol profissional ontem. Chega a ser cômico ver o ex-craque em campo protagonizando lances dignos de um bola murcha, muito distante do genial atacante que chegou com méritos ao posto de maior artilheiro da história das Copas do Mundo. Talvez a conta pela falta de profissionalismo esteja chegando agora. E como eu sempre disse, ela é muito alta!

O jogo não foi bom. Este tipo de jogo não costuma ser um primor de técnica, por toda a carga dramática que se apresenta em um duelo de gigantes em um mata-mata. Mas a forte chuva que caiu na cidade do Rio de Janeiro a partir das 19h30 de ontem e perdurou por todo o primeiro tempo, prejudicou o gramado do Maracanã e por tabela a qualidade da partida. Com o gramado completamente encharcado o que se viu foi qualquer esporte, menos futebol. Até os 20 minutos da etapa inicial os jogadores não conseguiam fazer qualquer tipo de jogada, sempre parando nas poças que se espalharam por todo o gramado.

Os únicos rasgos de lucidez técnica podiam ser vistos no time do Flamengo. Destaque para os laterais Léo Moura e Juan. O time do Corinthians claramente veio ao Rio para não sofrer gols e se possível tentar marcar um na bacia das almas. Mas em nenhum momento jogou para isso. Ao fim da primeira etapa a torcida estava irritada com o poquíssimo futebol apresentado. Mas desta vez os jogadores não tiveram muita culpa. O gramado estava impraticável. O único lance de destaque foi a expulsão de Michael, que infaltilmente deu um carrinho em Dentinho e foi justamente excluído do confronto.

Ronaldo: vaiado e nulo. Melancólico fim de uma carreira brilhante.

A chuva deu trégua e o gramado, beneficiado pela espetacular drenagem do Maracanã, melhorou muito na segunda etapa e aí sim pudemos ver jogo de futebol. E o tão esperado duelo dos dois grandes times do Brasil poderia, enfim, acontecer. O Corinthians levava algum perigo nos contra-ataques e nas bolas alçadas por Roberto Carlos para a área. Mas engana-se quem pensa que o Fla atuava com menos um. Ronaldo era nulo em campo e o Timão também jogava com dez . O Flamengo por sua vez, jogando em casa e precisando do resultado, buscava sempre o ataque e a torcida, sentindo a entrega dos jogadores, incentivava.

Aos 19 minutos, após uma boa arrancada de Juan, o lateral do time paulista, Moacir cometeu um pênalti bobo e o Fla teria a chance de abrir o placar. O Imperador não desperdiçou desta vez e colocou o Fla em vantagem. Como de praxe não comemorou e seguiu para o centro do gramado. Não importa, os 72 mil torcedores que estavam no Maraca comemoraram, e muito! O placar fazia justiça a uma equipe que sempre buscava o ataque. Pouco tempo depois, Adriano teve a chance de fazer o segundo. Aos 32 Williams cruzou na medida para o Imperador dar uma cabeçada certeira na direção do gol de Júlio César. Mas o contestado goleiro do Timão fez uma defesa espetacular e evitou o gol que poderia selar a eliminação corinthiana.

Agora o Fla tem a vantagem para o jogo de volta e o Timão não conseguiu marcar no Maracanã. Como o regulamento da Libertadores prevê que um dos critérios de desempate é gol na casa do adversário, eu colocaria o Fla com um ligeiro favoritismo para conseguir a classificação às quartas-de-final. Afinal, se marcar uma vez no Pacaembu obriga o Corinthians a fazer três. E com Ronaldo nulo e acabado para o futebol o Corinthians novamente entrará com dez no jogo de volta.

Adriano abraçado pelos companheiros. O Fla largou na frente.

Não sei se foi por se sentir pressionado ao enfrentar o clube do coração e a vaia que levou (a maior da história do Maracanã), ou se foi pela falta de ritmo por não vir jogando os últimos jogos, ou se a questão física realmente está pesando, mas Ronaldo teve uma noite digna de um atacante brucutu, em nada lembrando o fenomenal avançado que víamos atuar na Europa. O maior artilheiro da história das Copas, além de tudo que já ganhou na vida e na carreira, tem agora uma mancha para contabilizar na sua trajetória: foi o jogador mais hostilizado da história do maior templo do futebol mundial. Isso ele não terá como superar. Nunca mais!

Um comentário:

Maurício Motta... disse...

O Ronaldo deveria encerrar a carreira para não manchar a bonita história que ele tem. Está muito mal. Ele é menos um jogador e corre o risco de ser barrado pelo inoperante Souza.
O Flamengo se livrou de boa quando o Ronaldo preferiu escolher o Corinthians.